2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um competente filme de suspense e terror psicológico, com um papel que parece criado sob medida para Bette Davis.
Nos anos 60, sua quarta década em atividade (ela estreou no cinema em 1931), Bette Davis estrelou vários filmes de suspense-terror. Em 1962, fez O Que Terá Acontecido a Baby Jane?What Ever Happened to Baby Jane?, ao lado de outra grande estrela dos anos de ouro de Hollywood, Joan Crawford; em 1965, fez Com a Maldade na Alma/Hush… Hush, Sweet Charlotte, ao lado de outra veterana, Olivia de Havilland, os dois dirigidos por Robert Aldrich, diretor que sabia fazer westerns, policiais e filmes de suspense. Em seguida, fez dois filmes na Inglaterra – este aqui, também de 1965, e O Aniversário/The Anniversary, de 1968, uma comédia de humor negro sem graça alguma.
Neste Nas Garras do Ódio, ela faz o papel da babá do título original. Quando o filme começa, o garoto Joey, de dez anos de idade (William Dix), está voltando para a casa dos pais ricos e ausentes e para os cuidados da babá, depois de passar dois anos em uma instituição para pessoas com doenças mentais. Joey tinha ido parar nesse lugar sob a suspeita de ter afogado sua irmã mais nova na banheira, enquanto ela tomava banho. Lá, infernizava a vida dos funcionários com brincadeiras de humor negro. De volta à sua casa, vai insistir na sua antiga tese: foi a babá que matou sua irmã, e a babá agora quer matá-lo. Mas ninguém o leva a sério.
O garotinho William Dix é extraordinário; a garota Pamela Franklin, que faz a vizinha um pouco mais velha e amiguinha de Joey, também ótima, havia trabalhado, quatro anos antes, em outro filme sobre crueldade infantil, o grande Os Inocentes.
Pauline Kael destila seu saboroso veneno contra este filme aqui. “As personagens são divertidamente “modernas”; as crianças estão “na sua”, o pai é insuportável, a mãe fraca, a tia egoísta. Até aí, tudo bem. A exceção é Bette Davis, tentando ter uma atuação contida como a babá (…) Contenção é o que Davis não tem muito. Antenas açoitando, loucas, ela nos avisa que está se contendo. Tudo o que faz destoa dos outros atores; as sombrancelhas grossas parecem falsas, e ela trata os cabelos como uma peruca, ajeitando-os. Mas temos de dar a mão à palmatória: ela é uma estrela. Quando não consegue dominar com uma atuação boa, domina com uma má.”
Nas Garras do Ódio/The Nanny
De Seth Holt, Inglaterra, 1965.
Com Bette Davis, Wendy Craig, Jill Bennett, William Dix, Pamela Franklin
Roteiro Jimmy Sangster
Baseado em livro de Marryam Modell
Produção Hammer e Associated British
P&B, 91 min
O que eu mais gostei foi o comentário de Pauline Kael, sobre Bette Davis, tentando ter uma atuação contida como a babá (…) Contenção é o que Davis não tem muito (risos, não aguentei). Antenas açoitando, loucas, ela nos avisa que está se contendo. Tudo o que faz destoa dos outros atores; as sobrancelhas grossas parecem falsas, e ela trata os cabelos como uma peruca, ajeitando-os. Mas temos de dar a mão à palmatória: ela é uma estrela. Quando não consegue dominar com uma atuação boa, domina com uma má.”
Bette foi o máximo dos máximos. Grande Dama.