3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um filme sensível, muito bem feito – e, pelo que eu sei, um dos menos badalados de Steven Soderbergh. Não é sempre que o cinema americano aborda o preconceito social, o classismo, com tanta franqueza.
É um relato sobre a vida duríssima de uma família durante a Grande Depressão, na cidade de St. Louis, vista pelos olhos do filho mais velho, um garoto de uns 12, 13 anos, que depois viria a ser um escritor. O filme, de fato, se baseia no livro de memórias do escritor A.E.Hotchner, lançado em 1972; esse sujeiro escreveu uma biografia de Ernest Hemingway e uma de Doris Day.
É um desses filmes que conseguem envolver o espectador na trama. Me peguei sofrendo junto com o garoto.
Soderbergh já mostrava muito talento, logo depois do sucesso de sexo, mentiras e videotape, de 1989, e do fracasso de Kafka, de 1991. Karen Allen faz a professora do garoto, impressionada com a imaginação e o talento dele (ou, segundo a visão dos meninos ricos, dando importância a ele só pelo fato de ele ser pobre). A maravilhosa Elizabeth McGovern, de Era Uma Vez na América, tem um pequeno papel como uma prostituta.
Vejo agora que Leonard Maltin gostou muito do filme, e notou aquilo que eu já havia anotado, a coisa de o filme envolver o espectador: “Um garoto de 12 anos de St. Louis, cuja mãe está doente e o pai fica ausente, é forçado a se defender sozinho nas profundezas da Grande Depressão, usando sua esperteza para sobreviver enfrentando extraordinárias dificuldades. Uma das mais vívidas descrições da Depressão jamais apresentadas pelo cinema; cheio de detalhes ricos, muitas vezes angustiantes, que nos leva a experimentar tudo pelo que está passando o jovem Aaron. (…) Excepcional em tudo.”
Roger Ebert deu quatro estrelas, a maior cotação: “Esse material poderia dar origem a diferentes tipos de filmes. King of the Hill poderia ter sido um filme para a família, ou um docudrama emocionante para a TV, ou uma comédia. Soderbergh deve ter ido mais fundo na memória de Hotchner, no entanto, porque seu filme não é simplesmente sobre o que acontece ao garoto. É sobre como o garoto aprende e cresce através de suas experiências. É sobre o crescimento, não apenas sobre ter aventuras interessantes. E, apesar da ausência da família de Aaron na maior parte do filme, é sobre a ajuda que uma família pode dar – até mesmo, se se acredita nela, quando ela não está lá”.
O Inventor de Ilusões/King of the Hill
De Steven Soderbergh, EUA, 1993.
Com Jesse Bradford, Lisa Eichhorn, Karen Allen, Elizabeth McGovern
Roteiro Steven Soderbergh
Baseado em livro de A.E. Hotchner
Cor, 109 min.
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