0.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Este filme é extremamente bem feito, em todos os quesitos técnicos – e é perverso, sem-vergonha, imoral no conteúdo, uma exaltação da violência, uma elegia aos assassinatos. Tem um profundo desprezo pela vida, pelas pessoas, em especial pelas pessoas comuns, o 99% da humanidade que toca suas vidas sem sair por aí matando os outros.
Peguei o filme pelo elenco – o garoto James McAvoy de O Último Rei da Escócia, Desejo e Reparação, Amor e Inocência, mais Morgan Freeman, essa espécie de novo Gary Cooper, novo Gregory Peck, volta e meia interpretando personagens sábios, de grande retidão moral, e mais Angelina Jolie. Não tinha nenhuma informação sobre ele; pensei, pela capinha do DVD, que seria um thriller, e achei até esquisito que ele estivesse na prateleira de Aventura.
Foi uma surpresa ver – e a gente vê isso com menos de cinco minutos de filme – que é um desses filmes baseados em histórias em quadrinhos, com a lógica (ou a falta de lógica) dos quadrinhos.
Começa, num tom caricatural, com o personagem de James McAvoy, ele mesmo o narrador da história, numa festinha na empresa em que trabalha como contador; leva uma vida de merda, detesta tudo o que faz, mora num apartamento junto de uma daquelas linhas de trem sobre viaduto onde tudo treme a cada passagem de composição, vive com uma namorada detestável que o trai com um colega dele de escritório.
Aí corta, e vem uma seqüência visualmente impressionante de um tiroteio furioso em que um super-homem mata uns cinco sujeitos no alto de um prédio, e em seguida leva um tiro na testa que atravessa sua cabeça, sai do outro lado – e aí a câmara faz como um rewind, uma volta atrás, a bala faz a trajetória inversa, atravessa a cabeça do super-homem de trás para diante e faz um zoom até uma casa bem distante de onde outro assassino super-homem aperta o gatilho da arma.
Mais adiante, haverá várias outras cenas à la Matrix, e vários momentos em que uma bala vai explodir contra outra bala, essa coisa que deve ter assim 0,00000001% de chance de acontecer na vida.
Tudo bem. Poderíamos ter desistido aí mesmo, com menos de dez minutos de filme; consultei a Mary, ela também estava em dúvida, mas acabamos dizendo bah, é um fic-fan mesmo, vamos ver no que vai dar.
Vai numa trama que envolve uma fraternidade de assassinos profissionais criada mil anos antes, em plena Idade Média, no coração da Europa, hoje dirigida pelo personagem de Morgan Freeman. O sujeito infeliz interpretado por James McAvoy é filho do melhor assassino da fraternidade, aquele tal que morreu com a bala fazendo uma trajetória circular até entrar na sua testa. Angelina Jolie também pertence à tal fraternidade, e ganha a missão de treinar o até então contador e transformá-lo num super-homem assassino competentíssimo.
Esse diretor Timur Bekmambetov nasceu no Cazaquistão, na época uma das repúblicas da União Soviética, e radicou-se em Moscou. Tornou-se conhecido por uma série de filmes de vampiros; seu talento de artesão competente deve ter sido o passaporte que o levou para Hollywood em 2005 – Hollywood, desde sempre, importa quem tenha algum talento, mesmo que seja só talento de artesão e não tenha nada a ver com arte. Provavelmente vai fazer muitos feitos de ação bem feitos como este e sem uma idéia ou sentimento que preste para alguma coisa.
Um horror, um nojo, este filme aqui.
O Procurado/Wanted
De Timur Bekmambetov, EUA-Alemanha, 2008
Com James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp
Roteiro Michael Brandt, Derek Haas e Chris Morgan
História de Michael Brandt e Derek Haas
Baseado na série de quadrinhos de Mark Millar e J.G.Jones
Música Danny Elfman
Produção Universal. Estreou em São Paulo 22/8/2008
Cor, 110 min.
Bola preta.
Título em Portugal: Procurado
Lembrei-me de lhe dizer que há uma série na Netflix com o mesmo nome – Wanted.
É uma série de grande qualidade, australiana e só tem em comum o nome.
Conta a história de duas mulheres que procuradas e perseguidas brutalmente por polícias corruptos, bandidos que as querem matar e por polícias sérios que as querem prender.
Elas fogem, nunca desistem.
Gostei imenso.
Um leitor deste site já se referiu positivamente a esta série.
Ontem vi alguns minutos deste filme na televisão sem me lembrar do que tinha lido aqui.
Só passados alguns instantes é que reparei no que estava a ver e reparei na abominável Angelina “bocarra”.
Saltei para outro canal.