3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Esta é uma comedinha romântica tão gostosa quanto previsível – mas existe alguma comedinha romântica que não seja previsível? E mais ainda: existiria alguém interessado em imprevisibilidade em comédia romântica?
Existiria alguém (fora os críticos da Folha e do Estado, é claro) interessado em imprevisibilidade, transcriação, nova revolução no show do Caetano e Roberto cantando Tom?
Epa – tergiversei. Uma coisa puxa a outra, e então…
Mas vamos lá: está é uma comedinha romântica previsível em quase tudo, e bem gostosinha, sobretudo por causa dos dois atores ingleses belos e talentosos, Kate Winslet e Jude Law, mas também por outras coisas, como algumas considerações sobre o próprio cinema e o elogio da experiência, da maturidade e da solidariedade, que aparece com a figura do velho e solitário roteirista de Hollywood que o personagem de Kate Winslet fica conhecendo.
Cameron Diaz é Amanda Woods, uma muito bem sucedida produtora de clips ou trailers de filmes (ou algo parecido), uma pentelha espalhafatosa de Los Angeles, e Kate Winslet é Iris, não tão bem sucedida na profissão, que trabalha numa editora (ou algo parecido), uma gracinha de pessoa um tanto tímida, que mora num subúrbio e vai todo dia a Londres para o serviço. As duas têm em comum o fato de estarem infelizes no amor – a americana acaba de dar o fora no namorado infiel (Edward Burns), e a inglesa acaba de saber que o objeto de sua paixão vai se casar com outra.
Pela internet, Amanda e Iris ficam sabendo que uma e outra estão querendo colocar sua casa à disposição de alguém para passar a semana perto do Natal em um outro ambiente. E então combinam trocar as casas. A pentelha americana rica vai parar, com sua histeria, seus saltos altíssimos e sua mala gigantesca, num subúrbio inglês longe da badalação e tomado pela neve. E a gracinha da inglesa bem mais pobre se vê numa casa cinematográfica na sempre ensolarada capital mundial do cinema.
Não é necessário dizer o que vai acontecer com cada uma delas, é claro. Tá na cara.
Nem é necessário dizer que Kate Winslet e Jude Law estão ótimos, porque eles são ótimos em tudo o que fazem. Jack Black, esse eterno intérprete do personagem Jack Black, até que está legal no papel de um compositor de trilhas sonoras – faz boas piadinhas cantarolando trechos de trilhas de sucesso ou marcantes como Tubarão.
Essa seqüència, numa locadora de DVDs de Los Angeles, é ótima. Ele vai pegando os DVDs e comentando sobre as trilhas sonoras e às vezes seus autores – Carruagens de Fogo/Charriots of Fire, de Vangelis; A Missão/The Mission, de Ennio Morricone; …E o Vento Levou/Gone With The Wind, de Max Steiner; A Primeira Noite de um Homem/The Graduate – e neste momento aparece, diante de uma prateleira ao lado, Dustin Hoffman procurando por um filme e rindo do sujeito que está cantarolando para a moça Mrs. Robinson, o tema do filme que o revelou.
E ainda tem o veteraníssimo Eli Wallach, coadjuvante em dezenas e dezenas de filmes dos anos 50, 60 e 70, ótimo no papel de Arthur Abbott, que já foi um roteirista importante e agora já não é mais nada, é um, como gostam de dizer os americanos, has been, um já foi; ninguém o conhece mais, ninguém sabe que ele teve uma carreira sólida e elogiada – até que ele se encontra por acaso com aquela inglesinha em férias que tenta esquecer o mal do amor.
Eis uma frase de Arthur Abbott:
“Eu vim para Hollywood uns 60 anos atrás, e imediatamente me apaixonei pelos filmes. E é um caso de amor que durou a vida inteira. Quando eu cheguei aqui em Tinseltown, não existiam cineplexes ou multiplexes. Cheguei aqui antes que os conglomerados fossem donos dos estúdios. Antes que os filmes tivessem equipes de efeitos especiais. E especialmente antes que os resultados das bilheterias fossem anunciados como os placares de basquete no noticiário noturno.”
Pela boca de Eli Wallach, a diretora e roteirista Nancy Meyers, bela figura, diz uma frase parecida com a que eu uso sempre aqui: como era melhor o cinema antigamente.
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Só existem duas ou três histórias na vida, no mundo nada se perde, tudo se copia. Este filme aqui é de 2006. Depois de vê-lo, fiquei sabendo da existência de Tara Road, uma produção irlandesa de 2005, em que uma mulher irlandesa (interpretada por Olivia Williams) troca de casa com uma americana (Andie MacDowell) por uma temporada.
O Amor Não Tira Férias/The Holiday
De Nancy Meyers, EUA, 2006.
Com Kate Winslet, Jude Law, Cameron Diaz, Jack Black, Edward Burns, Eli Wallach. E, em rapidíssima participação especial como ele mesmo, Dustin Hoffman.
Roteiro Nancy Meyers
Música Hans Zimmer
Produção Columbia
Cor, 138 min.
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Eu adorei esse filme, só não gostei mais por causa da Cameron Diaz, que tava muito mal (teve algum filme que ela fez bem?). Não teve química com o Jude, que aliás, estava perfeito. Revi esse filme há pouco tempo e prestei muita atenção nele, rs, e ele não foi caricato em nenhum momento*. A Cameron, por sua vez, cheia de caras e bocas, não convenceu a ninguém. A Kate tb estava muito bem, pra variar. Aliás, os atores ingleses mandam muito bem na maioria das vezes. E a Kate é tão bonita… claro que não é uma beleza óbvia. Ela teria feito um belo par com o Jude. Rachando de rir do “pentelha espalhafatosa”. Pelo que entendi, a personagem era produtora de trailers de filmes, mesmo. Previsível, como toda comédia romântica, mas com algumas surpresas pelo caminho… e a participação do “vovô”, muito legal. A amizade dele com a personagem da Kate tb. Achei bem delicado a rosteirista colocar isso. Nem preciso dizer que chorei na cena da homenagem que fizeram pra ele, rs.
*SPOILER:
E quem não quer casar com um editor de livros londrino com duas filhas fofas e que ainda cria uma vaca no quintal? hahaha, me ganharia de cara.
Ah, voltei pra dizer que vi o “Tara Road” (eu não lembrava que tinha visto, mas “gulguei” e lembrei). Como já faz tempo, não lembro de tudo, mas lembro que não achei grande coisa, achei meio sacal até e um pouco deprê. “O amor não tira férias” é bem melhor.
E esqueci de dizer que o Jude Law é lindo, rs, e tá mais lindo ainda nesse filme. Só não sei como ele conseguiu ficar bronzeado com o filme se passando em pleno inverno.
Acabei de ver, nesse minutinho. Nunca Jude Law foi tão delícia como avisando que é chorão…a pergunta que não quer calar em mim: pra ser bom um filme hoje tem sempre que fazer menção ao que já se foi? Parece que sim, ah, que saudade da Irene Dunne (ou ainda Me West)…
Eu revi este filme algumas vezes, pois acho o tipo de filme delícia de rever – o tipo que a gente revê sorrindo. E lá pelas tantas – não foi da primeira vez – notei o óbvio, as distintas reações de Amanda (Cameron Diaz realmente não é boa atriz) e de Iris (Kate Winslet, um encanto; demorei a gostar da atriz, mas agora gosto) a homens pilantras: uma chora e quer morrer (pode??); a outra dá um soco no imbecil. Viva Amanda! (apesar de ser a Cameron Diaz).