3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Há um tanto de abuso na mistura de P&B e cor. Há um tanto de abuso de criativol no roteiro. Há um tanto de abuso de cenas de sexo (não sou propriamente um moralista, bem ao contrário, mas acho meio apelativo o exagero, e acho bem desagradável close de pau duro).
Mas, apesar disso, é um filme bem interessante este – do qual eu já conhecia a música extraordinária de Alberto Iglesias, o compositor dos filmes de Almodóvar. Almodóvar, aliás, seguramente é uma forte influência sobre esse diretor Julio Medem.
É uma daquelas narrativas em que se misturam a ficção que o personagem está escrevendo com a vivência real do personagem. Tem pouco a ver, mas me lembrei de O Magnífico/Le Magnifique, em que o Philipe de Broca faz isso muito bem, mas de forma cômica. Aqui tudo é trágico, naquele tom bem Almodóvar de tragédia explícita e muito forte e muito passional, à la Espanha pós-redemocratização.
O excesso de criativol vai no fato de que o personagem do escritor (Lorenzo, interpretado por Tristán Ulloa) escreve um texto que permite aos personagens recomeçarem suas vidas, mudarem seu destino, na metade do livro – e o filme circularmente acaba fazendo isso também.
A beleza dessa moça Paz Vega, nascida em 1976, que faz a Lucía (na pronúncia espanhola, lussía, com acento no i, nada a ver com Lúcia) é extraordinária; ela é assim uma Penélope Cruz ainda melhorada. Essa moça de nome quase impossível, Najwa Nimri, eu já havia visto no excelente O Que Você Faria?/El Método; é uma grande atriz, e é também cantora de um rock pós-moderno que a mim não agrada; ela faz Elena, a mulher que transa com Lorenzo na ilha antes de ele conhecer Lucia, e tem uma filha com ele, mas nunca mais o revê, até os instantes finais do filme.
E tem ainda Elena Anaya, que faz o papel de Belén, a sensualíssima babá da filha de Elena com Lorenzo. Nascida em 1975, está em outros filmes importantes (Fale com Ela/Hable con Ella, Sem Notícias de Deus/Sin Notícias de Diós) e também tem carreira fora da Espanha (Dead Fish, Van Helsing), assim como Paz Vega.
É um filme que merece ser revisto.
Lúcia e o Sexo/Lucia y el Sexo
De Julio Medem, Espanha-França, 2001.
Com Paz Vega, Tristán Ulloa, Najwa Nimri, Daniel Freire, Elena Anaya
Roteiro Julio Medem
Música Alberto Iglesias
Cor e P&B, 128 min,
***
Não fosse por algumas outras qualidades (e, realmente, por alguns defeitos, como o excesso de criativol), a presença de Paz Vega já faz valer o filme.