1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: A trama deste filme – extremamente bem feito em todos os aspectos técnicos – é absolutamente nebulosa e, no meu entender, cheia de furos.
Mary foi mais categórica do que eu, assim que acabou o filme: uma gigantesca merda, definiu ela. E insistiu: bullshit.
O filme demora bastante para dizer a que veio – e quando enfim diz, cai num lodaçal extremamente confuso, intrincado, sem sentido. Começa mostrando Jonathan (Ewan McGregor), um contador, trabalhando até tarde da noite na auditoria das contas de uma grande empresa de advocacia, em Manhattan. Lá pelas dez e tanto da noite, surge na sala em que Jonathan está trabalhando um sujeito (Hugh Jackman) que se diz chamar Wyatt Bose, um dos advogados da empresa. Puxa conversa com o contador, apresenta a ele um baseado, fumam juntos, Jonathan, sujeito tímido, caretinha, se solta, conta de sua vida monótona. Fica visivelmente seduzido por aquele homem charmoso, com aparência de muito rico, em tudo o oposto dele mesmo.
Voltam a se encontrar nos dias seguintes. Jogam tênis (Jonathan perde feio), vão a um night club cheio de belas mulheres, comem sanduíche juntos no Central Park. Nesse dia do sanduíche, na hora de sair, um pega o celular do outro, aparentemente sem perceber o engano.
No dia seguinte, Wyatt viajaria para Londres, a trabalho. E Jonathan começa a receber ligações endereçadas a Wyatt, em que mulheres perguntam se ele estaria livre à noite – o complemento do título brasileiro do filme. Logo ele perceberá que, com o celular do outro cara, ganhou o direito a entrar na Lista, um grupo de sexo em que mulheres – todas lindas e ricas – se oferecem a homens endinheirados, com o compromisso de que um não ficará sabendo nada da vida do outro, sequer os nomes.
(Deception, do título original, é uma daquelas palavras traiçoeiras, tipo pretend. Não significa decepção, e sim logro, engano, fraude, trapaça.)
De repente, como num passe de mágica, Jonathan deixa sua vidinha sem nenhum charme e passa a transar a cada dia com uma mulher diferente. Uma delas é interpretada pela excelente Charlotte Rampling, que aparece quase como numa participação especial.
Um belo dia, quem liga marcando encontro é uma bela, loura jovem (Michelle Williams) que algum tempo antes ele havia visto no metrô. Apaixona-se perdidamente por ela, embora sequer saiba seu nome. Saem uma vez, saem de novo; estão nas preliminares num hotel de Chinatown quando ela diz que vai pegar gelo na maquininha do corredor; ele se oferece para pegar; quando volta, a garota não está no quarto, e ele leva uma porrada na cabeça de alguém que não chega a ver.
Estamos com uns 20, 25 minutos de filme. Aí é que a trama se mostra – e é uma trama complexa, enrolada, cheia de furos como um queijo caro. Wyatt não se chama Wyatt, não trabalha coisa alguma naquele tal escritório de advogacia; é um bandido esperto, inteligentíssimo, que armou uma teia para que o contador Jonathan dê um milionário golpe numa empresa em que fará sua auditoria seguinte.
É preciso anotar o seguinte: essa garotinha Michelle Williams, que a gente já havia visto em O Mundo de Leland/The United States of Leland, de 2003, Heróis Imaginários/Imaginary Heroes, de 2004, no ótimo Medo e Obsessão/Land of Plenty, também de 2004, de Wim Wnders, e ainda em O Segredo de Brokeback Mountain, de 2005, é de fato bem bonita, gostosa e tem talento. Depois de bons filmes independentes, é um daqueles nomes em ascensão no cinemão americano.
E, para citar apenas um dos furos absurdos da história, pergunto o seguinte: alguém seria capaz de abandonar, deixar de lado, duas pastas com US$ 20 milhões de dólares dentro?
Foi o primeiro filme dirigido por esse Marcel Langenegger; pela competência técnica – a fotografia, por exemplo, é excelente – e pela insistência em super-big-close-ups, parece que ele veio do cinema publicitário.
Segundo a Vejinha, este filme também foi lançado com os títulos de The Tourist e The List.
A Lista – Você Está Livre Hoje?/Deception
De Marcel Langenegger, EUA, 2008
Com Ewan McGregor, Hugh Jackman, Michelle Williams, Charlotte Rampling
Argumento e roteiro de Marc Bomback
No DVD. Produção Seed Productions. Estreou em SP 5/12/2008
Cor, 107 min.
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Título em Portugal: No Limite da Ilusão
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