A Sombra do Vampiro / Shadow of the Vampire


2.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Interessante exercício de estilo e de metalinguagem. O filme pretende reconstituir, fielmente, as filmagens de Nosferatu, de F.W. Murnau (1888-1931), na Alemanha dos anos 20.

Fielmente, mas com uma licença poética: segundo o filme, Friedrich Wilhem Murnau (John Malkovich) contratou um vampiro de verdade (Willem Dafoe, numa brilhante maquiagem) para interpretar o vampiro Orlock, o Conde Drácula.

 A licença poética não é à toa. Criou-se esta lenda em torno daquele filme em tudo por tudo legendário, Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, de 1922, a de que o ator Max Schreck era de fato um vampiro descoberto por Murnau, à época já considerado um gênio do cinema mundial. Max Schreck, no entanto, contrariou a lenda, e, em vez de permanecer por esta Terra de deus e do diabo durante séculos e séculos, penando sua tristeza infinita, morreu e foi enterrado em 1936, aos parcos 57 anos de idade.

Este filme homenagem ao grande clássico do expressionismo alemão foi indicado para dois Oscars – ator coadjuvante para Willem Dafoe e maquiagem, exatamente o ponto que me impressionou muito.

Porque, apesar de todos os trejeitos e maneirismos aos quais John Malkovich se dá o direito no papel de Murnau, mostrado como um gênio tirânico e obsessivo, quem rouba o filme é Willem Defoe no papel de Max Schreck, o ator que faz um vampiro tão impressionante, mas tão impressionante, que foi tomado como um vampiro de verdade.

A maquilagem que Murnau fez sua equipe criar para o seu vampiro não virou histórica à toa. É de fato fantástica, extraordinária. Georges Sadoul a descreve assim, em seu Dicionário de Filmes: “Com maquilagem excessiva, garras, crânio calvo, longas orelhas pontudas, andar descompassado, esguia silhueta negra, Nosferatu beira o ridículo e organiza em torno de seu personagem uma autêntica sinfonia de horror“. 

E este filme aqui, feito quase 80 anos depois, reproduz com exatidão a criatura colocada nas telas por Murnau no período entre as duas guerras mundiais. Seu filme fez estrondoso sucesso na Alemanha e também na França, “onde entusiasmou os surrealistas”, segundo Sadoul. 

O filme de Murnau é tão importante na história do cinema que, antes desta homenagem aqui, já havia inspirado outro filme, o Nosferatu, o Vampiro da Noite/Nosferatu: Phantom der Nacht, de Werner Herzog, de 1979, com Klaus Kinski brilhante no papel do vampiro apaixonado por uma Isabelle Adjani mais deslumbrantemente bela e diáfana que nunca. 

A Sombra do Vampiro/Shadow of the Vampire

De E. Elias Merhige, Inglaterra-EUA-Luxemburgo, 2000.

Com John Malkovich, Willem Dafoe, Udo Kier, Cary Elwes, Catherine McCormack

Roteiro Steven Katz

Música Dan Jones

Produção BBC Films

Cor, 92 min.

7 Comentários para “A Sombra do Vampiro / Shadow of the Vampire”

  1. É extraordinário o trabalho de Willem Dafoe na figura do actor que faz o vampiro. No original (que está em disponível sem direitos de autor) é mesmo a encarnação mais repelente da figura.
    Vale bem a pena ver.

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