2.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2006, com complemento em 2008: Nunca tinha me animado a ver este filme famoso por ter sido o primeiro a falar de assédio sexual de uma mulher sobre um homem, até uma madrugada em que dei de cara com ele começando na TV a cabo. Deve sem dúvida ser bem inferior ao livro muito badalado de Michael Crichton – mas não é um mau filme.
OK, está lá o Michael Douglas exagerando no seu eterno papel de Michael Douglas, e a Demi Moore não é assim propriamente uma Judi Dench, mas, apesar de tudo, não é um mau filme.
A história é conhecida. Numa empresa de tecnologia, fabricante de computadores, reencontram-se Tom (Michael Douglas) e Meredith (Demi Moore), que já tinham tido um caso no passado. Agora Meredith, que acabou de chegar à empresa, é superior hierárquica de Tom, que está casado e bem casado. Uma bela noite ela parte para cima dele. O coitado bem que resiste àquela Demi Moore toda abrindo as pernas para ele, mas as coisas vão ficar mais complicadas quando Meredith mostra que sua ambição não tem fronteiras, e está disposta a estragar a carreira de Tom para esconder suas próprias falhas profissionais. E aí ele decide ir à Justiça com a queixa de assédio sexual.
Roger Ebert, que, como eu sempre digo, gosta de ver filmes, não gostou deste aqui. Diz que o filme contém uma tomada magnífica de Demi Moore atacando Michael Douglas “cercada por 125 minutos de pura patetice levando a este momento e resultando dele”. O filme, segundo ele, “é um exercício de puro cinismo, com pouco respeito pelo seu tema – ou por sua trama de thriller, que eu desafio alguém a explicar”.
Segundo o iMDB, o grande Milos Forman chegou a ser chamado para dirigir o filme, mas caiu fora por desentendimentos com Michael Crichton – que, aliás, vendeu os direitos de filmagem da história por US$ 1 milhão antes mesmo de o livro ser publicado.
Assédio Sexual/Disclosure
De Barry Levinson, EUA, 1994.
Com Michael Douglas, Demi Moore, Donald Sutherland, Caroline Goodall
Roteiro Paul Attanasio
Baseado no livro de Michael Crichton
Música Ennio Morricone
Produção Warner Bros.
Cor, 128 min.
**
Mais um filme intrigante que tem tido uma retrospectiva deveras positiva.
A sua crítica é muito curta! Penso que o cinema trash tem o seu lugar na história do cinema, afinal fazer obras com caris sensacionalista requerem talento a la Adrian Lyne, Paul Verhoeven, etc, e com o tempo tenho aprendido que não chega dizermos que um Citizen Kane, um On the Waterfront são obras-primas só porque sim, quando na verdade são uma seca e não me divertem nem estimulam minimamente.
“Disclosure” é francamente um filme para adultos A cena de sedução é prolongada e genuinamente sexy, porém o que esta mulher vê em Douglas é um mistério. A conversa em “Assédio Seuxl” é também honesta e invulgarmente explícita. As pessoas falam de sexo neste filme como o fariam na vida real.
https://thedissolve.com/features/forgotbusters/92-forgotbusters-disclosure/
“Se não for mais nada, a relíquia do thriller-cibernético ‘Disclosure’ é superior à sua origem literária.”
Um abraço,
Afonso Alão de Magalhães
Apesar dos filmes “pornô” dos anos 80 e 90 serem um produto do seu tempo, há de facto muito trabalho e muitas teses que se podem fazer acerca das temáticas e o seu tema semiótico do thriller sexual é algo que pernoita em todos nós, porque o resto da vida diária, tal como a personagem de Demi Moore diz a Douglas “é só mais um dia enfadonho no trabalho dos computadores/tecnologias”.