1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Mais um dos 198 filmes de Claude Chabrol. Eta saco. Vamos lá ver, fazer o quê, né?
Em uma pequena cidade francesa, Phillippe (Benoît Magimel), o mais velho dos três filhos de uma cabeleireira (Aurore Clément) há muito abandonada pelo marido, vira o objeto de uma paixão obsessiva de uma jovem (Laura Smet, na foto abaixo) que é dama de honra no casamento da irmã dele.
A moça – o espectador percebe muito antes que Phillippe, uma anta – é doida de pedra, e se propõe a matar alguém, uma pessoa qualquer, a ser escolhida aleatoriamente, para provar o quanto ama o rapaz.
Tudo muito bem feito – daquele tipo que a gente no fim pergunta, sim, mas e daí? Por que fizeram este filme?
Bem-Me-Quer, Mal-Me-Quer, com a Audrey Tautou, da mesma época, e também sobre uma jovem doida de pedra que tem uma paixão obsessiva, é muito melhor.
A verdade é que eu não consigo engolir os filmes de Chabrol. Não me recuso a vê-los, mas sempre que me sento diante de um, sem perceber vou ficando propenso a não gostar. Tudo bem: tudo que ele faz é competente, correto. Mas alguma coisa me irrita nos filmes dele. Talvez a má vontade dele para com toda a humanidade, para com tudo na vida; seus personagens são sempre abjetos, ruins, imprestáveis; tudo é pequeno, ínfimo, feio, negativo, tudo é uma grande merda. OK, boa parte da humanidade é assim mesmo, e, como diz o poema do Lorca cantado pelo Patxi Andion, la vida no es buena, ni bela, ni nada, tudo bem, tudo certo. Mas então por que precisamos desse diretor chato de galocha pra ficar repetindo isso sempre na nossa cara?
A Dama de Honra/La Demoiselle d’Honneur
De Claude Chabrol, França-Alemanha-Itália, 2004.
Com Benoît Magimel, Laura Smet, Aurore Clément
Roteiro Pierre Leccia
Baseado no livro de Ruth Rendell
Música Matthieu Chabrol
Cor, 111 min.
A mente de Claude Chabrol merecia uma análise especial da Sociedade Psicanalítica de Viena. Como você escreveu, Sérgio, “tudo que ele faz é competente, correto”. Mas as histórias são um pé no saco em alguns dos valores que estimamos – família, amigos, empatia com a humanidade. Uma hipótese para justificar sua ira contra a família burguesa na França em particular e o ser humano em geral, seria o colaboracionismo dos franceses aos invasores nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele realizou um documentário em 1993, “L’oeil de Vichy” mostrando como os franceses – de todas as classes e idades – colaboraram com o nazismo. Tinha abordado o tema também em 1966, com o filme “La ligne de démarcation”., com a bela Jean Seberg e Maurice Ronet. Não sei, é apenas uma hipótese. Outra questão é por que vemos os filmes de Chabrol até o fim? No meu caso, pela fotografia, paisagens, cenários e atrizes que ele escala. A mulher francesa, em qualquer circunstância, é muito charmosa e atraente. Nos filmes dele, apesar dos problemas que carregam, elas possuem esses atributos e sempre vou até o fim. Quem sabe? Talvez eu seja apenas mais um caso para aquela sociedade em Viena.
Que absoluta delícia de comentário, Elói!
Um grande abraço.
Sérgio