Nunca Te Amei / The Browning Version


Nota: ★★★☆

Anotação em 2003: Eu tinha visto, faz anos, a refilmagem, de 1994, com Albert Finney como o velho professor desiludido e amargurado, e a esplendorosa Greta Scacchi como sua mulher infiel; o filme era dirigido pelo Mike Figgis, que fez muita coisa boa. E tinha gostado bastante. Este aqui, com roteiro do próprio dramaturgo Terence Rattingan, que escreveu a peça em 1948, é ainda mais convencional na linguagem, no retrato do espírito inglês da primeira metade do século XX – e ainda melhor. Assim como todos os demais atores, Michael Redgrave está absolutamente estupendo no papel que Albert Finney faria 43 anos depois, o de Andrew Crocker-Harris, que, quase no final da vida e tendo que fazer um inventário dela, é obrigado a admitir que fracassou em tudo, inclusive naquilo a que se dedicou totalmente, em prejuízo da vida pessoal – a capacidade de ser um bom professor.

Vou ver o que escrevi na época em que vi a versão de 1994.

Eu não escrevi nada, na época, 1996 – anotei apenas a ficha técnica bem completa e dei três estrelas. E de fato devo ter gostado bem  – ao ver a primeira versão, agora, ia me lembrando de todos os detalhes da história e revendo o Finney no papel principal.

Este aqui é também um belo filmão – e viva o estilo acadêmico! Viva o velho e bom jeito de contar direitinho, sem ondas, sem marolas, sem frescura, sem criativol, uma boa e consistente história.

Checo nos alfarrábios que Michael Redgrave, que se tornou cavaleiro em 1959, é o pai de Vanessa e Lynn e avô de Natasha. Ele é o jovem ator que fez A Dama Oculta/The Lady Vanishes, do Hitchcock, em 1938. Trabalhou em outros filmes com Anthony Asquith, que era o tipo do autor de cinemão convencional contra o qual lutou nos anos 1960 a geração de Albert Finney e de Tony Richardson – que, por uma britânica coincidência, foi marido de Vanessa e é pai de  Natasha.

Nunca Te Amei/The Browning Version

De Anthony Asquith, Inglaterra, 1951.

Com Michael Redgrave, Jean Kent, Nigel Patrick, Wilfrid Hyde-White

Baseado na peça de Terence Rattingan

Roteiro Terence Rattingan

P&B, 90 min

4 Comentários para “Nunca Te Amei / The Browning Version”

  1. Não assisti a versão colorida.Mas a preto e branco é fenomenal.A atuação de Michael Redgrave impressiona.Além disso o drama vivido por seu personagem é incomum nas telas- principalmente quando se fala da triste conclusão que ele chega (aquele discurso de despedida dele é de partir o coração).

  2. Este filme é ótimo! Passava sempre no Telecine Classic. E Michael Redgrave está estupendo, a cena em que ele se emociona com o aluno é de cortar o coração. Acho que ele é um dos atores mais injustiçados do cinema, só teve uma indicação ao oscar por “Mourning Becomes Electra”. Acho um absurdo ele não ter sido indicado por este filme e por Na Solidão da Noite, (Dead of Night, de 1945), no episódio dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti, em que ele se supera.
    Também gosto de Albert Finney, que tembém deveria ter sido indicado ao Oscar.

  3. Para além das três versões deste filme, fica minha sugestão para professores em final de carreira, desiludido, com a sensação que “fracassei com vocês, alunos”. Dentro da realidade do Brasil, tb poderia falar o mesmo, para aquele aluno que votou num fascista, quando ensinamos o valor e a luta pela democracia e o estado de direito, ou votou num governador que odeia professores, para um curso de formação de professores.

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