2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: A versão musical dessa história que não pára de produzir filhotes mistura momentos brilhantes com momentos absolutamente sem graça, desajeitados.
A abertura, por exemplo, é uma maravilha: os espectadores saem do teatro cantando o fracasso que foi a estréia da última peça do produtor Max Bialystock (interpretado por Nathan Lane). Já o primeiro encontro de Nathan Lane com o contador Leo Bloom (o personagem de Matthew Broderick) é ofensivamente ruim, longo demais, sem jeito, bobo.
No geral, o balanço positivo. É uma gostosa comédia musical – que ainda por cima tem a maravilha da Uma Thurman para alegrar os olhos.
A historinha: na Nova York de 1959, o famoso produtor Max Bialystock, que já teve grandes sucessos, estréia sua mais nova peça na Broadway – e é um fracasso total, amplo, geral, irrestrito. Dias depois, ele é procurado em seu escritório por Leo Bloom, um contador doido de pedra, que diz ter descoberto um esquema perfeito para se ganhar dinheiro com uma peça que fracassa: basta levantar mais dinheiro do que o necessário para montar a peça, fazer tudo para que o espetáculo seja estrondosamente ruim, e pegar a diferença, o dinheiro não gasto.
Os dois vão então em busca do espetáculo perfeito para dar errado: encontram um maluco nazista que escreveu um musical chamado Primavera para Hitler, chamam um diretor veadérrimo e contratam uma loura sueca chamada Ulla e mais um sobrenome absolutamente impronunciável (é o personagem de Uma Thurman). E aí…
Mel Brooks, esse especialista em comédias malucas dos anos 60, 70 e 80, dirigiu a primeira versão de The Producers, no Brasil Primavera para Hitler, em 1967. O grande ator Zero Mostel, um dos da lista negra do macarthismo nos anos 50, fazia o produtor Max Bialystock e Gene Wilder – que trabalharia várias vezes com Brooks – interpretava o contador Leo Bloom. A história toda já estava naquele filme de 1968 – só não tinha música e números musicais.
Na verdade, aquele The Producers de 1967 já se inspirava em outro filme, o Ser ou Não Ser/To Be or Not to Be, de Ernst Lubitsch, feito em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, portanto. Naquele filme do mestre alemão da comédia inteligente, refinada, também havia uma trupe teatral e uma interpretação caricata de Adolf Hitler. O próprio Brooks refaria o filme de Lubitsch, com o mesmo título, To Be or Not to Be, que no Brasil virou Sou ou Não Sou.
O filme de 1967 foi um grande sucesso, o que levou Brooks a transformar seu filme anterior em um musical da Broadway, em 2001. O que ele fez foi pegar a mesma história e acrescentar números musicais. Foi um novo sucesso. E, em 2006, a peça musical do teatro virou este filme aqui, do qual Brooks é um dos produtores.
Isso é que o aproveitamento total e absoluto de uma única idéia.
Foi a estréia dessa Susan Stroman como diretora de cinema (antes, havia dirigido um filme para a TV). Mas ela não é novata; ao contrário – tem uma carreira premiada no teatro, inclusive o lírico, como diretora e coreógrafa.
Os Produtores/The Producers
De Susan Stroman, EUA, 2006
Com Nathan Lane, Matthew Broderick, Uma Thurman, Will Ferrell, Gary Beach
Roteiro Mel Brooks e Thomas Meehan
Baseado no roteiro de Mel Brooks de 1968 e no libreto da peça musical de Thomas Meehan e Mel Brooks de 2001
Música Glen Kelly
Cor, 134 min
Produção Universal
**1/2
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