Intrusos/Intruders promete – em especial para quem, como eu, gosta de um bom filme de terror. Tem ótimos atores – Clive Owen, Pilar López de Ayala, Daniel Brühl, Carice van Houten. É uma co-produção EUA-Inglaterra-Espanha, e a ação se passa nestes dois últimos países.
Tanto a Inglaterra quanto a Espanha têm tradição em bons thrillers, filmes de suspense e/ou terror.
Infelizmente, no entanto, Intrusos, do diretor espanhol Juan Carlos Fresnadillo, promete mais do que entrega, na minha opinião.
Começa na Espanha: Juan (Izán Corchero), garoto aí de uns sete, oito anos, tem imaginação fértil, e gosta de histórias de monstros. Em vez de ouvir histórias contadas pela mãe, Luisa (a bela Pilar López de Ayala, de Medianeras, na foto abaixo), é ele que conta para ela histórias de terror que ele mesmo cria.
Na primeira sequência do filme, tarde da noite, ele está contando para Luisa uma história em que o monstro das sombras engole um garotinho.
Juan ainda não tem o fim da história.
E então Luisa diz a ele que é muito tarde, que ele precisa dormir.
Ao ficar sozinho para dormir, Juan sai pela janela do quarto para pegar seu gatinho. E aí vê um monstro, um homem sem rosto, chegar perto do apartamento, e invadir seu quarto. Berra pela mãe, Luisa vem em sua defesa.
A sequência é bem feitíssima, a montagem é ágil, as tomadas são frenéticas.
A garotinha Mia descobre num buraco de árvore uma história de terror
Em seguida vemos uma extraordinária tomada aérea de Londres.
John Farrow (o papel de Clive Owen) é um empreiteiro de obras, e está construindo um arranha-céu altíssimo. É um trabalho arriscado, perigoso – embora todos trabalhem com material de segurança.
Enquanto ele trabalha, sua mulher, Susanna (Carice van Houten), e a filha única deles, Mia (Ella Purnell, na foto abaixo), de 12 anos de idade, estão visitando os pais dele, que moram no campo.
Mia se afasta um pouco da casa, seguindo uma gata. A gata sobe numa árvore, Mia sobe atrás dela. Bem no alto, há um buraco na árvore. A garota enfia a mão lá dentro – e nesse momento uma correntinha cai de seu pulso e fica lá dentro do buraco da árvore, mas ela consegue retirar do buraco uma folha de caderno envelhecida que contém uma história de terror sobre um homem sem rosto.
Mia copia a história em seu próprio caderno, e lê o texto em classe, como se tivesse sido ela a autora. A história não tem final. A professora pede a ela que arranje um final e depois o apresente na sala de aula.
A tendência natural é o espectador acreditar que as histórias ocorrem simultaneamente
A narrativa prossegue alternando as duas histórias, as duas situações: a vida dos Farrow na Inglaterra, a vida de Luisa e Juan na Espanha.
Na Espanha, um jovem padre, Antonio (interpretado por Daniel Brühl, esse bom ator mezzo alemão, mezzo espanhol), tentará ajudar aquela mulher e seu filho que tem a certeza de que um monstro sem rosto quer pegá-lo.
Na Inglaterra, haverá um acidente na obra que está sendo tocada pela equipe de John Farrow. John tenta salvar a vida de um de seus empregados, mas não consegue – e o trabalhador despenca de uma altura inimaginável.
Exatamente como o menino Juan, a garotinha Mia começará a ter visões de um homem sem rosto que quer pegá-la.
É claro que não há legendas indicando a época em que se passam os fatos na Espanha e os fatos na Inglaterra. A tendência natural é que o espectador imagine que as duas narrativas sejam de fatos que ocorreram ao mesmo tempo, simultaneamente, já que estão sendo mostrados simultaneamente.
Num filme com bons atores, as duas crianças roubam a cena
É tudo realizado com capricho: fotografia, música, edição de som, tudo é bem feitíssimo, com o propósito firme de assustar, aterrorizar o espectador.
Não me lembrava da belíssima atriz que faz Susanna Farrow, Carice van Houten. No entanto, já tinha visto ao menos dois filmes com ela: A Espiã, produção holandesa dirigida por Paul Verhoeven, e Operação Valquíria, a refilmagem americana da história que havia sido contada em Operação Valkiria, bela produção alemã. Nascida na Holanda, Carice van Houten tem quase 40 títulos na filmografia, incluindo séries de TV – é uma das estrelas de Game of Thrones. A partir de agora, acho que não esqueço quem ela é.
Em um filme com bons atores, quem rouba a cena são os dois garotinhos, o espanhol Izán Corchero e a inglesinha de Londres Ella Purnell. Nascida em 1996, a menina é lindíssima, e, como tanta gente naquelas ilhas malucas, tem grande talento dramático. No belo e triste Não Me Abandone Jamais, de 2010, ela interpretou Ruth, a personagem que, adulta, é feita por Keira Knightley.
Na minha opinião, Ella Purnell é a melhor coisa de Intrusos.
Porque, pelo menos na minha opinião, os roteiristas Nicolás Casariego e Jaime Marques não conseguiram amarrar as pontas das duas histórias que vão sendo contadas em paralelo e, quase no final, como era de se esperar, se unem. Na minha opinião, ficou um monte de pontas soltas, e alguns buracões bem maiores que as de um queijo suíço.
Fui conferir o que diz o belo site AllMovie, e fiquei bastante surpreso – e contente – ao ver que o resenhista, Jason Buchanan, de quem já li bons textos, teve uma visão bastante parecida com a minha. Ele diz que quase tudo no filme é muito bom: atuações, direção, fotografia, figurinos, direção de arte. O problema é exatamente o roteiro. E o pior, diz Buchanan, é que dá para ver que os roteiristas Nicolás Casariego e Jaime Marques chegaram bem perto de realizar um belo trabalho; se tivessem caprichado um pouco mais, reescrito algumas passagens, acertado algumas idéias, teriam feito “um thriller sobrenatural-psicolótgico inteligente e inventivo”, com tudo para virar um cult.
Diacho. Antes de começar esta anotação, pensei em usar uma frase tipo Intrusos é quase um bom filme de terror, ou por pouco Intrusos não chega a ser um bom filme de terror. Acabei deixando a idéia de lado. E é exatamente o que Jason Buchanan diz. Quem se interessar em ler toda a crítica a encontra aqui.
Buchanan diz ainda que o filme anterior do diretor Juan Carlos Fresnadillo, 28 Weeks Later, no Brasil Extermínio 2, é excelente – motivo pelo qual era de se esperar muita coisa deste Intrusos.
É isso. Intrusos é quase um bom filme. Promete muito – mas não entrega tudo o que promete.
Anotação em março de 2013
Intrusos/Intruders
De Juan Carlos Fresnadillo, EUA-Inglaterra-Espanha, 2011
Com Clive Owen (John Farrow), Carice van Houten (Susanna), Ella Purnell (Mia), Kerry Fox (dra. Rachel ), na Inglaterra
e Pilar López de Ayala (Luisa), Daniel Brühl (Padre Antonio), Izán Corchero (Juan), Héctor Alterio (velho padre), na Espanha
Roteiro Nicolás Casariego e Jaime Marques
Fotografia Enrique Chediak
Música Roque Baños
Montagem Nacho Ruiz Capillas
Produção Antena 3 Films, Apaches Entertainment, Canal+ España, Universal Pictures International.
Cor, 100 min
**
Parece o Clive Owen na foto (bizarra) do pôster. Será?? Mesmo não sendo muito bom acho que vou baixar.
Acho que foi na semana passada zapeando os canais da TV (coisa difícil atualmente pois já há tempo que só vejo filmes no computa ou no DVD) estava passando este filme e , pelo horário já estava do meio para o fim, não vi.
Vou procurar na locadora, gosto do gênero e do ator Clive Owen.
Bem lembrado por voce sôbre a Ella Purnell no “Não me abandone Jamais”. Concordo, ela é lindíssima, há fotos dela na internet de nós ficarmos babando com a sua beleza, nossa!!!
Parece mesmo, Jussara, o rosto do Clive na foto. O que reparei é que o Clive deve estar descuidando da forma física.Repare na foto 3.
Já há um “certo” volume na camisa, não ?
Um abraço, Sergio. Outro prá ti, Jussara .
Oi, Ivan, creio que é impressão, o ângulo da foto, ele sempre foi o tipo magrelão. Mas acho que ele envelheceu mal, está aparentando mais idade do que tem. Notei isso quando assisti ao “Confiar”, levei um susto. Alguns atores sabem envelhecer, outros não. Um que está muito bem pra idade que tem é o James Purefoy, e um que envelheceu pessimamente mal foi o Kevin Bacon.
Já baixei o filme, vou assistir em breve. No momento estou numa maratona da série Downton Abbey (excelente série inglesa, com reconstituição de época; recomendo pra quem gosta).
Abraços.
Olá Jussara.
É, pode mesmo ser essa coisa do ângulo da foto com o Clive, sim.
Concordo quanto a aparência dele.
Esse James Purefoy pelo nome não me lembrei e, então vi fotos dele e não estou certo de já ter visto algum filme com ele.
O Kevin não vi nenhuma foto atual dele. Vi sim, o trayler do filme “olho por olho” e, salvo alguma maquiagem, o filme é de 2011, não achei ele mal, não. O filme sim, não deve valer nada.
Sabe, não sou muito de assistir séries. Gosto muito mesmo de filmes . A única que tentei assistir foi ” Boardwalk Empire ” na HBO em 2011 se não me engano. Estava gostando
mas, me tolhia de ver meus filmes e, parei.
Estar sempre preso àquele horário, tinha o futebol também, não deu.
Salvei tôda a primeira temporada de “Mad Men” e, comecei a assistir.
Veja só o “absurdo” da coisa, deve estar na sexta ou sétima e eu estou na primeira.
Me agrada muito , pela época que se passa a história, tal qual como com “Boardwalk” só que aqui nesta , eu escolho a hora. Assim dá prá ver numa bôa.
Não sei se conseguirei as outras temporadas
“Downton Abbey” voce está vendo na TV ?
Saúde e um abraço para voce, amiga .
Um abraço para ti também, Sergio.
Ivan,
O James Purefoy é mais conhecido pelas séries que pelos filmes, acho. A mais famosa que ele fez foi “Roma”, onde viveu o personagem Marco Antonio. Essa série é fantástica, pena que só teve duas temporadas.
Já eu adoro séries, a gente meio que fica familiarizado com os personagens, e sente falta quando a temporada termina. Sou fã desde os tempos de A Gata e o Rato e Anjos da Lei, sem falar na Super Vicky, de quando eu era criança.
Eu vejo Downton Abbey no computador, assim como todas as outras séries e filmes. Eu não tenho mais paciência pra ver TV, não vejo nadinha de televisão.
Mad Men é muito bem falada, deve valer a pena assistir. Eu até prefiro ver uma série que já começou, é bom poder ver várias temporadas de uma vez.
Acho que as fotos enganam, por causa do photoshop. Já na TV as telas e a definição da imagem em super HD não estão perdoando. Lembro que vi “O Lenhador” e achei o Kevin Bacon super envelhecido. Agora ele está em “The Following” junto com James Purefoy, que aparenta ter 10 anos a menos (e eles têm quase a mesma idade).
Depois volto aqui pra comentar o filme. hehehe
Abraços.
Olá Jussara.
Boa noite , amiga.
Eu imaginei isso, que o Purefoy fôsse ator de séries. Embora seja difícil eu assistir as séries, concordo que ficamos íntimos dos personagens.
Também assisti alguns episódios de “A Gata e o Rato”. Aliás, a gata ficou e o rato seguiu um caminho de sucesso, não é?
Já vi muitos filmes na TV mas atualmente só mesmo futebol. Para ser mais exato, às vezes vou no TCM para ver um filme bem antigo tipo décadas 40/50/60. Costuma passar alguns muito bons. Mas a infinita maioria é mesmo no computa.
Falando em TV, ontém minha mulher estava no computa,e eu fui dar uma zapeada nos canais.
Amiga,acho que foi no SPACE, estava passando um filme com o Clive Owen o Paul Giamat e a Monica Bellucci ” Mandando Bala “.
Dois atores maravilhosos que deveriam estar muito, mas muito nece$$$$$$$$$$itados para fazer essa coisa. O título já diz tudo.
O trecho que passava era uma perseguição de paraquedas, é, isso mesmo. Já vi, de carros, aviões, motos,lanchas, mas paraquedas, vixe!!
E muito tiro em uma queda livre vertiginosa.
Desliguei rapidinho, e fui para a sala fazer uma coisa muitíssimo melhor.
Fui me deliciar ouvindo Ben Webster.
Jazz da mais pura qualidade.
Também ainda não encontrei “Intrusos”
Um abraço, amiga .
Outro para ti, Sergio .
Finalmente vi o filme. Também achei que ficaram muitas pontas soltas e muitos buracos. O final é confuso, e apesar da grande revelação, não explica tudo. A história não me prendeu totalmente (não me assustei nenhuma vez) e no final eu já estava de saco cheio, torcendo pra que acabasse.
Eu vi o filme sem legendas, não as encontrei (e graças aos deuses dos filmes de terror os diálogos eram fáceis) então tive que prestar mais atenção às falas, e com isso não sei se me descuidei um pouco da história.
Estão todos muito bem, você tem razão, mas o Daniel Brühl achei meio afetado; cheguei até a pensar que ele escondia alguma coisa, algum segredo.
Fiquei abestalhada ao ver a Pilar Ayala toda enfeada, nem parecia a mesma pessoa que fez Medianeras.
Clive Owen estava correto e bonitão, como sempre, e ainda bem que não se submeteu às plásticas.
Concordo que Ella Purnell é o melhor do filme, fiquei até com vontade de ver “Não Me Abandone Jamais” por causa dela, mas só em pensar que a Keira Knightley e seus indefectíveis biquinho e cara sonsa vão estar nele, me dá fadiga.
Achei hilários o Clive e a atriz que faz a mãe dele falando espanhol. Parecia dublagem.
Enfim, esse é um filme que queria ser mas não foi, e está mais para suspense psicológico do que para terror.
SPOILER:
Se a mãe do menino sabia da existência do hollow face e também o via, isso era algo que se transmitia de pai para filho ad eternum?