Nota: 
Anotação em 2006, com complemento em 2008: Eis aí um filme que faz brincadeira com um assunto sério demais – nazistas criminosos de guerra vivendo hoje impunes na casa ao lado da sua.
Dan Ayckroyd, com aquela cara bonachona, bem-humorada e com um leve ar de bobo dele, faz o papel de um professor de ética que fica sabendo pela TV que seu vizinho, um velhinho pacato (Jack Lemmon), pode na verdade ser um nazista responsável pela morte de centenas de pessoas. O velhinho garante que não é nada disso. O professor de ética vai ter um caso com a filha dele (Lily Tomlim) – e haverá reviravoltas, teoricamente para fazer o espectador rir.
Pode ser que alguém ache graça. Eu não acho graça alguma. Pode ser um defeito meu, mas essa coisa de brincar com temas sérios demais me incomoda bastante. Faz lembrar Ruth em Questão/Citizen Ruth, em que o diretor Alexander Payne, aliás do mesmo ano deste Meu Vizinho Suspeito, transforma a questão do aborto numa disputa entre torcidas, aquele espetáculo americano em que as cheerleaders, as mocinhas à la Barbie, gostosinhas, dançam no campo para animar os torcedores. Ou ainda A Vida é Bela, de Roberto Begnini, de 1997, em que o diretor tenta fazer graça com os campos de concentração – e só consegue provar que ele é mais chato de galocha do que o Faustão da Globo.
Com medo de estar fazendo um julgamento muito pessoal demais, tento uma segunda opinião. Leonard Maltin, que normalmente usa entre 0,5 e 4 estrelas, como boa parte dos guias, abre uma exceção e dá bomba, em caixa alta, para o filme: “nadir na carreira cômica das pessoas dos dois lados da câmara”. De fato, esses bons atores – Jack Lemmon, Dan Ayckroyd, Lilly Tomlim – poderiam perfeitamente ter passado sem essa mancha em seus currículos.
Meu Vizinho Suspeito/Getting Away With Murder
De Harvey Miller, EUA-Inglaterra, 1996.
Com Dan Ayckroyd, Jack Lemmon, Lilly Tomlim, Bonnie Hunt,
Argumento e roteiro Harvey Miller
Cor, 81 min