2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Jogos Patrióticos é um bom filme de ação, muito melhor que a média do gênero, e tem a vantagem de mexer com a Irlanda, esse país tão fascinante.
Já tínhamos visto o filme no cinema, Mary e eu, no maravilhoso Comodoro da Avenida São João, em 1992; na época, não anotei nada sobre ele, fora o fato de ter visto no dia tal no cinema tal. Em 2007, estava começando na TV enquanto zapeávamos, e paramos nele. Gostei de rever, e achei interessante ver que quem interpreta a terrorista é a lindérrima Polly Walker, boa atrriz que reveríamos pouco depois num dos principais papéis de Roma, a senhora série feita pela união do talento e da grana da HBO e da BBC; da primeira vez que vi o filme, não a conhecia.
Sim, mas e o filme, cacilda?
Bem, o filme é um dos três que foram feitos com base nos livros do autor de best-sellers Tom Clancy com o personagem Jack Ryan, um ex-agente da CIA. Antes de Jogos Patrióticos tinha tido A Caçada do Outubro Vermelho/The Hunt for Red October, com Alec Baldwin no papel de Jack Ryan. Quem dirigiu este Jogos Patrióticos, em 1992, e depois, em 1994, Perigo Real e Imediato/Clear and Presente Danger, também com Harrison Ford como o protagonista, foi o australiano Phillip Noyce, um bom diretor, interessante figura.
Quando o filme começa, o ex-agente Jack Ryan está de férias em Londres, com a mulher (Anne Archer) e a filhinha (Thora Birch). Por mero acaso, presencia um ataque terrorista – que seria atribuído ao IRA – contra um membro do governo britânico. Claro que ele intervém, e mata um dos terroristas, o que o tornará marcado para morrer por Sean Miller (Sean Bean), o irmão da vítima.
O espectador verá em seguida que na verdade o atentado foi cometido por um grupo radical chefiado por esse Sean Miller que não tem o apoio do IRA, e que fará treinamento na Líbia, conforme a CIA descobrirá. Teremos então várias perseguições em vários continentes – a CIA perseguindo os terroristas na Líbia, os terroristas perseguindo Jack Ryan e família nos Estados Unidos.
Nada sério, nada importante, mas um bom filme de ação, na minha opinião – eu, que não sou propriamente fã de filmes de ação e detesto, em especial, perseguições de carro como a que o filme mostra, e com muita competência, aliás.
Por isso – por ter gostado do filme, embora não seja o tipo de filme de que eu mais gosto -, me diverti ao ler a longa crítica do Roger Ebert. Nela, esse crítico que adora ver filmes se mostra mais radical do que eu na coisa de repudiar os filmes de ação que se fazem nas últimas décadas. Ele diz que, pelo que conheceu através da leitura de A Caçada do Outubro Vermelho, as histórias de Tom Clancy são mais cerebrais, sem cenas de ação à la Indiana Jones, como as que estão neste filme, especialmente na parte final.
Mais adiante, ele reclama das “decisões que só são tomadas pelos personagens de thrillers”. O herói Jack Ryan, mesmo sabendo que ele e sua família estão sendo perseguidos por terroristas bem treinados e ferozes, decide levar a mulher e a filha para sua idílica casa à beira mar, onde os bandidos podem (e vão) facilmente atacar. Claro – diz Ebert -, se Jack Ryan tomasse a decisão correta, e as deixasse seguras em algum bem protegido prédio da CIA, o filme terminaria, e não haveria toda a caçada que há na segunda metade. “Tais decisões”, reclama o crítico, com toda lógica possível, “não fazem o personagem parecer muito inteligente”.
E Ebert ainda reclama dos filmes de ação com cenas de sexo. No começo do filme, a terrorista interpretada pela bela Polly Walker tem uma transa com um sujeito na Irlanda – apenas um disfarce para permitir que o bando de fanáticos invada o lugar e promova uma carnificina. Diz o Ebert, ranzinza como poucas vezes o vi: “Patriot Games ao menos tem a virtude, nesta época de pornôs suaves mascarados como thrillers duros, de ser sobre personagens mais interessantes do que a vida sexual dos personagens”.
Beleza de frase, que realmente resume todo um gênero de filmes das últimas décadas: esta época de pornôs suaves mascarados como thrillers duros.
Uma figura, o Ebert. Ele tem umas idiossincrasias muito parecidas com as minhas.
Como texto na internet não derruba árvores, transcrevo aí abaixo o comentário dele.
Mas antes gostaria de lembrar que Phillip Noyce é de fato um sujeito competente e interessante. Ele sabe fazer filmes de ação com talento, como comprova neste aqui e também em O Colecionador de Ossos. Mas diz que faz isso por profissão, para ganhar a vida. Quando pode, faz filmes sérios. Geração Roubada/Rabbit-Proof Fence, que ele fez em sua terra natal, em 2002, é um belo, pesado, importante relato que denuncia um fato que o governo australiano certamente preferiria manter escondido: a absurda política racista contra os aborígenes, nos anos 30.
E ele conseguiu juntar ação – em cenas bem feitíssimas, de brilhante artesanato – e cerebrais considerações políticas ao filmar, também em 2002, O Americano Tranqüilo, o livro de Graham Greene sobre o início do envolvimento americano no Vietnã, ainda durante o domínio colonial francês, nos anos 50.
Bem, eis a deliciosa crítica do Roger Ebert:
You don’t expect a Tom Clancy movie to end with people tracking each other around a darkened house, followed by a gun battle involving two speedboats, one of them on fire, on a dark and stormy night. I haven’t read Clancy’s Patriot Games, and for all I know this movie is faithful to his book, but on the basis of The Hunt for Red October, which I have read, I expected this one to be a little more cerebral and without the Indiana Jones ending.
The movie opens well, with Jack Ryan, sometime CIA agent, in London with his family to attend a conference. Ryan is played by Harrison Ford with just the right note: man of action with a cerebral side. His wife is played by Anne Archer, and they’re out with their little girl to see the sights when they suddenly walk into the middle of a murder-kidnapping by Irish terrorists. Ryan gets involved, is hailed as a hero, and wins a place on the enemy list of a fanatic terrorist named Sean Miller (Sean Bean).
There is a touch of Clancy in the behind-the-scenes stuff about the Irish nationalist movement (the official IRA and its spokesman, played by Richard Harris, want nothing to do with this splinter faction). And there are a couple of shallow, unconvincing but obligatory scenes where Ryan gets a dressing-down from his once and future CIA bosses. But then the movie settles into more traditional thriller patterns, until it all comes down to people creeping around in a dark basement.
Clancy is known for his expertise on high-tech, state-of-the-art weapons and surveillance systems, and for me the most interesting scenes in the movie involve survey satellites that are used to spy on the activities at terrorist training camps in the Sahara. We see the outlines of tents and vehicles against the sand, and then Ryan frowns, his brow furrowing, and asks the technician to enlarge one part of a frame. Then a little more. “Can you increase that resolution?” he asks. And then, whatdaya know, the fuzzy blobs on the screen resolve themselves into a low-cut neckline. Yep-it’s a girl! Just the proof they were looking for that this is the Irish terrorist training camp.
If you think that’s amazing, wait until you see the heat-sensitive photography used to provide live pictures of a night raid on the camp. We can actually see people getting killed, although unless I missed something, the movie doesn’t bother to explain why all of the terrorists are still alive in the following scenes. (Maybe that was the wrong neckline?)
PATRIOT GAMES includes the usual decisions that are made only by the characters in thrillers. For example, aware that vicious hit men have targeted his family, Ryan takes his wife and daughter to their isolated home, on a wind-and rain-swept coast. I forgive movies for decisions like this, because I know that if Ryan did the obvious thing and set up bunks for his family inside a vault at CIA headquarters in Langley, the movie would be over. But such decisions don’t make the character seem much brighter.
PATRIOT GAMES at least has the virtue, in this season of soft porn masquerading as hard thrillers, of being about subjects more interesting than the characters’ sex lives. The high-tech stuff is absorbing. Harrison Ford once again demonstrates what a solid, convincing actor he is, and there’s good supporting work from Archer, Thora Birch as the Ryans’ precocious daughter, and the irreplaceable James Fox as a British cabinet minister. But at the end, when a character is leaping into a burning speedboat in choppy seas, I wondered if this was exactly what Tom Clancy had in mind.
Jogos Patrióticos/Patriot Games
De Phillip Noyce, EUA, 1992
Com Harrison Ford, Anne Archer, James Fox, Samuel L. Jackson, Polly Walker, Thora Birch
Roteiro W. Peter Iliff e Donald Stewart
Baseado na novela de Tom Clancy
Música James Horner
Cor, 117 min
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