3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Este pequeno ótimo filme francês tem como pano de fundo a brutal desigualdade na nova Europa unificada e a miséria profunda dos países ex-comunistas.
Michel Blanc faz o papel de Aymé, um fazendeiro francês absolutamente duro, seco, insensível, que perde a mulher e não sente qualquer dor – apenas fica preocupado com a falta que lhe farão os dois braços dela no serviço pesado da lavoura.
Como não pode prescindir de uma escrava que o ajude no trabalho duro da fazenda e depois, nas horas vagas, cuide da casa, da limpeza, das roupas e da comida, vai a uma agência de encontros, de casamentos. A mulher da agência o convence de que é mais fácil encontrar uma esposa nos países ex-comunistas empobrecidos da Europa Central. E lá vai nosso Aymé para a Romênia, onde é apresentado a diversas mulheres que, de francês, conhecem a expressão “Je vous trouve très beau” – uma saudação puxa-saco pronta para agradar ao estrangeiro que poderá tirá-las da miséria.
Entre essas mulheres está Elena, uma jovem e bela mãe de duas filhas, terrivelmente necessitada de dinheiro. Elena é interpretada por Medeea Marinescu, uma jovem romena de Bucareste, nascida em 1974, que já fez filmes em seu próprio país e também na França – uma graça de atriz, bela e talentosa.
Aymé leva Elena para a França; tentará esconder da família que se casou com ela, inventará histórias tolas – que serão, claro, desmascaradas.
Daí pra frente, o espectador sabe o que vai acontecer, é previsível – o coração duro do fazendeiro vai se derreter, ele vai descobrir pela primeira os prazeres da vida, vai se apaixonar. É previsível, sim – mas tudo é muito bem contado, com grande sensibilidade, um suave humor e uma grande solidariedade pelas pessoas despossuídas.
Esse carinho pelos despossuídos dos países que passaram décadas sob o comunismo, tornados satélites do império soviético, e que, com o desabamento do regime, nos anos 90, mostraram as chagas da pobreza, está presente em outro filme do Leste Europeu recente, o delicioso Minha Mãe Gosta de Mulher/A Mi Madre le Gustan las Mujeres: a moça por quem a mãe do título se apaixona é checa, e procura na Espanha a qualidade de vida que seu país não tem condições de oferecer.
A diretora e roteirista deste filme delicioso, Isabelle Mergault, ganhou o César, o mais importante prêmio francês, de melhor primeiro filme. Antes de passar à direção, teve vasta carreira como atriz em mais de 40 filmes.
Você é Tão Bonito/Je Vous Trouve Très Beau
De Isabelle Mergault, França, 2005.
Com Michel Blanc, Medeea Marinescu
Argumento e roteiro Isabelle Mergault
Música Bob Lenox e Alain Wisniak
Cor, 97 min.
***
Assisti a esse filme no final de semana que passou e de fato achei-o sensível, delicado e marcante. Um filme maior do que o esperado por mim.
Hoje achei o seu site, sem querer. Devo confessar que me apaixonei por ele e pela maneira como você escreve.
Parabéns, é um belo e completo trabalho.
No filme “A Gaiola Dourada” você Sérgio o comentou com uma frase que ficou tatuada no meu cérebro, “Eis aí uma pequena pérola, uma joia perfeita, um filme de deixar o espectador feliz, levitando, cinco centímetros acima do chão”. Isto cabe também a este filme!
onde encontro esse filme para assistir , voce é tão bonito
Olá, Denise!
Infelizmente, não sei como ajudar você.
Vi o filme (conferi agora) na TV, no antigo Telecine 5, hoje Telecine Cult. Não sei se foi lançado em DVD ou se está disponível no Now ou na Netflix.
Espero que você tenha sorte ao fazer uma busca na internet.
Um abraço.
Sérgio