1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2010: O diretor é dos bons: George Cukor. O astro é dos maiores que já houve: Cary Grant. E a estrela é uma das mais fascinantes da História, a grande, imensa, maravilhosa Katharine Hepburn. Foi o primeiro encontro dos dois; em seguida brilhariam em três outros filmes, encantando multidões ao longo de décadas.
Seria então de se esperar que este Vivendo em Dúvida/Sylvia Scarlett, de 1935, em plena era de ouro de Hollywood, fosse no mínimo um filme bonzinho.
É um horror, um pavor, uma coisa sem jeito de tão ruim. É tão ruim, mas tão ruim, mas tão ruim, que lá pelas tantas o espectador até começa a se divertir. Desde, é claro, que adore os filmes dos anos 30 – e seja um pouco louco, que nem eu.
Confesso que pensei seriamente em inclui-lo num dos “Os Filmes que Não Suportei Ver Até o Fim”. Mas, felizmente, continuei – e dei boas risadas, depois que aceitei o fato de que o filme é daqueles de fazer inveja a Ed Wood, o pior diretor de cinema do mundo.
E é fascinante ver que, embora horroroso, este Vivendo em Dúvida antecipa um monte de coisas que viriam depois: antecipa Levada da Breca, Quanto Mais Quente Melhor, Victor/Victoria. E é uma maravilha ver Kate Hepburn, vestida de homem, fingindo que é um rapazinho, com aquele rostinho maravilhoso de Kate Hepburn aos 28 aninhos de idade, como se fosse possível enganar alguém.
Aventura, road movie, romance, saltimbancos, ode aos pobres
É uma grande mistura de aventura, road movie, romance, ode à alma cigana, ao teatro dos saltimbancos, uma homenagem aos pobres, aos destituídos, e aos que praticam pequeninas ou não tão pequeninas contravenções, em contraposição aos ricos, aos bem de vida – em 1935, é preciso lembrar sempre, os países desenvolvidos, os Estados Unidos em particular, estavam mergulhados no fundo da Grande Depressão, com milhões e milhões de desempregados e famintos, e as comédias de Hollywood eram a forma mais barata de se escapar da dura realidade da vida, ainda que por rápidas duas horas.
A trama é toda absolutamente ridícula, cretina, idiota, desde o inicinho – e depois só vai piorando. Começamos em Marselha, onde acaba de morrer a mãe de Sylvia Scarlett, a personagem do título original, o papel de Katharine Hepburn. O pai dela, Henry (Edmund Gwenn), é um pobre diabo que roubou dinheiro da indústria de tecidos na qual trabalha como contador para usar no jogo; sabe que está sendo investigado, será descoberto, e já na primeira seqüência do filme planeja fugir para a Inglaterra – de onde tinha vindo muitos anos antes – usando para isso o dinheiro que a filha havia ajuntado e mais uma quantidade de um tecido muito valioso que havia surripiado no trabalho. Sylvia diz que vai com ele, ele objeta que não pode ser visto com a filha, seria presa fácil para a polícia; ela decide no ato que vai se fantasiar de homem, corta as longas madeixas e… passa a ser Sylvester!
E pronto, lá vão pai e filha de navio de Marselha para a Inglaterra. No navio, ficam conhecendo Jimmy Monkley (o papel de Cary Grant). A princípio, desconfiam que Jimmy é um policial. Depois o bobão do pai conta toda sua história, inclusive sobre o tecido que leva de contrabando.
Jimmy é uma figura. Veste-se bem, mas fala ostensivamente o cockney, o inglês da working class, de quem não alisou banco de escola, aquele que não consegue pronunciar o h aspirado de house, e então fica ‘ause’, e que troca muitos ‘ai’ por ‘i’, e então fala ‘meself”, ‘me money’. (Umas três décadas mais tarde, Cukor voltaria longa e maravilhosamente ao assunto cockney na filmagem esplendorosa da peça My Fair Lady, o musical baseado no Pigmalião de George Bernard Shaw.)
Na alfândega em Dover (imagino que seja Dover, o porto do lado de lá de Calais), Henry é apanhado, revistado, perde o contrabando e ainda tem que pagar multa. Sylvia-Sylverster desconfia que foi o tal Jimmy quem dedurou o pai. E não é que os três se encontram de novo no trem para Londres? E aí Jimmy confessa que, sim, foi ele que dedurou o pai, um modo infalível de fazer a polícia não desconfiar de quem dedurou, de forma tal que ele pôde entrar na Inglaterra com o contrabando que ele também levava. Oferece pagar pelo prejuízo causado a pai e filho, e mais: que tal se os três rapazes se unissem para praticar falcatruas, pegar dinheiro dos bobos?
Estamos com uns dez minutos de filme. Repito: só prossegue a partir daí quem for louco ou muito apaixonado por velhos clássicos da época de ouro de Hollywood. Porque é tudo muito ruim, é tudo muito bobo, idiota, sem sentido, sem lógica – uma gigantesca porcaria.
Um pioneiro na coisa safada da confusão dos gêneros
Uma típica empregadinha inglesa (interpretada por Dennie Moore), muitíssimo dada, como mandava o estereótipo da empregadinha inglesa dos filmes da época, vai tentar beijar Sylvester – epa, quase temos o primeiro beijo lésbico da história do cinema! E depois um rico pintor inglês bem rico e bem pintor vai se sentir atraído por Sylvester, numa avançada insinuação de homossexualismo, ainda que falso – e estávamos décadas antes de Billy Wilder fazer Quanto Mais Quente Melhor e de Blake Edwards levar para as telas Victor/Victoria.
George Cukor (1899-1983), Cary Grant (1904-1986) e Katharine Hepburn (1907-2003) já não eram estreantes, mas estavam, os três, em começo de carreira. Cukor tinha dirigido seu primeiro filme cinco anos antes, em 1930. Cary Grant tinha estreado em 1932, ainda com o nome trazido da Inglaterra, Archibald Leach – mesmo ano da estréia no cinema de Katharine Hepburn, em Vítimas do Divórcio/Bill of Divorcement, dirigido pelo próprio Cukor. (Cukor dirigiria Kate em um total de dez filmes.) Kate havia chegado a Hollywood depois de sucesso de público e fartos elogios da crítica por sua atuação no teatro. Mulher extraordinária, de personalidade forte, corajosa, inteligente, culta, bem informada, Kate é em tudo por tudo admirável.
Teriam, aqueles três novatos, carreiras esplêndidas, ao longo de várias décadas. O trio se reuniria de novo em Boêmio Encantador/Holiday, em 1938, e em Núpcias de Escândalo/The Philadelphia Story, de 1940 – um filme maravilhoso, adorável, que mais tarde inspiraria o também adorável musical Alta Sociedade/High Society, de 1956. Entre o segundo e o terceiro filme dos três juntos, a dupla Grant-Hepburn fez Levada da Breca/Bringing up Baby, sob a direção do grande Howard Hawks. É uma das melhores e mais aclamadas comédias americanas de todos os tempos, o protótipo do subgênero que floresceu naqueles anos da Grande Depressão, a screwball comedy – um tipo de comédia abertamente maluca, amalucada, escrachada, sem grande preocupação com a lógica, o senso, a razão. Décadas depois, esse tipo de comédia seria retomado por Mel Brooks – que por sua vez influenciou todas essas sátiras ao próprio cinema do tipo Apertem os Cincos que o Piloto Sumiu, e que até hoje tem filhotes.
Este Vivendo em Dúvida é outro perfeito exemplo do subgênero screwball comedy. É um filme aquém, ou além, da lógica, do bom senso.
E de fato a gente ri – não propriamente com o filme, mas do filme, de tão ruim que ele é.
E então vamos aos alfarrábios, que necessariamente sabem mais
Escrevi a anotação acima, e mais alguns parágrafos especificamente sobre o DVD (que irão ao final do texto), antes de ler outras opiniões, recorrendo aos livros de consulta apenas para pegar datas e nomes. É como sempre faço: primeiro anoto minhas impressões, relaciono o que vi no filme com o que tenho na memória sobre outros filmes.
Só então – como sempre faço – fui aos alfarrábios, para uma pesquisinha. E a pesquisinha revelou diversas informações muito interessantes. Gostei de ver que eu estava certo ao perceber que o personagem travestido feito por Kate Hepburn realmente é pioneiro, e importante.
Sim – mostram os alfarrábios –, o filme tem sua importância, apesar de ter sido um gigantesco fracasso de público e crítica na época.
Leonard Maltin gostou do filme – Maltin gosta dos clássico, tem respeito por eles. Deu 3 estrelas em 4: “Original, charmosa comédia-drama; Hepburn e pai que nunca dá certo Gwenn vão para a estrada quando ele se encrenca. Ela se fantasia de rapaz enquanto viajam com cockney Grant em show ambulante. Filme muito pouco usual, que se torna interessante pelas atuações de Hepburn e Grant em seu primeiro filme juntos”.
Legal a síntese de Maltin, com a exceção da definição “comedy-drama”. Céus, onde será que ele viu drama no filme? Ou ele escreveu sem ter visto o filme? Tudo bem, não se pode exigir que um cara veja os 18 mil filmes sobre os quais seu guia comenta – mas ele tem mais de uma dúzia de editores e colaboradores!
Mas aí estou tergiversando.
Delícia é Pauline Kael, a grande dama da crítica americana. Dame Pauline é o que há; ferina, sarcástica, cortante feito peixeira afiada, mas cosmopolita, avançada, atentíssima. Sacava tudo – filme e sociedade, o filme que refletia a sociedade e a sociedade que via o filme. Diz ela, na tradução de Sérgio Augusto para a edição brasileira do livro pela Companhia das Letras:
“Este filme de Katharine Hepburn, dirigido por George Cukor, não foi um sucesso – e, sendo fascinante, imagina-se o motivo. Extraído de um romance de Copton Mackenzie, e passado na Cornualha, mas na verdade filmado na costa da Califórnia, traz uma atuação travestida curiosamente erótica – Hepburn se veste de rapaz durante a maior parte do filme – e um caso de amor desconcertante de maneira singular entre Edmund Gwen, como o pai vigarista dela, e uma jovem provocadora estranha (Dennie Moore). O filme parece seguir errado num milhão de direções, mas tem qualidades comoventes incomuns. Cary Grant faz um produto petulantemente simpático dos cortiços ingleses – este foi o filme em que sua energia de fanfarrão apareceu pela primeira vez. Ele e um Brian Aherne pavorosamente confiante são os atores principais, e a bela Natalie Paley a megera vilã. A fotografia extroardinariamente livre é de Joseph August; nenhum outro filme de Cukor dos anos 30 se parece com este. Mas é um filme único de qualquer modo: quando os vigaristas se cansam de uma vida de pequenos delitos, tornam-se atorees ambulantes, e num trecho delicioso Hepburn, Grant, Gwenn e Dennie Moore cantam um número de music-hall sobre o mar. (…) Hepburn conta a história de que, após uma desastrosa mostra para a imprensa na casa de Cukor, ela e ele se ofereceram para fazer outro filme para o produtor, Pandro S. Berman, sem ganhar nada, e ele respondeu: ‘Não quero nenhum de vocês dois trabalhando de novo para mim jamais’. (Contudo, trabalharam.)”
“Um dos filmes mais bizarros produzidos por Hollywood”
O livro The RKO Story traz um monte de informações interessantes sobre o filme. Lá vai:
“Um dos filmes mais bizarros produzido por um estúdio de Hollywood, Sylvia Scarlett agora virou um cult para fanáticos por cinema do mundo todo (o agora do livro refere-se a 1982). No seu tempo, porém, foi considerado por muita gente como o pior filme jamais lançado pela RKO (o estúdio faliu, e seu acervo não foi comprado por nenhuma empresa; falo disso mais adiante). Projeto caro a Katharine Hepburn e ao diretor George Cukor, abre com (três personagens) tentando virar ‘artistas da ilegalidade’ na Inglaterra vitoriana. Essa linha da trama logo se dissolve, e o filme se encaminha para uma variedade de direções inesperadas, todas levemente ligadas pelo tema geral ilusão versus realidade. (…) Um elemento que perturbou especialmente as audiências era Hepburn fingindo ser homem através de boa parte da ação, embora a razão para o disfarce desapareça perto do começo do filme. A atração que ela exerce sobre homens e mulheres era para ser engraçada, mas não funcionou. Nenhum filme causou mais prejuízo à imagem pública de Miss Hepburn do que este. Cary Grant (emprestado pela Paramount) teve uma pequena vitória. No papel do pequeno bandido inglês das classes trabalhadoras Jimmy Monkley, Grant conseguiu mostrar uma habilidade para a comédia e um arco de possibilidades como ator que não haviam ficado evidentes em seus filmes anteriores. (…) O produtor Pandro S. Berman ficou tão horrizado pela violenta antipatia que a audiência demonstrou pelo filme durante suas primeiras exibições que disse a Hepburn e Cukor que nunca mais gostaria de vê-los. Mais tarde ele se acalmou, embora o filme tenha sido um fracasso total (prejuízo de US$ 363 mil).”
O texto fala do prejuízo à imagem pública de Kate Hepburn com toda razão: nessa época, a carreira dela esteve ameaçada por uma série de filmes que não renderam na bilheteria, e muita gente na indústria passou a considerá-la garantia de fracasso. Naturalmente, ela depois daria a volta por cima. E que volta por cima!
E então, finalmente, o DVD brasileiro – Il diavolo è femmina
Lançado no início dos anos 80, o livro sobre os filmes da RKO diz que ele virou um cult. Bem, eu nunca tinha ouvido falar dele – ou, como digo sempre, agora que estou velho: se algum dia ouvi falar, tinha esquecido. Achei na prateleira dos clássicos da locadora – tenho a sorte de estar a oito quadras de uma grande locadora, a melhor de São Paulo. DVD é uma maravilha. O formato, que agora já está ficando velho e ultrapassado, trouxe de volta milhares de títulos – muita obra-prima e também muita porcaria, claro – que tinha estado fora de circulação por décadas.
Um dos fenômenos da era do DVD no Brasil (imagino que em outros países também) é que pequenas empresas se apropriam de cópias de filmes que ficaram sem dono, sem proprietário legal, e os lançam no mercado como se fossem produtos legítimos, não-piratas. Em geral, são filmes feitos por pequenos estúdios, pequenas companhias que deixaram de existir, ou cujos direitos autorais caducaram, caíram num limbo legal. É o caso dos filmes produzidos pela RKO, o primeiro estúdio a contratar Katharine Hepburn quando ela chegou a Hollywood, em 1938: depois da falência do estúdio, esses filmes não têm proprietário legal que possa cobrar os direitos autorais.
Há no Brasil pequenas distribuidoras honestas, sérias, que fazem tudo direito, pagam direitos autorais, pegam cópias boas, autênticas: a Versátil, que se especializou em filmes europeus, e também lançou vários títulos brasileiros, e a Lume, que tem botado nas lojas grandes títulos de filmes que não foram feitos pelos grandes estúdios, ou que as majors não têm interesse em lançar. Porém, há também as empresas com CGJ, cadastro no Ministério da Fazenda – mas que muitíssimo provavelmente não pagam um centevo de direito autoral a ninguém. Pegam uma cópia de filme que está no limbo legal e pimba: lançam no mercado como se fosse produto legítimo.
Nada contra, de forma alguma. Nós, consumidores, espectadores, não perdemos nada com isso.
Mas este é exatamente o caso deste filme aqui – e de todos os lançados com o nome de Silver Screen Collection. A capa traz, grande, o título original, Sylvia Scarlett, e, pequenos, os títulos em português, Vivendo em Dúvida, e em espanhol, La Gran Aventura de Silvia (assim mesmo, com i em vez de y) – uma indicação de que a empresinha paulista pretende atingir também o mercado latino-americano.
Nada contra, nada contra – estou só constatando.
A constatação mais fascinante, no entanto, vem quando a gente põe o DVD para tocar. Os créditos iniciais são todos em italiano! Em italiano! Neguinho pegou uma cópia, provavelmente pirata também, do lançamento italiano, e tascou brasa.
Nada contra, nada contra – mas é interessante vermos os letreiros iniciais não exatamente de Sylvia Scarlett, mas de Il diavolo è Femmina.
De onde será que os exibidores italianos tiraram, para este filme aqui, o título de que o diabo é mulher???
Vivendo em Dúvida/Sylvia Scarlett
De George Cukor, EUA, 1935
Com Katharine Hepburn (Sylvia Scarlett), Cary Grant (Jimmy Monkley), Brian Aherne (Michael Fane), Edmund Gwenn (Henry Scarlett), Natalie Paley (Lily), Dennie Moore (Maudie Tilt)
Roteiro Gladys Unger, John Collier e Mortimer Offner
Basedo no romance The Early Life and Adventures of Sylvia Scarlett, de Compton Mackenzie
Fotografia Joseph August
Produção Pandro S. Berman, RKO.
P&B, 90 min.
*
Katherine Hepburn foi sempre considerada uma
grande atriz, mas nunca atraiu o publico, foi
considerada pela critica certa epoca como
veneno de bilheteria. Eu particularmente nunca tive simpatia por ela e sempre a achei
por demais masculinizada e autoritaria.
Os comentarios que fiz sobre khaterine Hepburn constam nos anais de todos os criticos de cinema. E por motivo de moderação não vou comentar, aquilo que os criticos e jornalistas fofoqueiras de Hollywood publicavam sobre o relacionamento dela com Spencer Tracy.
Obrigado pelo comentário, caro Sidnei.
Eu, de minha parte, sou fã da Katharine Hepburn desde criancinha.
Um abraço.
Sérgio
Não assisti Sylvia Scarlett entretanto por
se tratar de um trabalho de Cary Grant, acredito que valeria apena assistir. Cary Grant foi um dos maiores atores de todos os
tempos, foi considerado o rei da comedia ligeira,tinha um estilo unico na maneira de se vestir e muita classe para lidar com as mulheres. Infelizmente não temos mais glamour no cinema. Quem quizer ver Cary Grant no auge de sua forma assista Ladrão de Casaca onde ele contracena com Grace Kelly
que era um dos mais belos rostos da historia
do cinema.
nunca vi nem A mulher que soube amar. qual é pior?
A sua resenha é péssima do começo ao fim. Você trás a pessoalidade acima da obra que pode muito bem ser descrita criticamente com temas relevantes para a época e que somente veio a ser discutido tardiamente. Hepburn trás em muitos filmes a imagem feminina em contraposição à masculina, infelizmente você não soube trazer isso em sua resenha que é pobre, mas compreendo o motivo, já que em sua fala: Porque é tudo muito ruim, é tudo muito bobo, idiota, sem sentido, sem lógica – uma gigantesca porcaria.
Já deixa claro que você não tem conteúdo o suficiente para fazer uma boa leitura desse filme.