4.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: O canto do cisne do grande Robert Altman (1925-2006) é uma total delícia, desses filmes que dão imenso prazer de ver e seguramente também de rever e rever.
No meio do elenco espetacular, grandioso – Meryl Streep, Woody Harrelson, Lindsay Lohan, Kevin Kline, Virginia Madsen, Lily Tomlim, John C. Reilly, Tommy Lee Jones – é preciso destacar Garrison Keillor, de quem eu nunca havia ouvido falar. Ele é o autor do roteiro e o apresentador do programa de rádio retratado no filme. É, portanto, na verdade, a alma, o espírito do filme. É uma figura engraçadíssima sem fazer qualquer esforço.
O filme é isto: a reprodução da fictícia última apresentação do programa de rádio chamado A Prairie Home Companion. O programa realmente existiu, e continua existindo, transmitido ao vivo uma vez por semana, como informam, dos Estados Unidos, Derci Cezar e Valéria Paiva, em comentários aí abaixo deste texto. No programa, alternam-se apresentações de grupos e cantores, basicamente do universo do country e do folk, humoristas com piadinhas infames e comerciais, alguns lidos, outros cantados. Garrison Keillor é o mestre de cerimônias, o apresentador, o autor dos textos. Uma coisa caipira até a medula, muito antiga, old fashioned, demodé, fascinantemente nostálgico, engraçado, anacrônico, outonal, fim de feira, uma total delícia.
O que Keillor criou de ficção em seu roteiro, e Altman mostra com sua extrema competência, é que o programa iria sair do ar: os novos donos da rádio enviam para o teatro um cortador de cabeças (o papel de Tommy Lee Jones), que vai enfim acabar com aquela coisa do século passado que teimava em resistir à passagem do tempo. Então o que o espectador vê é aquela que seria a última apresentação, mesclada a cenas dos bastidores, no histórico Fitzgerald Theater, em Saint Paul, Minnesota.
Outra visita presente ao teatro naquela noite final é uma mulher misteriosa, interpretada por Virginia Madsen, belíssima como nunca; ela anda pelo teatro, seguida pelo encarregado da segurança, Guy Noir, sujeito um tanto sinistro como seu próprio nome (o papel de Kevin Kline), que demora a entender que a loura é nada mais nada menos que o anjo da morte.
A gigante Meryl Streep, em dias de glória sublime, interpreta uma das irmãs cantoras, ao lado da ótima Lily Tomlim. Woody Harrelson e John C. Reilly são os cowboys cantores. E essa menina Lindsay Lohan, cheia de problemas comportamentais mas com um puta talento, dá um show como uma jovem aspirante a cantora.
Beleza de despedida, mestre Altman.
A Última Noite/A Prairie Home Companion
De Robert Altman, EUA, 2006.
Com Garrison Keillor, Meryl Streep, Woody Harrelson, Lindsay Lohan, Kevin Kline, Virginia Madsen, Lily Tomlim, John C. Reilly, Maya Rudolph, Tommy Lee Jones
Roteiro Garrison Keillor
Produção Greenstreet-River Road-SandCastle 5
Cor, 105 min
Eu só fui conhecer o Garrison Keillor depois que me mudei para Chicago. Sempre que posso ouço o programa dele, aos sábados, no final da tarde. É uma delicia de programa, de rolar de rir, me transporto para o tempo em que não havia TV e me vejo, como nos filmes, sentada e tentando visualizar as coisas que ouço.
Quando veio o filme, é claro que corri pra ver. Não tinha ideia de como o Garrison Keillor era fisicamente. Adorei o filme!
Não tenho o privilégio de ouvir Garrison Keillor, mas adoro quando você comenta filmes no site.
oi Sergio,
nao vi o filme ainda, mas o programa de radio
Prairie home companion nao acabou nao. continua passando toda semana, eu acho.
beijo
valeria
Agradeço imensamente à Valéria e à Derci pelas explicações e pela correção. De fato, meu texto dava a entender que o programa de rádio acabou. Mexi no texto, para deixar claro que o fim do programa foi uma ficção criada pelo roteirista. Espero que tenha ficado melhor.
Eu adorei ofilme, ele é comose fosse um filme de Woody Alen só quea atriz principal é a adeusa Meryl Streep. O filme parece nos levar para um tempo em que o rádio era a ferramente principal de diversão dos povos.
E a Merryl Streep como sempre está ESPETACULAR
Garrison Keillor teve vários de seus contos de rádio reunido em um livro de inglês, da Longman.
O nome do livro era Stries of Lake Obegon. Simplesmente divino!
O filme é lindíssimo. Como voce disse, uma delicia total.
O elenco é super estelar.
O rádio, esse meio de comunicaçao de massa mais popular que existe, fecho os olhos e viajo.
“Jerônimo,o herói do sertão-moleque saci.”
“O Anjo”, “Radar, o homem do espaço”.
“Histórias do titio Janjão”. Os programas de auditório – Cesar Ladeira – Cesar de Alencar.
“Balança mas não Cai”- “A PRK-30”.
Meu Deus , quanta nostalgia.
E o rádio atual, que não acompanho tanto.
O rádio não perde a sua magestade na comunicação.
Meryl Streep, quando que esta mulher/atriz não vai estar maravilhosa,divina,fenomenal ?
Um abraço !!