Ricos e Estranhos / Rich and Strange


Nota: ★★☆☆

Anotação em 2000: A história é a pior coisa do filme – casal classe média de Londres, ele de saco cheio com a vidinha sem graça, ela feliz da vida, de repente ganha um monte de dinheiro, e sai pra viajar, conhecer o mundo; primeiro passa por Paris, depois pega um navio em Marselha rumo ao Canal de Suez e depois Cingapura. No caminho, ela tem um caso com um capitão, ele com uma golpista que se faz passar por princesa; reúnem-se novamente pra voltar pra casa, o navio em que voltam naufraga, eles são salvos por um barquinho chinês, e de repente estão de volta à mesma casinha, vivendo exatamente como antes, “nem mais tristes nem mais sábios com suas experiências”, como diz o livro sobre os filmes do velho Hitch, The Films of Alfred Hitchock.

É o antepenúltimo filme dos da juventude de Hitch; três filmes depois ele faria O Homem que Sabia Demais versão 1, que marca a passagem dos early days para o jovem que iria virar o mestre do suspense. 

Assim, olhando-se o filme como objeto de estudo, há algumas coisas bem interessantes. Toda a seqüência inicial é admirável por ser de 1932, e pelo fato de o diretor ser tão jovem quando a criou: as pessoas trabalhando no escritório, descendo as escadas ou os elevadores, entrando no metrô como se fossem carneirinhos, massa amorfa, sem vida, sem individualidade.

Depois, há uma certa indefinição, que dura praticamente todo o filme, entre o mudo e o sonoro (o filme, é preciso lembrar, é de 1932, apenas cinco anos após o advento do som); parece que ou Hitch ainda não tinha se decidido direito, ou fez questão de mostrar que era época de transição. Há diálogos (poucos), mas há também legendas como as dos filmes mudos. O ator principal, especialmente, esse Henry Kendall, atua como se estivesse no cinema mudo – com maquilagem pesadíssima, gestos e expressões faciais abertas, exageradas. Já a atriz principal, muito bonita, tem uma puta voz de taquara rachada. Não é de se admirar que não tenha ido longe na carreira depois que o cinema aprendeu a falar.

Há ainda a notar que as cenas dos beijos do mocinho e da mocinha em seus namorados são algo extremamente avançado para a época.

Ricos e Estranhos/Rich and Strange; nos EUA, East of Shanghai

De Alfred Hitchcock, Inglaterra, 1932.

Com Henry Kendall, Joan Barry, Betty Amann, Percy Marmont, Elsie Randolph.

Roteiro (na apresentação, usa-se a palavra francesa, scenario) Alma Reville e Val Valentine

Baseado em um tema de Dale Collins

Adaptação Alfred Hitchcock

Produção British International Pictures

P&B, 83 min.

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