3.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2008: Brilho de filme político, em plenos anos 2000, com a marca do grego Costa-Gavras.
Um coronel reformado do Exército francês, DuPlan, é assassinado em sua casa, uns 20 e tantos anos depois da guerra da Argélia. O assassinato acontece pouco depois que DuPlan (Olivier Gourmet) deu uma entrevista na TV criticando o governo francês. As investigações – da polícia e do próprio Exército – levarão ao exame de sua participação na repressão na Argélia, pouco antes da eclosão da guerra que levou à libertação da então colônia francesa na África.
As investigações do Exército – a cargo de uma jovem tenente, Galois (Cécile de France, essa gracinha, muito bem no papel), são facilitadas, ou talvez também complicadas, por uma série de cartas que chegam em pacotes aos investigadores, enviadas por alguém que fica no anonimato. As cartas foram escritas durante o conflito na Argélia por um tenente, Guy Rossi (Robinson Stévenin), que serviu sob o comando do coronel DuPlan.
À medida em que a tenente Galois vai lendo as cartas do tenente Rossi, o filme vai mostrando os relatos dele em flashbacks. As cartas, e os flashbacks, mostram o coronel como, mais do que um oficial dedicado e patriota, um fascista, um facínora, tamanha a brutalidade com que trata os rebeldes argelinos; para o coronel DuPlan, assim como para a administração George W. Bush, os fins justificam qualquer tipo de meio: tortura, assassinato, violação dos direitos básicos e de todos os códigos de decência.
No final do filme, o veteraníssimo Charles Aznavour, em uma de suas muitas atuações no cinema, aparecerá num papel pequeno mas fortíssimo, marcante, como o pai do tenente que sofreu nas mãos do coronel na Argélia.
O grego cineasta do mundo Costa-Gavras, este sinônimo de cinema político desde os anos 60, fez o roteiro do filme juntamente com Jean-Claude Grumberg, assim como havia feito em seus dois últimos filmes, Amém/Amen, de 2002, e O Corte/Le Couperet, de 2005, mas a direção ficou a cargo desse Laurent Herbiet, em sua estréia na função – nascido em 1961, Herbiet tinha longa carreira como assistente de direção e diretor de segunda unidade.
Meu Coronel/Mon Colonel
De Laurent Herbiet, França-Bélgica, 2006
Com Robinson Stévenin, Olivier Gourmet, Cécile de France, Charles Aznavour, Eric Caravaca
Roteiro Jean-Claude Grumberg e Costa-Gavras
Baseado no livro de Francis Zamponi
Música Armand Amar
Cor e P&B, 110 min.
***1/2
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