O Julgamento de Viviane Amsalem é um filmaço, uma obra-prima. Duro, pesado, denso, claustrofóbico – toda a ação se passa numa sala de um tribunal e na sua ante-sala; não há uma única tomada externa –, mexe profundamente com as emoções do espectador.
É uma das críticas mais fortes que já foram feitas à cultura judaica, à sociedade israelense de hoje.
Mary exprimiu o que está dito na frase acima assim que o filme acabou, e eu ainda estava zonzo como se tivesse levado um murro de Muhammad Ali. É uma definição perfeita.
Em 115 minutos de extraordinário cinema, os irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz – autores da história e do roteiro e diretores do filme – mostram uma sociedade profundamente, nojentamente machista, moralista, hipócrita, e governada por leis religiosas.
Quando se trata de casamento, Israel é uma sociedade teocrática! Exatamente como um de seus maiores inimigos, o Irã do intolerável regime dos aitolás!
Não sei se isso é algo que é plenamente conhecido mundo afora. Eu não sabia, não conhecia nada disso.
O filme expõe ao mundo essa coisa tenebrosa, da idade da pedra lascada, ao contar a história de Viviane Amsalem, uma mulher que luta para obter o divórcio, mas encontra um tribunal cego e surdo.
O Processo de Viviane Amsalem parece O Processo, o romance de Franz Kafka. A luta da mulher para obter o direito de ficar livre do marido que há tempos ela não quer mais é absolutamente kafkiana. É sem sentido, é completamente nonsense, é o teatro do maior absurdo que se pode conceber.
A câmara é subjetiva – no começo, faz as vezes dos olhos de Viviane
O primeiro personagem que aparece é o advogado de Viviane, Carmel Ben Tovim (maravilhosamente interpretado por Menashe Noy). A câmara o mostra de perfil, um pouquinho de baixo para cima, um suave contreplongée. Se o espectador reparar muito atentamente, mas muito atentamente (eu só reparei ao rever o filme, parando diversas vezes, para degravar os diálogos da seqüência inicial), a câmara está mostrado o que Viviane está vendo, sentada em sua cadeira, à direita de seu advogado. Ele está de pé entre ela e o marido, Elisha Amsalem (Simon Abkarian, também excelente).
Os três estão de frente para três homens que julgam o caso – não três juízes formados em Direito, estudiosos da lei escrita por parlamentares, representantes do povo, mas sim rabinos.
Nos cinco primeiros minutos, não veremos os rabinos. Veremos apenas o advogado Carmel e Elisha Amsalem – os dois de lado, de perfil, porque a câmara, ao longo dos cinco minutos iniciais do filme, faz as vezes dos olhos de Viviane. Mostram o que Viviane está vendo.
A própria Viviane – o pivô da história, a pessoa mais importante da trama, a pessoa que está ali para decidir sua vida – só vai aparecer na tela quando o filme está com cinco minutos.
Pode parecer um pequeno detalhe. Não é, não, de forma alguma. É uma maneira inteligente de reforçar ainda mais o papel secundário das mulheres naquela sociedade.
Durante cinco minutos, homens falam sobre Viviane – ela mesma não tem voz, não tem vez.
Viviane é interpretada por Ronit Elkabetz, a própria autora da história e do roteiro e uma das diretoras deste filme maravilhoso, ao lado de seu irmão Shlomi Elkabetz.
O rabino faz uma pergunta ao marido que é machismo puro, nojento
O advogado: – “A meu ver, o marido, Elisha Amsalem, continua não colaborando. Não sabemos nem mesmo a posição dele. Minha cliente fez o pedido de divórcio e passou a viver fora da casa dele. Durante estes três anos, o marido dela ficou em silêncio, com exceção do dia em que foi lhe dar as condolências pela morte do irmão.”
O juiz principal, rabino Salmion (Eli Gornstein), a voz em off – “O que ele falou na ocasião?”
O advogado: – “Ele pediu que ela voltasse para casa.”
Rabino Salmion: – E o que ela respondeu?”
O advogado: – “Ela pediu o divórcio, Excelência.”
Rabino Salmion (dirigindo-se a Elisha): – “O senhor não tem advogado?”
A câmara focaliza ora o advogado – sempre de perfil –, ora o marido. Quando o rabino se dirige a ele, Elisha se põe de pé: – “Não, Excelência.”
Rabino Salmion: – “É verdade que ela está vivendo fora da sua casa há três anos?”
Elisha: – “Sim, Excelência.”
Rabino Salmion: – “Está disposto a aceitá-la de volta?”
Reparem no absurdo da pergunta do rabino que está “julgando” o pedido de divórcio apresentado algum tempo antes dessa audiência que é mostrada na primeira sequência do filme: na primeira frase dita no filme, o advogado Carmel fala que “o marido continua não colaborando”.
E o rabino pergunta para o homem, macho perguntando para macho, se ele “aceita” de volta a mulher que saiu de casa três anos antes e já faz tempo que está pedindo o divórcio!
Não se dirige a ela. Não quer saber o que ela pensa, o que ela sente. O rabino pergunta ao homem se ele estaria magnanimamente disposto a “aceitar” de volta aquela desaforada que ousou querer deixar de viver com ele já faz três anos!
É o nonsense. É o absurdo. É Kafka. É mais kafkiano do que Kafka.
Mas não chegamos nem a cinco minutos de filme – e as coisas só vão piorar.
O rabino-juiz pergunta por que o marido não quer dar o divórcio. Ele se dirige a ela : “Jamais”
– “Sim, Excelência”, responde Elisha.
Rabino Salmion, cada vez mais kafkiano: – “Não desconfia de adultério?”
Elisha: – “Não, Excelência.”
Rabino Salmion: – “O senhor tem certeza disso?”
Elisha: – “Sim, Excelência.”
Rabino Salmion: – “Por que não quer conceder o divórcio à sua esposa?”
Em vez de responder ao rabino que está ali atuando como juiz, Elisha se vira para o lado e se dirige a Viviane. Fala em francês (mais tarde será dito que eles são originários do Marrocos): – “Viviane, volte para casa. O que pretende fazer?”
Rabino Salmion: – “Neste tribunal se fala em hebraico. Temos que entender tudo.”
Elisha, ainda para ela: – “Volte. Vamos esquecer tudo isso. As crianças também querem que você volte. Volte para casa, Viviane. Vamos recomeçar do zero.”
O advogado, para os rabinos juízes: – “Ela está decidida. Não quer ficar com ele.”
Rabino Salmion: – “Traduza sem interpretar.”
O advogado: – “Os filhos querem que ela volte.”
Rabino Salmion: – “Ela levou os filhos com ela?”
O advogado: – “O menor, de 14 anos, ficou com o pai.”
Rabino Salmion: – “Ela o abandonou?”
O advogado: – “Ela vê o menino todos os dias, prepara comida para ele. Leva a comida para ele quando o marido não está em casa, ou manda a cunhada levar.”
Rabino Salmion: – “E quem cuida dessa mulher?”
Claro: na cabeça do rabino, na cabeça de muitos homens naquela sociedade, as mulheres não sabem cuidar de si mesmas. Precisam sempre de alguém que cuide delas.
O advogado: – “A minha cliente mora com o irmão mais velho, a cunhada e uma irmã dela.”
Rabino Salmion: – “Com o ela se sustentou nestes últimos três anos?”
O advogado: – “A minha cliente tem uma profissão há 20 anos, ela é cabeleireira.”
Rabino Salmion: – “O marido dela tem pagado pensão alimentícia?”
O advogado: – “Não, Excelência.”
Rabino Salmion: – “Então, o que ela está pedindo?”
O advogado: – “O divórcio. Ela só quer o divórcio.”
Rabino Salmion, agora para o marido: – “E por que o senhor se recusa a conceder o divórcio?”.
Elisha mais uma vez não responde ao rabino. Em vez disso, ele se vira mais uma vez para o seu lado direito, para o lugar em que está a câmara, o lugar em que está Viviane, e diz: – “Jamais!”
E aí então, pela primeira vez – o filme está com cinco minutos –, a câmara mostra o rosto de Viviane.
Em Israel, hoje em dia, o marido manda, o marido é o senhor, a mulher é escrava
Em Israel – pelo que o filme mostra, e pelo que se comentou sobre ele na internet –, não existe a instituição do casamento civil. O casamento é no religioso: só um rabino pode legitimar um casamento, e só um tribunal rabínico pode legitimar a dissolução de um casamento. Mas um tribunal rabínico só concede o divórcio pedido por uma mulher caso o marido aceite. Se o marido não aceitar, não há divórcio.
O marido manda. O marido é o senhor. A mulher é sua escrava. Estamos no século XXI, o homem já foi à Lua, já mandou sonda para fora do Sistema Solar, mas em Israel a vida é assim.
Ao final da primeira sequência – a desses diálogos que fiz questão de transcrever –, surge na tela um letreiro: “Seis meses depois”.
Mais tarde, surgirão os letreiros de “Dois meses depois”, “Três meses depois”, “Cinco meses depois”.
Surge o letreiro “Três meses depois – um ano e meio desde o início do processo”.
“Uma semana depois.” “Dois meses depois” – e aí começam a ser ouvidas testemunhas, parentes, vizinhos. O irmão de Vivianne vai depor – mas, como é um homem, seu depoimento mais elogia o marido da irmã do que a ajuda.
Prestam bons depoimentos a cunhada de Viviane, Rachel (Rubi Porat Shoval), e sua irmã Evelyn (Evelyn Hagoel, ao centro na foto abaixo). Rachel é incisiva: – “Eles são incompatíveis, eles não são como água e azeite. Mas, como são mulheres, e em seus depoimentos defendem a mulher, o rabino Salmion as dispensa o mais rápido que pode.
Chega um momento em que não dá mais, e Viviane explode
E os letreiros continuam.
“Dois meses depois.” “Duas semanas depois.” “Uma semana depois.”
“Um mês depois – três anos desde o início do processo.”
“Três meses depois.”
“Dois meses depois” – e, aqui, nesse momento, quando o filme já está com mais de uma hora e meia, Viviane Amsalem estoura.
Nem Jó teria a paciência que Viviane Amsalem tem, se força a ter, se obriga a ter. Mas aí, naquele momento, ela estoura. É a única citação de diálogo que o IMDb traz deste filme em que as palavras são fundamentais:
– “Por que o senhor me faz correr em círculos? Por que, Excelência? Por quê? Por que eu venho aqui e volto durante anos e nada muda? Por quê? O senhor não consegue forçá-lo a me dar o divórcio ou a aparecer (no tribunal), e o senhor não pode isso, não pode aquilo – e eu? Quando o senhor vai me enxergar? Quando eu estiver exausta demais e não conseguir ficar de pé? Quando? Se depender do senhor, pode ser daqui a dez anos. Eu poderia morrer aqui em frente do senhor, e tudo o que o senhor veria seria ele. Mas ninguém está acima da lei. Há um Deus e há justiça, e Ele vai julgar o senhor assim como vai me julgar. Sem piedade. O senhor não se importa comigo.”
Depois da sequência em que Viviane enfim explode, haverá novo letreiro: “Dois meses depois”. E outro: “Quatro meses depois”. E ainda outro, o último: “No dia seguinte – cinco anos após o início do processo.”
Os israelenses são obrigados a se submeter a um ordenamento teocrático – como no Irã
O Estado, os Estados, de uma maneira geral, se metem demais na vida das pessoas. Como se elas não soubessem cuidar de si mesmas. Como se fossem incapazes de resolver seus próprios conflitos, seus problemas. Como se fossem crianças que necessitassem de babás.
O Estado babá regulamenta o que você pode comer e o que não pode, que droga você pode consumir e que droga você não pode. O Estado regulamenta como a mulher tem que agir com relação ao feto que ela carrega dentro do seu ventre. Regulamenta até como e quando você vai morrer – nem a decisão sobre sua própria vida o Estado permite que você tome.
Isso é tudo absurdo, sem sentido, kafkiano.
Mas quando não é o Estado, baseado em leis criadas pelos homens, e sim a religião que decide as coisas por você, aí então é o fim dos tempos, o horror dos horrores.
E é como se vive em Israel!
Não muito diferentemente de como se vive no Irã medieval dos aiatolás das trevas.
Algum tempo depois que O Julgamento de Viviane Amsalem terminou, quando comecei a me recobrar do soco no estômago, fiquei pensando em A Separação, o filme também extraordinário do iraniano Asghar Farhadi, lançado em 2011, apenas três anos antes deste aqui.
Em A Separação, a esposa iraniana vai à Justiça pedir o divórcio – ela quer emigrar, quer sair do país, e o marido não pode acompanhá-la, porque se sente obrigado a continuar ali para cuidar do pai muito doente, com Alzheimer. Como ela pretende emigar, e ele não, pede o divórcio. Apresentam-se então ao juiz, a mulher e o marido; na primeira sequência do filme, ela expõe sua história, e o juiz decide: – “Suas razões não bastam para um divórcio”.
A Separação é de fato um filme extraordinário, e começa em tom maior, numa sequência brilhante – como este aqui, que trata basicamente do mesmo tema. Quando escrevi sobre o filme iraniano, não resisti e, assim como fiz aqui, transcrevi todo o brilhante diálogo da sequência inicial.
Os irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz mostraram ao mundo, com este O Julgamento de Viviane Amsalem, que em Israel os cidadãos são obrigados a se submeter a um ordenamento teocrático – exatamente como no Irã.
Que mulher, essa Ronit Elkabetz. Que mulher, que maravilha
Ronit Elkabetz, atriz, roteirista, diretora.
Que mulher!
Confesso: não a reconheci, enquanto via o filmaço que ela realizou e no qual faz o papel principal. Claro, fiquei extremamente impressionado com seu desempenho, com sua figura. Mas não me caiu a ficha de que já a tinha visto. Filme terminado, fomos dar uma olhada no IMDb, checar
informações – e só aí foi que vi que ela trabalhou em A Banda, do israelense Eran Kolirin, uma co-produção Israel-França-EUA de 2007, outro filme magnífico como este aqui, como o iraniano A Separação.
Quando vi A Banda, escrevi, quase ao final do comentário:
Só mais uma palavrinha sobre Ronit Elkabetz. Eu disse lá em cima que ela é uma mulher bonita, grande, figura forte, cabelos negros longos. Vou tentar descrever melhor. Ela de fato é uma mulher bonita, uma figura forte, uma presença extraordinária na tela – uma força assim à la Anna Magnani. Não é uma beleza Barbie, hollywoodyana, bollywoodyana, cinematográfica, global, padrão clássico. Não, é muito mais que isso; é uma daquelas belezas fortes de gente normal, gente como a gente, não manequim, modelo – gente de carne e osso, belíssima carne, belíssimos ossos. Bela mulher, maravilhosa atriz.
Está igualmente maravilhosa no filme que escreveu e dirigiu junto com o irmão.
Percebemos pelas suas expressões que ali por dentro de Viviane Amsalem há um vulcão prestes a explodir – mas que aquela mulher tenta segurar, às custas de um esforço enorme, mamutiano, amazônico.
O rosto dela demonstra impaciência, desassossego. Preguiça por estar ouvindo papagaiada idiota. Os nervos à flor da pele. Raiva, ódio.
Um vulcão – tapado à força, a muque.
Viviane é uma senhora beirando os 50 anos, teve quatro filhos, não é uma beleza Barbie, mas está muito bem. Irradia beleza. É segura de si, sabe que é bonita, que é atraente, que é o tipo de mulher que atrai os olhares dos homens nas ruas. Há momentos em que mexe com os pés embaixo da mesa diante da qual se senta no tribunal. A saia é sempre comportada, cobre perfeitamente até o joelho, mas do joelho para baixo as pernas são belas – e Viviane, em alguns momentos, mexe as pernas. Como se estivesse desafiando, provocando a testemunha – e os rabinos que a estão julgando.
Em uma das últimas sessões mostradas no tribunal antes do final do filme, pela primeira vez solta os cabelos longos, imensos, pretos. Vai soltando os longos cabelos bem devagarinho, como se fosse em câmara lenta, como se fosse numa dança, numa performance. O rabino Salmion protesta, manda ela prender os cabelos novamente. Talvez por já não ter mais esperança alguma, talvez como uma vingança não planejada, mais forte que sua própria racionalidade, ela não obedece.
A Viviane criada por Ronit Elkabetz é como a própria atriz, autora e diretora: uma mulher forte, poderosa. Um mulherão, em todos os sentidos.
Os irmãos Elkabetz fizeram três filmes com a personagem de Viviane
Só agora, depois de escrever todo o texto acima, vi no AlloCiné, o site que tem tudo sobre os filmes franceses (e esta aqui é uma co-produção Israel-França-Alemanha) que O Julgamento é o terceiro filme de uma trilogia com a personagem de Viviane. Os dois outros também foram escritos, roteirizados e dirigidos pelos dois irmãos, Ronit e Schlomi Elkabetz, e com a realizadora fazendo o papel da protagonista: To Take a Wife, no original Ve’Lakhta Lehe Isha (2004) e The Seven Days, no original Shiva (2008).
Foram os três únicos filmes dirigidos por Ronit e Schlomi Elkabetz.
Aparentemente, nenhum dos dois filmes anteriores foi exibido comercialmente no Brasil. Sequer tiveram títulos para o mercado brasileiro.
O Julgamento de Viviane Amsalem ganhou 15 prêmios, fora outras 16 indicações. Foi indicada por Israel à corrida para o Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de filme estrangeiro; não chegou a conquistar indicação ao Oscar; foi indicado ao Globo de Ouro, mas não levou.
A Academia de Israel indicou o filme em nada menos de 12 categorias – e ele foi o vencedor como melhor filme e como melhor ator coadjuvante, prêmio que foi para Sasson Gabai. Ele interpreta o rabino Shimon, irmão mais velho do marido de Viviane, que, a partir de um determinado momento, passa a representar o papel de advogado do irmão.
O filme foi selecionado para a prestigiosa Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 2014.
Em entrevista reproduzida no site AlloCiné, Ronit Elkabetz declarou que o filme não é apenas sobre a história de Viviane, “mas sim uma metáfora da condição dessas mulheres que se vêem como prisioneiras perpétuas”. “O filme, assim, representa a condição das mulheres através do mundo, em todos os lugares em que elas são vistas pela lei e pelos homens como inferiores.”
Foi também no AlloCiné que li, depois de ter escrito a imensa maior parte desta anotação, a seguinte declaração da realizadora:
“A câmara está sempre posicionada do ponto de vista de um dos personagens, que olha para outro personagem. Aquele que não está sendo olhado não fica visível. Nós, os realizadores, não contamos a nossa história impondo um único ponto de vista, mas pelo prisma variado dos personagens apresentados no espaço diante de nós. Um ponto de vista subjetivo dentro de um lugar supostamente objetivo.”
Depois deste filme, que é de 2014, Ronit Elkabetz participou de seis episódios de Trepalium, uma série de ficção científica feita pela TV francesa em 2016. Desde 2000 a atriz e realizadora morava na França. No dia 19 de abril deste ano de 2016, morreu, de câncer. Tinha apenas 51 anos.
Absurdo, absurdo, absurdo. Como a realidade de seu país que mostrou tão bem neste filme maravilhoso.
Anotação em novembro de 2016
O Julgamento de Viviane Amsalem/Gett/Le Procès de Vivane Amsalem
De Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz, Israel-França-Alemanha, 2014
Com Ronit Elkabetz (Viviane Ansalem), Menashe Noy (Carmel Ben Tovim, o advogado), Simon Abkarian (Elisha Amsalem), Sasson Gabai (rabino Shimon, irmão de Elisha), Eli Gornstein (rabino Salmion, o juiz principal), Gabi Amrani (Haim, o escrivão do tribunal), Rami Danon (primeiro juiz adjunto), Roberto Pollack (segundo juiz adjunto), Donna Aboukassis (Dalia Beger), Meir (Albert Iluz), Shmuel (Avrahrem Selectar), Galia (Keren Mor), Evelyn (Evelyn Hagoel), Rachel Amzalleg (Rubi Porat Shoval)
Argumento e roteiro Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz
Fotografia Jeanne Lapoirie
Montagem Joel Alexis
Casting Yuval Aharoni
Produção Arte France Cinéma, Canal+ France, DBG / deux beaux garçons, Elzévir & Cie, Films Distribution, Israel Film Fund.
Cor, 115 min
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Belíssimo filme. Andei a pesquisar pela internet e descobri que em Israel há apenas casamentos religiosos – Judeus, Cristãos e Muçulmanos. Quem não for religioso tem que ir a um país estrangeiro para se casar. É mesmo uma barbaridade.