2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2006, com complemento em 2008: Diversos diretores do novo cinema argentino se reuniram para fazer este filme, uma homenagem aos mortos no atentado terrorista na sede da AMIA, uma associação judaica no centro de Buenos Aires.
Cada esquete tem um estilo próprio. É um filme impressionante, em diversos sentidos. Foi feito exatos dez anos depois do atentado, e três anos após os atentados contra as Torres Gêmeas de 11 de setembro de 2001 – daí o título original, 18-j, 18 de julho, o 11 de setembro argentino.
Há curta-metragens de ação – pequenas histórias com princípio, meio e fim. Há esquete absolutamente experimental. Há documentário. A variedade de estilos e a competência da imensa maioria são absolutamente marcantes.
Daniel Burman, o diretor dos belos As Leis da Família e O Abraço Partido, é o único dos diretores que eu já conhecia.
Impressiona também a quantidade de diretores. Dez diretores, e tudo, ou a grande maioria, de talento!
E impressiona também a capacidade de organização, de mobilização das comunidades judaicas ao redor do mundo. E tento dizer isto aqui da maneira mais isenta e objetiva possível, sem semitismo nem anti-semitismo. O fato é que é impressionante como as comunidades judaicas são capazes de se mobilizar. É muito, muito impressionante. É o contrário, por exemplo, do que aconteceu ao longo das décadas com as esquerdas; se há uma reunião de dez pessoas de esquerda, há pelo menos nove tendências diferentes. Mais ou menos como os árabes, o mundo muçulmano – lá há sempre várias alas, várias tendências. Para não falar do PSDB, que aí vira piada, e o assunto aqui é sério. Os judeus, não: eles se unem. Passam por cima das diferenças internas, das facções, das tendências, e se unem. Impressionante.
Para lembrar: o ataque terrorista ao prédio da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), às 9h15 da manhã de 18 de julho de 1994, foi o pior da história argentina. Deixou 85 mortos e dezenas e dezenas de feridos. A comunidade judaica na Argentina é uma das maiores da América Latina, com 200 mil pessoas (o mesmo número que se calcula haja no Brasil, que no entanto tem uma população mais de quatro vezes maior). Era a época Carlos Menen, que governou o país entre 1989 e 1999. Todos os suspeitos do atentado (entre eles vários membros da polícia de Buenos Aires) foram inocentados em setembro de 2004. Em agosto de 2005, o juiz federal Juan José Galeano, encarregado do caso, foi removido do cargo sob acusação de sérias irregularidades durante a investigação. Em outubro de 2006, pomotores argentinos acusaram formalmente o governo do Irã de ser o responsável pelo atentado, que teria sido exectuado por membros do Hezbollah.
Memória de Quem Fica/18-j
De Daniel Burman, Adrián Caetano, Lucia Cedrón, Alejandro Doria, Alberto Lecchi, Marcelo Schapces, Carlos Sorin, Juan Bautista Stagnaro, Adrián Suar e Maurício Wainrot, Argentina, 2004
Roteiro de Damián Fraticelli, Victoria Galardi, Santiago Giralt, Roberto Gispert, Juan Bautista Stanaro, Mariano Vera
Com Federico Barga, Nicolas Pablo Attadía, Sandra Seco, Ana Celentano, Adriana Aizemberg
Cor, 100 min.
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