2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Mais um road movie feminino e feminista, como Thelma e Louise, de Ridley Scott, Somente Elas/Boys on the Side, de Herbert Ross, e ainda Mary & Darly/Leaving Normal, de Edward Zwick. É uma boa tradição americana, esta, de road movies, e, sendo feminista, melhor ainda.
Ele trata de uma outra tradição americana: o apego às cinzas dos mortos. Eta povo pra gostar de uma urna com cinzas dos mortos, siô. Mary foi testemunha de uma história que demonstra essa tradição: ela, o irmão Márcio e a namorada americana dele, Nicole, atravessaram os Estados Unidos, de Nova York à Califórnia, levando uma urna com as cinzas da avó de Nicole.
Neste filme também se viaja através de vários Estados levando uma urna com cinzas.
A ação começa com uma mulher chegando de volta a sua casa, numa cidade de Idaho, após uma longa viagem; o motorista do táxi leva para dentro da casa diversas malas, enquanto a mulher, carregando uma caixa, olha, tristíssima, desalentada, devastada, para a sala, os pequenos enfeites e fotos reunidos ao longo de uma vida. Veremos rapidamente que a mulher, Arvilla (interpretada por Jessica Lange, essa boa atriz), perdeu o marido, Joe, um antropólogo, durante a viagem, do outro lado do mundo, em Bornéu; a caixa que ela segura em toda essa primeira seqüência do filme contém a urna com as cinzas de Joe.
Joe desejava ser cremado e ter suas cinzas espalhadas, e Arvilla quer satisfazer a vontade do marido. Mas a filha dele de um primeiro casamento, Francine (Christine Baranski), hoje casada com um homem rico, de gostos convencionais, tradicionais, pensa de outro modo; quer um funeral rico, cheio de gente, e que as cinzas do pai sejam enterradas ao lado do túmulo da mãe, em Santa Barbara, na Califórnia. Ameaça até vender a casa em que Joe e Arvilla moraram nos últimos muitos anos, caso Arvilla não faça a sua vontade.
E então Arvilla concorda; promete entregar a urna com as cinzas no dia marcado para a cerimônia. Quando resolve ir de Idaho até a Califórnia no seu Bonneville, um belo carro conversível de 1966, sua amiga Margene, alegre, cheia de vida (interpretada por outra ótima atriz, Kathy Bates), resolve ir junto, e levando também a outra grande amiga delas, Carol (a terceira grande atriz do filme, Joan Allen), uma mulher que é seu oposto – tímida, cheia de medos e normas rígidas.
Vai ser, é claro, uma viagem rica em pequenos acontecimentos interessantes, em aprofundamento ainda maior da velha amizade entre as três mulheres, em consolo e auto-conhecimento para Arvilla.
É um filme suave, gostoso, com belos momentos tristes, outros engraçados. As três atrizes, todas na faixa dos 50 anos de idade, experientes, maduras, competentes, talentosas, dão um show.
A Força da Amizade/Bonneville
De Christopher N. Rowley, EUA, 2006.
Com Jessica Lange, Kathy Bates, Joan Allen, Tom Skerritt. Christine Baranski
Argumento e roteiro Daniel D. Davis
Produção SenArt Films. Estreou em São Paulo 27/6/2008
Cor, 93 min.
**1/2
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