1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2003, com complemento em 2008: A aventura exótica de Fritz Lang, dividida em dois filmes, que estão entre as suas últimas obras, é ruim como aqueles piores filmes bíblicos de Hollywood nos anos 40 e 50. Só tem uma coisa que presta: a dança de Debra Paget quase nua, fantasticamente bela, sensualíssima, que deve ter chocado as platéias de todo o mundo nos anos 1950.
É aquela coisa típica da visão de quem é do umbigo do mundo e se debruça sobre uma cultura que considera “inferior”, muito diferente da sua, do Terceiro Mundo, sem entender absolutamente nada dela. Não dá para entender por que o então veteraníssimo diretor – que tinha sido um dos grandes nomes do expressionismo alemão do entre-guerras, e tinha feito diversos filmes, alguns deles ótimos, em Hollywood, para onde, como tantos cineastas, fugiu do nazismo – resolveu filmar isto.
A história envolve Chandra, um marajá indiano que enfrenta súditos à beira de uma rebelião e emprega Seetha, uma bela e gostosa dançarina que, em vez de se engraçar pelo patrão, se interessa pelo arquiteto alemão contratado pelo marajá para construir um palácio. Etnocentrismo é isso aí: para que um marajá de pele escura, se a moça pode escolher um ariano?
Por que Lang foi contratar para o papel da dançarina do marajá uma atriz americana, para mim é um mistério completo. Mas ao menos nisso ele acertou. Debra Paget, nascida em 1933 e viva em 2008, nunca fez nada muito grandioso – está no elenco da segunda versão que Cecil B. de Mille fez de Os Dez Mandamentos, em 1956, e de resto, contratada pela 20th Century Fox, fez lá uns 15 filmes nos anos 1950, entre westerns, musicais e filmes históricos como Demetrius e os Gladiadores, O Príncipe Valente, A Princesa do Nilo. Mas a tal cena da dança vale por toda a carreira dela.
O Tigre de Bengala/Der Tiger von Eschnapur
De Fritz Lang, Alemanha, 1957.
Com Debra Paget, Paul Hubschmidt
Roteiro Werner Jörg Lüddecke
Baseado no livro de Thea von Arbou
Cor, 101 min
O Sepulcro Indiano/Das Indische Grabmal
Idem
Cor, 97 min
Aqui não poderia estar em mais desacordo, caro Sérgio. Este díptico de Lang é a quinta essência do filme de aventuras, uma festa permanente das nossas memórias, um autêntico clássico que muito influenciou as gerações futuras. Sem ele nunca teria existido o Indiana Jones (aliás, o próprio Spielberg confirmou-o).
Também já dissertei um pouco sobre ele. Se tiver curiosidade dê uma espreitadela no Blog do Rato (tem o índice dos filmes comentados na barra lateral à esquerda)
Abraços
Caro Rato, sua bela avaliação (http://ratocine.blogspot.com/2010/08/der-tiger-von-eschnapur-das-indische.html) seguramente é mais acurada do que a minha. Provavelmente não compreendi o espírito da obra, não considerei o contexto. Isso muitas vezes acontece.
Obrigado por me contestar. Faça isso sempre.
Um abraço do colega e fã.
Sérgio
Assisti várias vezes os dois filmes: O Tigre de Bengala e Sepulcro Indiano!
Sou colecionador de filmes antigos e fiquei muito contente de ter esses na minha coleção!
Recomendo!