1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Um filme sobre vida em família. A questão é que os principais personagens são chatos e desinteressantes – e então o filme é chato e desinteressante.
O elenco reúne diversos bons atores – Julia Roberts, a linda e ótima inglesa Emily Watson, Willem Defoe, Carrie-Ann Moss. A trilha sonora é boa, assim como a fotografia; há belas tomadas, belos enquadramentos. O problema é que a história é capenga, e os personagens são chatos.
Isso fica claro já na primeira seqüência de ação, depois de termos visto belíssimas imagens durante os créditos iniciais. Temos uma família dentro de um carro, sob chuva forte. O pai, Charlie (Willem Defoe), está implicando com o filho, o garoto Michael, de dez anos (Cayden Boyd); a mãe, Lisa (Julia Roberts), tenta defender o menino, mas o pai continua implicando com ele porque o garoto não sabe onde deixou os óculos caros. De repente o pai pára o carro – estamos numa estrada, no meio do nada – e diz para o garoto voltar para casa a pé, na chuva danada. O garoto sai do carro, o carro dispara na estrada.
Não é gente pobre. Ao contrário: o pai é professor em universidade e escritor, o padrão de vida deles é ótimo. Por que então a mãe não pega o garoto e vai viver longe desse pai pentelho, irritante, dominador, chato de galocha, capaz de crueldades como essa de deixar um garoto sozinho no meio do nada e embaixo de uma chuva forte? Por que ela não casca fora, de preferência para morar na outra extremidade do país?
Sim, mas aí não haveria filme, certo?
Tem virado mania, no cinema americano, contar histórias de pessoas focalizando diferentes épocas de suas vidas e colocando as diferentes épocas lado a lado, entremeando fatos das diferentes épocas na narrativa. Este filme aqui segue esta mania: logo depois de uma bela tomada do garoto Michael correndo num campo de trigo no meio da chuva, corta e estamos vendo Michael adulto, com uns 30 anos, agora interpretado por Ryan Reynolds, um ator de quem eu nunca tinha ouvido falar. Michael adulto está num avião, indo para sua cidade natal (o filme não diz que cidade é). O filme vai ficar indo e voltando no tempo incessantemente – um saco.
Veremos então que Michael, que foi tratado com dureza, aspereza e pura e simples crueldade pelo pai e protegido, mas mal protegido, pela mãe, virou um adulto quase tão chato quanto o pai. Ele é também um escritor, como o pai; é um sujeito impaciente, trata mal as pessoas, é grosseiro, egoísta. Tal pai, tal filho. Gente chata, desinteressante, que não aprende nada na vida.
Coisa mais chata.
Ah, sim: e Julia Roberts, que poderia ser um colírio em meio a tanta chatice, aparece muito pouco; é quase uma participação especial.
Um Segredo Entre Nós/Fireflies in the Garden
De Dennis Lee, EUA, 2008
Com Ryan Reynolds, Julia Roberts, Emily Watson, Willem Defoe, Carrie-Ann Moss, Hayden Panettiere, Cayden Boyd
Argumento e roteiro Dennis Lee
No DVD. Produção Senator Entertainment. Estreou em SP 31/10/2009
Cor, 120 min.
*
Título em Portugal: Um Segredo Muito Nosso
Sérgio diz bem que se acertassem as coisas não haveria filme, pura verdade.Concordo que o contínuo movimento do tempo atrapalha bastante. Talvez tenha sido por isso que eu vi pela segunda vez, hoje, e gostei muito mais do que da primeira. Embora daquela não tenha achado o filme assim tão chato.Há muito o que apreciar no filme. Vida de família é vida igual a da gente ou de alguem que nós conhecemos, e os comportamentos são sempre assunto que aprecio. Sobre Ryan Reynolds , foi a partir desse filme que tomei conhecimento dele e, depois disso, tenho apreciado alguns bem interessantes. Passei a dar um crédito a filmes dos quais ele participa.Não dá para citar porque sou danada para esquecer os “títulos”.
Realmente de quando em vêz e, muito de vêz em quando,como tu dizes, Sergio, aparecem estes filmes com esse vai e vem sem fim e, são poucos os que não se tornam chatos como este. Apesar disto,eu gostei do filme.É um tema já bastante comum também.Um drama familiar, mas que, podería (eu acho) ter sido
melhor elaborado. De fato, aquele não era um pai mas sim,um carrasco e,eu como seu filho,
tería perdido todo o amor por ele.
Sabes, Sergio, um exemplo desses filmes que ficam no vai e vem, é “SEM MEDO DE MORRER” –
(the life before her eyes)2007,com Uma Thurman e Evan Rachel Wood.Um filme muito bom
mas que fica cansativo,chato e confuso por causa dos vai/vem e, ainda por cima, o final
é daqueles “em aberto”.
Bem, voltando ao nosso ” um segredo…”,deu prá sentir muita raiva daquele pai e aí está o talento do Defoe nos passando este sentimento. Além do Defoe, quem brilha também
é a ótima Emily Watson que para mim, é muito mais atriz do que a Julia,que de fato, pouco aparece.
Eu posso dizer à Maria B. Marques, que com o Ryan, eu assisti, “enterrado vivo”,”tres vezes amor”,”tempo de crescer” e “eu quería ter sua vida”. Ele é mais de atuar em comédias/drama – comédias/romance. Para mim, é um ator mediano (com todo respeito por sua admiração por ele).
Foi um bom filme, gostei.
Um abraço para ti,Sergio e outro para a Maria
B. Marques.