3.5 out of 5.0 stars
Anotação em 1995, com complemento em 2008: Uma beleza espantosa, emocionante. A história, escrita por Balzac, é riquíssima, os personagens são fortes, bem delineados – e os diálogos, de Jean Cosmon, são brilhantes. Com produção requintada, reconstituição de época cuidadosa, Yves Angelo, que vinha de experiência como diretor de fotografia (é dele, por exemplo, a fotografia de Todas as Manhãs do Mundo), criou em seu filme de estréia na direção imagens belíssimas, ao som de músicas de Beethoven, Mozart, Scarlatti, Schubert e Schuman.
O romance de Balzac, que teve uma primeira versão em 1832 e foi publicado com a forma definitiva em 1844, havia sido filmado pela primeira vez nos primórdios do cinema, ainda em 1911, com o título de Un Homme Sans Nom, e teve uma segunda versão feita durante a ocupação nazista, em 1943, dirigida por René Le Hénaff. Esta aqui é a terceira transposição da obra para o cinema.
Eis a sinopse do CD-ROM Le Cinéma Français et francophone: “Um estranho personagem, esfarrapado e nauseabundo, se apresenta pela enésima vez no escritório do advogado Derville e obtém enfim um encontro à 1 hora da manhã. Ele expõe ao advogado sua inacreditável identidade: coronel Chabert, morto heroicamente dez anos antes na batalha de Eylau, na verdade sobrevivente dela e curado de suas feridas em países inimigos. Ele vem agora reclamar de volta a posse de seus títulos, de sua mulher e de sua fortuna. Derville aceita sua causa, embora seja também o advogado da condessa Ferraud, a viúva de Chabert. Doloroso encontro entre os dois clientes: Chabert quer ressuscitar um passado que reduziria a nada as aquisições da condessa: um marido e filhos que ela ama, um estatura social elevada, assentada na sua fortuna material. Derville sugere um acordo que restituiria o dinheiro a Chabert e a garantia de seu silênco diante da ex-esposa. Mas eles não chegam a nenhum ponto de acordo, a condessa quer diminuir o preço a ser pago…”
E paro por aqui porque a resenha entrega mais do que seria necessário sobre o resultado dessa situação estranha, inimaginável, dolorosa, trágica. Mas vale a pena lembrar que o embate entre Gérard Depardieu, como o conde que volta do mundo dos mortes, e Fanny Ardant, como a condessa que não quer abrir mão de seu status, mantém a química forte que os dois atores já haviam demonstrado 13 anos antes, em 1981, sob a direção do então marido da atriz, François Truffaut, em A Mulher do Lado.
Uma beleza de drama história – e bota drama nisso.
Coronel Chabert/Le Colonel Chabert
De Yves Angelo, França, 1993.
Com Gerard Depardieu, Fanny Ardant, Fabrice Luchini, André Dussollier, Daniel Prévost
Adaptação e roteio Yves Angelo e Jean Cosmos
Diálogos Jean Cosmos
Baseado em Honoré de Balzac
Fotografia Bernard Lutic
Produão Film par Film, DD Productions, Paravision International, Sidonie, Orly Films, Sedif, TF1 Films Productions, Canal Plus
Cor, 110 min.