Acho que Sou / I Think I Do


0.5 out of 5.0 stars

Anotação em 1998: Bola preta. Pode ser que seja porque eu estou ficando velho – e e eu estou ficando velho. Pode ser que seja porque no fundo no fundo eu tenha preconceitos machistas – embora eu não ache que eu tenha preconceitos machistas. Mas este filme é ruim, ruim demais.

Em primeiro lugar, ele é ruim demais porque explora fórmulas gastas e exageradamente testadas – basta lembrar o excepcional Quatro Casamentos e Um Funeral e boboca O Casamento do Meu Melhor Amigo -, sem acrescentar nada; é burro, raso, feito pra adolescente americano, que é uma das coisas mais burras que a humanidade já conheceu.

Em segundo lugar, last but not least, ele é ruim demais porque é ideologicamente errado. Ele não é um filme que trata o homossexualismo de uma maneira normal, saudável, correta, alegre, como os dois citados acima, ou como Cabaret, ou como Victor-Victoria, ou tantos outros, ou como um filme declaradamente homo como Jeffrey – De Caso com a Vida, ou um filme inteligente como O Banquete de Casamento, de Ang Lee.

Não. Este é o Spike Lee dos veados. Assim como o Spike Lee é racista ao contrário, racista da minoria – quanto mais preto melhor, quanto menos preto pior, branco é um horror –, este aqui é um filme sexista ao contrário, sexista da minoria – para ele, fora do homo é tudo ruim. As mulheres são feias, desinteressantes, burras – lembra aquela piada adolescente sobre os dois veados que estão andando na rua e de repente um fala “ih, olha uma buceta!”, e outro fala “onde? onde?, pisa, pisa!”.

Um pavor.

Complemento em 2010: Achei essa anotação acima outro dia, remexendo nas minhas coisas para tentar levantar quantas vezes tinha visto Cabaret. Como agora tenho este site, e me imponho a obrigação de botar uma nova anotação a cada dia, resolvi aproveitar o que escrevi há 11 anos – até porque tem a comparação com o Spike Lee, que acho correta, divertida, forte. Mas pelo menos vou tentar acrescentar outras opiniões.

Não acho referência ao filme no Leonard Maltin, nem no Jean Tulard – o primeiro com mais de 17 mil filmes, o segundo com mais de 15 mil. Estão certos o Maltin e o Tulard, mais certos do que eu: não se deveria falar deste filme.  

O AllMovie fala dele, é claro – na internet, ao contrário de no papel, cabe tudo. E não desanca tanto o filme quanto eu desanco. Mas a preguiça me impede de traduzir o que diz o bom site enciclopédico. Se alguém quiser se aventurar a ver o que diz o AllMovie, pode clicar aqui.

Acho que Sou/I Think I Do

De Brian Sloan, EUA, 1997.

Com Alexis Arquette, Maddie Corman, Guilhermo Diaz, Marianne Hagan, Jaime Harrold, Christina Maelen, Lauren Vélez

Argumento e roteiro Brian Sloan

Música Gerry Gershman

Produção Danger Filmworks

Cor, 92 min

Bola preta.

2 Comentários para “Acho que Sou / I Think I Do”

  1. Depois dos 60, você não deu sorte com os filmes. Marido por acaso, Acho que sou.
    Achou todos os dois horriveis, com uma estrelinha só. Que qui é isso? Estou aguardando alguns daqueles fabulosos pra poder alugar,

  2. Ih, Dona Lúcia, foi uma coincidência danada dois filmes ruins em seguida. Já botei um filmaço agora há pouco…

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *