2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um filme muito, muito estranho, muito doido. É uma comédia extremamente amarga e amalucada sobre o que acontece depois da morte por overdose do músico Gram Parsons.
Quando vi o filme, não tinha a mínima idéia se a história doida que ele conta era inteiramente fantasiosa ou com base em algo verdadeiro. Vi depois que, sim, o filme se baseia em fatos reais. Algumas histórias reais parecem mais malucas do que qualquer ficção.
Gram Parsons (1946-1973) não é uma figura muito conhecida, especialmente no Brasil; acho que só realmente os fãs de música o conhecem. Mas é um músico cult, respeitado e até venerado por uma tribo específica de fãs. Foi um dos pioneiros na fusão do folk e do country com o rock.
Teve uma vida curta, agitadíssima e dramática; o pai se matou quando ele tinha 12 anos; a mãe morreu de complicações causadas pelo alcoolismo. Em 1966, aos 20 anos – na época em que Bob Dylan tinha trocado o folk pelo rock -, criou um conjunto chamado International Submarine Band, que fazia um rock com influências do country. Depois foi tecladista e vocalista dos Byrds entre dezembro de 1967 e outubro de 1968; não foi um dos fundadores do conjunto importantíssimo, que havia surgido em janeiro de 1965, mas teria sido um dos responsáveis por levar o grupo – que até então fazia o recém criado folk-rock – para uma sonoridade country, no disco Sweetheart of the Rodeo, de 1968.
Inquieto, abandonou os Byrds em 1968 para criar o Flying Burrito Brothers com o também ex-Byrds Chris Hillman. Nessa época, 1968, 1969, estava completamente mergulhado nas drogas e no álcool. Em 1972, lançou seu primeiro disco solo, G.P., que vendeu pouco e teve ótimas críticas. Chegou a terminar um segundo disco solo, Grievous Angel, em 1973; foi quando ele tirou férias e foi para o Joshua Tree National Monument, na Califórnia, onde encheu a cara de bebida e drogas – até morrer de overdose.
É aqui que começa o filme Parceiros até o fim/Grand Theft Parsons. Os planos eram de levar o corpo para Nova Orleans e enterrá-lo lá. Aí entra em cena Phil Kaufman (interpretado no filme por Johnny Knoxville), que era road manager e amigo íntimo de Parsons. Kaufman estava absolutamente determinado a cumprir à risca o desejo expresso de Parsons, de ter seu corpo queimado no deserto. Então ele consegue roubar o caixão e levá-lo para o meio do Joshua Tree.
Para conseguir isso – roubar o caixão, que estava num aeroporto, pronto para ser enviado para Nova Orleans, e escapar da polícia, da família e da ex-mulher de Parsons, que queriam um funeral tradicional -, Kaufman protagoniza as mais alucinadas, loucas aventuras, que parecem ter sido boladas por um time de roteiristas com muito ácido na cabeça.
Mas o diretor David Caffrey não se deixa cair na esparrela de fazer apenas uma comédia de humor negro. Ele transmite um tom triste, amargo, melancólico.
O Phil Kaufman de verdade, o road manager e amigo de Gram Parsons, faz uma pontinha no filme.
Parceiros até o fim/Grand Theft Parsons
De David Caffrey, EUA-Inglaterra, 2003.
Com Johnny Knoxville, Christina Applegate, Gabriel Macht
Roteiro Jeremy Drysdale
Música Richard D. Mitchell
Cor, 88 min
**1/2
Amei esse filme.
Gostaria d adqueri-lo.