Maria Antonieta / Marie Antoinette


Nota: ★★☆☆

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Em seu terceiro longa-metragem como diretora, depois de As Virgens Suicidas/The Virgin Suicides, de 1999, e Encontros e Desencontros/Lost in Translation, de 2003, a Coppolinha retrata Maria Antonieta como uma menina boazinha, obediente, dócil, que se casa com o futuro rei da França por dever de família, e é fútil e leviana porque era assim que tinha de ser.

O filme dá a impressão de que Sofia Coppola tomou todo o cuidado para evitar a política, a Grande História, e se concentrou na vida particular da moça – interpretada com alguma graça por Kirsten Dunst, que já havia trabalhado com a diretora em seu primeiro longa.

Com isso, parece que ela enfureceu muita gente que queria ver um retrato cruel da insensível rainha que disse “Não tem pão? Mas por que eles não comem brioches?” Aliás, segundo o filme Maria Antonieta jamais disse essa frase que ficou famosérrima e serviu de exemplo para explicar os motivos que levaram à Revolução Francesa.

A produção é suntuosa, extremamente bem cuidada; os figurinos levaram o Oscar. E o filme, facilmente esquecível, é pouco mais que isso – uma grande beleza visual.

Há quem goste. “A estréia de seu terceiro longa-metragem, o audaz e jocoso filme de época de US$ 40 milhões Marie Antoinette (…), suscitou reações bem diversas no Festival de Cinema de Cannes”, escreveu Andrew Bailey no livro Cinema Now, de 2006, em que focaliza a obra de 60 diretores cult do cinema atual, do alemão de ascendência turca Fatih Akin ao chinês Zhang Youmou, passando por Fernando Meirelles. “Embora os críticos não sejam os principais apoiantes de Coppola, as adolescentes que seguem a moda adoram-na como um símbolo internacional de estilo e os vanguardistas do cinema independente devoram as suas bonitas imagens ao som de músicas em voga. (…) Colocou músicas de Gang of Four e Bow Wow Wow em Marie Antoinette para conferir ressonância punk ao ambiente do século XVIII.”

Não foi só música pop de hoje que a Coppolinha botou no seu filme. Há uma cena em que aparece um par de tênis Converse. Sofia Coppola negou, em entrevistas, que isso tenha sido um erro: o tênis estava lá de propósito para mostrar que Maria Antonieta era uma adolescente igual a qualquer outra.

Maria Antonieta/Marie Antoinette

De Sofia Coppola, Japão-França-EUA, 2006.

Com Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Judy Davis, Rip Torn, Asia Argento, Danny Huston

Roteiro Sofia Coppola

Produção Columbia. Estreou em São Paulo 16/3/2007.

Cor, 123 min.

**

Título em Portugal: Marie Antoinette

9 Comentários para “Maria Antonieta / Marie Antoinette”

  1. Eu gostei do filme e das ousadias, talvez por isso não concordo muito quando diz que ele é “facilmente esquecível”.
    As imagens pomposas e o estilo moderninho ajudam na polêmica, mas também a refletir um pouco sobre a História/estória e o fazer cinema.
    Parabéns pelo site.
    Edson.

  2. Maria Antonieta é um desses personagens da História, cuja estória deve sepre causar polêmica. Cresci ouvindo o tal dos brioches a dar aos pobres. Mas, como adulta, tenho uma certa simpatia pela Maria Antonieta. Aquela corte era um “Saco”, não somente como usamos hoje na gíria, mas um saco de gatos. O marido,era aquele homem bonzinho e desajeitado, que também pagou a conta dos avós, trizavós e todos aqueles perdulários que o antecederam. Aquela velha estória da velha história… Como filme, achei fraquinho, mas não vi o tênis…Eu nunca sabia se o arranhão no meu carrinho era do dia ou se já estava lá…

  3. Tive o DVD aqui em casa que alguém me emprestou e como não sabia disso da música apanhei uma espécie de susto e zás sacei o disco e boa noite.
    Penso que a Sofia realiza filmes por ter a família que tem.

  4. Visualmente o filme é um deslumbre (ou desbunde!). A cena do tênis, numa leitura minha e mui particular, tenta mostrar a protagonista como uma figura, além de jovem, atual; alguém que, ao mesmo tempo em que se acomoda a alguns protocolos – os que lhe convém – se rebela contra outros – como lhe convém.
    A diretora optou por uma leitura superficial, esquecendo que a infeliz rainha amadureceu “na marra” frente aos revezes que lhe atormentaram os últimos anos.

  5. Sou defensor ferrenho desse filme.
    A famosa cena do All Star,nada mais é do que uma sacada sensacional da diretora,fazendo referencia a cultura pop.
    Ver “críticos” do porte de Rubens Ewald Filho
    dizer ser um erro de continuidade é de fazer rir.
    Que falta de sensibilidade e percepção…

  6. Falando do filme em si, não gostei. Já vi filmes de época, filmes deste gênero, muito superiores. Para falar a verdade, Sergio, gostei muito mais deste outro Maria Antonieta
    que assisti ontém, 21 maio. Aliás, fiquei muito mais informado, fiquei sabendo de tudo que aconteceu na época, porque é um filme-do-
    cumentário,baseado totalmente em documentos autenticos, da época. Ainda assim,os cenários as locações,os figurinos,tudo suntuoso. E a atriz que protagoniza a Antonieta, muito bonita e,(minha opinião)atua muito bem. MUITO BOM MESMO.
    Quería te dizer que tbm ontém, assisti no TCM, o filme “A mulher do tenente Frances”,
    com Meryl Strip e Jeremy Irons, que dispensam comentários. O filme é de 1981.Sei que tu és admirador dos dois e, como não vi
    postado no “50 anos filmes”, desculpe, gostaría de te indicá-lo. Deves encontrá-lo
    na “REDE 2001”, uma vez me falaste dela,(Mediterrâneo) lembras?
    Mais uma vez me desculpes pelas duas ousadias
    minhas mas como disse uma vez, gosto de me sentir participativo “em” ou “do” teu site.
    Um abraço !

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