2.5 out of 5.0 stars
Comentário em 2006, com complemento em 2008: Um interessante filme co-produzido pela Itália e Alemanha Oriental (sim, a comunista), feito pela italiana Liliana Cavani, sobre o caso homossexual de uma bela alemã, mulher de funcionário do governo nazista, com a filha do embaixador japonês, às vésperas da Segunda Guerra.
Alemanha, Itália, Japão – estranho ver as três nacionalidades que formaram o Eixo e enfrentaram o resto do mundo na Segunda Guerra Mundial reunidas num filme feito exatos 40 anos após o fim do conflito.
Liliana Cavani, nascida em Capri em 1933, ficou conhecida internacionalmente com O Porteiro da Noite/Portiere di Notte, de 1974, em que, 13 anos após o final da Segunda Guerra, um ex-oficial nazista (Dirk Bogarde) tinha uma estranhíssima relação sadomasoquista com uma mulher que havia conhecido quando ela era prisioneira de campo de concentração (Charlotte Rampling). Seus filmes são ousados na abordagem do sexo, e ela ainda mistura sexo com política – como faz mais uma vez neste filme aqui.
Jean Tulard, em seu dicionário, fala das polêmicas que os filmes de Liliana Cavani provocaram, mas diz que ela “permanece uma das grandes figuras do cinema”. Diz, no entanto, que neste filme aqui ela extrapolou, e a “história deixa rapidamente de ser crível”. No seu dicionário, Rubens Ewald Filho resume que ela sempe buscou polêmicas e escândalos, e não consegue esconder o mau caráter.
Não enxerguei mau-caratismo neste filme – mas vi, é claro, a obsessão da diretora com o escândalo, a polêmica. A produção é bem cuidada, a reconstituição de época, suntuosa – e a diretora, como é de seu estilo, põe muita pimenta na relação entre as duas mulheres.
Interno Berlinense/The Berlin Affair
De Liliana Cavani, Itália-Alemanha Oriental, 1985.
Com Gudrun Landgrebe, Mio Takaki
Roteiro Liliana Cavani e Roberta Mazzoni
Baseado na novela The Buddhist Cross, de Junichiró Tanizaki
Música Pino Donaggio
Cor, 122 min. Nos EUA foi exibida versão com 96 min
Penso que o filme deva ser entendido como ficção. Se causa polêmica ou não, depende do ponto de vista do expectador sobre a narrativa: não é a diretora que está em questão, mas a obra. Vejo- como um grande filme em termos de roteiro, técnica, música e interpretação dos atores, com especial menção à marvilhosa atuação de Gudrun Landgrebe. No meu ponto de vista, essa obra prima focaliza os caminhos e descaminhos das relações eróticas humanas no contexto da Alemanha nazista. Se “50 Anos de Filmes” souber onde posso comprá-lo, no formato DVD, peço que me informe.
Cara Maria Aparecida,
Obrigado pelo seu comentário. É sempre bom receber comentários com opiniões diferentes das minhas.
Parece que o DVD não está disponível nos sites brasileiros de venda. Se chegou a ser lançado aqui, esgotou-se e não foi relançado.
Mas você poderá encontrá-lo no Amazon, e certamente também em outros sites de venda do Exterior.
Um abraço.
Sérgio
Consegui baixar uma cópia em inglês desse belo filme. Vi Porteiro da Noite, Atrás Daquela Porta; a diretora pega pesado nas temáticas. Mas não acho que apimentou demais a relação das duas mulheres. Relações entre mulheres são normalmente descritas com muita leveza, delicadeza etc. Bom mostrar um pouco de pimenta.