3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Uma divertida, gostosa comedinha francesa – escrita e dirigida por uma mulher, Valérie Guignabodet, em seu primeiro filme – sobre a eterna guerra homem x mulher, o casamento, o sexo no casamento, o desgaste do casamento com o passar do tempo, do que os homens gostam, do que as mulheres gostam.
Os diálogos são inteligentes, afiados; há situações de fato hilariantes; e a estreante diretora em algumas situações faz um filme como se estivesse contando uma história em quadrinhos, em esquetes humorísticos, como uma historinha do grande Jules Feiffer: em determinadas horas, ela fixa a câmara num grupo de pessoas e as deixa falando um tempão.
Falar – ou não falar – é o primeiro problema do casamento dos protagonistas Alex e Claire que nos é apresentado pela diretora. O filme começa com Alex (Albert Dupontel, que interpretou o pianista de Um Lugar na Platéia/Fauteils d’Orchestre) e Claire (Marianne Denicourt) deixando o filho adolescente em um ônibus cheio de outros adolescentes que farão uma excursão pela Alemanha. Alex – um fotógrafo competente e bem sucedido – está de saco profundamente cheio com tudo e com todos; detesta o trabalho que faz, acha tudo na vida uma merda, está profundamente entediado. À noite, os dois na cama, antes de dormir, Claire pergunta o que Alex está lendo e ele responde: “Polar” – policial. E Claire questiona: “Você já reparou que você só fala frases de uma palavra só?”
No trabalho, enquanto um grupo de pessoas, entre elas Alex, examina filmes para escolher uma modelo para a próxima campanha publicitária, os colegas também notam que Alex cada vez fala menos.
Por puro cansaço com a falta de ações e palavras do marido, Claire vai ter um caso com seu professor de escultura. Depois vai contar para o marido que o trai – e o sujeito não esboça qualquer reação. Sem outra saída, Claire sai de casa e vai viver com o tal professor – que, veremos mais tarde, vai cansar a beleza dela exatamente pelo fato de ser perfeito demais.
Numa noite de bebedeira, o agora solitário e quase autista Alex encomenda a uma empresa da Califórnia, via internet, uma boneca – não inflável, como muitos dos personagens dirão ao longo do filme, e sim moldável. É Monique, o tipo de mulher que muitos homens – brinca a diretora – consideram o ideal: gostosa, peituda, coxuda, sempre pronta para o sexo, e muda; não reclama, não tem dor de cabeça, não pede para conversar, não exige declarações de amor, carinho, atenção.
Estamos aí com uns 15, 20 minutos de filme. Monique e o agora sexualmente ativíssimo Alex, e mais Claire e seus amigos, vão protagonizar situações engraçadíssimas, estapafúrdias, ridículas, grotescas, enquanto a diretora aproveitará para tecer boas considerações sobre as relações humanas.
Nas seqüências finais, fica a impressão de que Valérie Guignabodet não soube como desvendar o novelo enrolado que criou. Mas isso não importa muito. Apesar do final um tanto mal resolvido, o filme vale por tudo que ela mostrou até lá.
Monique – Sempre Feliz/Monique
De Valérie Guignabodet, França, 2002.
Com Albert Dupontel, Marianne Denicourt, Philippe Uchan, Marina Thomé, Sophie Mounicot
Argumento e roteiro Valérrie Guignabodet
Produção M6 Films.
Cor, 92 min.
***
Perfeito seu comentário. O filme é notável, hilário, mas o final é uma lástima, quase
amador. Uma pena. Idéia interessante, muito
bem desenvolvida, com um final bisonho. Vc
sabe se existe em DVD?
Mário, saiu em DVD, sim: eu vi o filme no DVD, em 2009. Você deve achá-lo nas lojas virtuais.
Um abraço.
Sérgio
COMO FAÇO PRA COMPRAR O DVD?