Nota: 
Anotação em 2003 e complemento em 2008: É a transposição para o cinema, feita por um excepcionbal homem de teatro, Peter Brook, com um afiadíssimo elenco de atores do West End londrino, da Ópera dos Mendigos, escrita na primeira metade do século XVIII, em 1728.
A peça original é, naturalmente, a obra que inspiraria Bertold Brecht a escrever a sua Ópera dos Três Vinténs, que por sua vez inspiraria Chico Buarque a escrever a Ópera do Malandro.
É impressionante como a história, as falas, tudo é absolutamente ferino, sarcástico, cortante – e extremamente moderno.
Cáustica na imensa maioria das vezes, Pauline Kael derrete-se com este filme: “Puro prazer – a ópera-balada sobre o estradeiro Capitão Macheath e suas escapadas da lei e das damas, com Laurence Oliver cantando ele mesmo as canções (tem um agradável suave barítono) no papel do ousado Macheath. Este é um de seus mais gostosos, sofisticados e menos conhecidos papéis.”
Ela informa que foi Swift (presumo que seja Jonathan Swift, o autor de Gulliver) quem sugeriu que uma pastoral sobre a prisão de Newgate poderia resultar numa coisa estranha e bonita – e John Gay usou a idéia para criar uma nova forma de peça, um musical com letras que se encaixavam em melodias já existentes. “Para os londrinos cansados da ópera italiana, o bando corrupto de ladrões, gente da estrada, prostitutas e informantes criado por Gay era um sopro fresco, suave, de Inglaterra.”
Será que os 253 críticos de cinema da Folha, 251 deles com menos de 30 anos, sonham em escrever como Pauline Kael quando crescerem? Bem, será que eles já leram Pauline Kael?
Ao Pé do Cadafalso/The Beggar’s Opera
De Peter Brook, Inglaterra, 1953
Com Laurence Olivier, Hugh Griffith, Stanley Holloway
Roteiro Dennis Canan e Christopher Fry
Baseado na ópera de John Gay
Fotografia Guy Green
Cor, 94 min.
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