2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2008: Este é um thriller feito com muita competência. É a história de um atentado ao presidente americano da vez (um personagem fictício, claro) visto por diversas perspectivas diferentes, por cinco pessoas que presenciaram o fato.
A trama se passa num futuro bem próximo. Como o filme é de 2008, pode-se imaginar que a ação ocorre em 2009, ou 2010; o presidente americano (William Hurt) conseguiu um acordo internacional contra o terrorismo, que será assinado em solenidade em Salamanca, a histórica cidade espanhola. No momento em que ele chega à belíssima Plaza Mayor para discursar, antes da assinatura formal do acordo, é alvejado e levado numa ambulância para o hospital.
O momento exato do atentado será mostrado diversas vezes, segundo o ponto de vista de cada um de cinco personagens. Entre eles está uma editora de uma estação de TV americana, num estúdio móvel, montado em um grande veículo estacionado na praça (Sigourney Weaver, sempre maravilhosa); um agente do serviço secreto que no passado levou um tiro ao proteger o presidente de um outro atentado e agora está voltando à ativa (Dennis Quaid), um turista americano que estava filmando tudo na praça (Forest Whitaker).
Após a primeira das várias versões do momento do tiro no presidente, o diretor Pete Travis faz um rapidíssimo rewind – como se estivéssemos voltando um filme a uma altíssima velocidade – e em seguida relata a segunda versão. Ao final dela repete-se o efeito do rewind, e começa a terceira, e assim sucessivamente.
Haverá várias surpresas, reviravoltas.
Isso tudo é feito, repito, com grande competência; o roteiro é muito bom, bem costurado, e o domínio da narrativa do diretor é impressionante – embora este tenha sido seu primeiro longa-metragem para o cinema. Antes, havia dirigido apenas produções para a TV, o que é de fato extraordinário.
Mais para o final, como em quase todo filme de ação do cinemão americano, vem a tendência do exagero, corridas demais, perseguições de carros, aquelas coisas típicas e chatas. Mas é um bom thriller, apesar disso.
(Apesar disso, e apesar também das inconsistências que a Jussara apontou muito bem em seu comentário aí abaixo.)
Os produtores queriam fazer o filme em Salamanca mesmo, informa o iMDB, mas as autoridades consideraram inviável fechar a Plaza Mayor durante três meses. Assim, as filmagens foram realizadas nas cidades mexicanas de Cuernavaca e Puebla; apenas as cenas filmadas de helicóptero foram em Salamanca. A direção de arte construiu no México uma réplica da praça, um pouco menor que a original.
Ponto de Vista/Vantage Point
De Pete Travis, EUA, 2008
Com Dennis Quaid, Matthew Fox, Forest Whitaker, William Hurt, Sigourney Weaver, Ayelete Zurer
Roteiro Barry Levy
Produção Columbia e Original Film. Estreou em São Paulo 14/3/2008
Cor, 90 min
**1/2
Título em Portugal: Ponto de Mira
Eu achei que ele começou bem e assim foi quase até começar a desvendar a trama. Só que aí já ficou meio fantasioso, com um cara que coloca o Rambo no chinelo no quesito sair-matando-alucinadamente-sem-se-ferir, rsrs. Tb achei que os atores não estavam bem. O Dennis Quaid , que era o melhorzinho, ainda assim estava cheio de caras e bocas. Os demais achei bem sofríveis, com exceção do Whitaker e da S. Weaver. Hahaha, achei surreal, depois daquela explosão na praça, a filmadora do personagem do Whitaker ter saído ilesa. E quem em sã consciência sai correndo desesperadamente, estando fora de forma ainda por cima, depois de um episódio daqueles, gravando tudo, só pra “ajudar a polícia”? Sem falar que a perseguição final com os carros tava mais pra “Duro de Matar” do que qualquer outra coisa. Apelaram demais. Pra mim, ele perdeu a mão. Foi bem até pouco mais da metade. No começo a gente fica tenso, a trama se desenvolve bem, mas depois é pura diversão, rs.
Quer saber, Jussara? Acho que você tem toda razão quando fala dessas inconsistências do roteiro. Vou até acrescentar isso no meu texto – com o devido crédito a você, claro.
Ih, nem precisa dar crédito, não.
Eu voltei pra falar que a filmadora do Whitaker saiu intacta, e não ilesa, hehe. Quem saiu ileso foi ele , e pronto pra correr uma meia-maratona, rs. Mas pensando bem, o papel dele foi bem pequeno e meio bobo.
Gostei bastante do filme e tornar a vê-lo, logo que possa. Acho que está muito bem até certa altura e depois vai-se perdendo o que é pena.
Lá está mania dos exageros, pecado mortal do cinema americano actual.
Voltei a ver e confirmo que é uma pena o filme perder qualidade ao aproximar-se do fim. Salvo esse erro é um bom thriller e que se vê com agrado. Acho curioso o uso da palavra “bobo” pelos Brasileiros, como é o caso da Jussara no seu comentário. Eu não vi nada de “bobo” na personagem. Outra curiosidade linguística: o longa-metragem? o longa ou a longa? Parece que no Brasil também tratam mal a língua de Camões, não somos só nós…
José Luís, caríssimo amigo,
Que nós, brasileiros, tratamos mal a língua de Camões, essa é uma absoluta verdade. Mas no caso específico da expressão longa-metragem, conferi aqui em dois bons dicionários. É substantivo masculino. Deve ser, certamente, por se referir a filme – o filme de longa-metragem. O mesmo acontece com curta-metragem, também masculino.
Um abraço.
Sérgio
Hehehe, José Luís, eu vi que o Sérgio já te explicou esses dias, em outro comentário, sobre o significado da palavra bobo para nós. Eu não saberia explicar melhor que ele, então nem vou tentar. Acho que só morando aqui pra entender, acho que damos uma acepção diferente à palavra, não sei.
Viva Caríssimo Sérgio,
Escrevi esta observação escusadamente porque não tratei de saber de antemão o que sei agora; bastou-me ir ao dicionário on-line mais usado – Dicionário Priberam da Língua Portuguesa – e ver o que diz sobre o assunto e é muito simples: em Portugal a palavra longa/média/curta-metragem é do género feminino e no Brasil é do género masculino.
A razão não sei, mistérios da evolução da nossa língua, creio eu.
Pode verificar aqui:
http://www.priberam.pt/DLPO/longa-metragem
Um grande abraço,
José Luís
Os comentários são inteligentes e ótimos. Só não entendi porque o ator Édgar Ramirez resolveu se candidatar a prefeitura de São Paulo, Brasil. Alguém sabe a razão?