Sandino


3.0 out of 5.0 stars

Anotação em 1997: Uma bela surpresa. É uma biografia romanceada de Augusto César Sandino, o líder nicaraguense que inspirou a FSLN, Frente Sandinista de Libertação Nacional, do Daniel Ortega, que derrubou o ditador Anastácio Somoza nos anos 70 e muitos ou 80 e poucos. O filme é dirigido pelo chileno Littin, que teve cargo oficial no governo Allende e partiu para o exílio logo após o golpe de 1973.

Teve dinheiro europeu na produção; como tem talento, fez um bom filme, cuidadoso, com bela reconstituição de época, bons atores, os americanos falando em inglês, os nicaraguenses falando em espanhol, tudo certinho, comme il faut, e não seguindo aquela absurda mania americana de botar todo mundo falando em inglês, sejam espanhóis, nicaragüenses, russos, filandeses ou japoneses.

A ação começa em 1928, quando um jornalista americano (interpretado pelo velho e bom Kris Kristofferson, ator bissexto, cantor e compositor ligado às coisas mais liberais dos EUA) chega à Nicarágua para tentar entrevistar Sandino. O início do filme é em uma festa na embaixada americana (havia soldados americanos no país, colaborando com o governo), onde o espectador já entende tudo – a elite da Nicarágua aliada aos americanos, borra-botas dos americanos como Anastácio Somoza voando em torno.

Quando o jornalista encontra Sandino, nas florestas, o revolucionário conta sua história, e a ação volta até 1912 e vem vindo adiante. Até 1932, quando assina-se um acordo de paz, o exército de Sandino depõe as armas, os americanos voltam pra casa, mas a Guarda Nacional criada por Somoza está pronta para depor o presidente Juan Sacasa (com a aquiescência deste) e assassinar Sandino e alguns de seus segundos.

Há, como não podia deixar de ser, um tom de veneração pelo herói, um tipo bonito, sedutor, honesto, lutando contra o imperialismo. Ele tem duas mulheres – uma oficial, uma senhora da classe média (nossa querida Victoria Abril), com quem se casa; e uma amante, mulher do povo, possivelmente mestiça, lutadora, guerrilheira (Angela Molina, de uma beleza agressiva, forte; que mulher bonita, sô).

A Granada, TV inglesa independente, é uma das coprodutoras. Veio dinheiro de tantos lugares que os alfarrábios se confundem ao identificar os países que produziram o filme. O francês Cinéguide fala em Espanha-Chile-Itália; o brasileiro Videobook fala em Espanha-EUA; o Guia de Vídeo da Nova Cultural 1995 fala em Espanha-Nicarágua. O IMDB diz Chile-Espanha-Cuba-México-Nicarágua.

De qualquer forma, é uma boa surpresa.

Sandino

De Miguel Littin, Chile-Espanha-Cuba-México-Nicarágua, 1990.

Com Kris Kristofferson, Joaquin de Almeida (como Sandino), Victoria Abril, Angela Molina, Dean Stockwell

Argumento e roteiro Leonardo Benvenuti, John Briley, Giovaqnna Kock, Miguel Littin e Tomás Pérez Turrent

Cor, 135 min.

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