3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2000: Daria para escrever um longo texto só sobre o título em português deste filme e as mudanças no mundo ao longo das últimas cinco décadas. Ginger Rogers faz uma estrela de teatro de presumíveis 39 anos que finge ter em torno de 29 – e o povo da distribuição do filme no Brasil nos anos 1950 chamava 39 anos de idade de “entardecer da vida”!
A trama é gostosa, bem gostosa, embora previsível. O texto é inteligente, com a marca dos irmãos Epstein, que se basearam em peça de teatro do inglês que criou o personagem Peter Pan, J.M.Barrie. Há momentos em que o filme lembra A Malvada/All About Eve, de Joseph L. Mankiewicz – numa versão infinitamente mais leve, é claro – e outros em que antecipa Tiros na Broadway, de Woody Allen. (Por que lembra A Malvada: a jovenzinha ambiciosa que compete com a atriz mais velha, é claro; e por que antecipa Tiros na Broadway: o autor iniciante se dispõe a reescrever o primeiro texto de sua peça para agradar à estrela e ao produtor.)
O lead é um brilho só, a sagacidade mordaz, viva, da inteligentsia de Nova York rindo de si própria. O relacionamento do produtor com a atriz, ex-casados, ele ainda apaixonado, é moderníssimo, liberal, bem resolvido, pra frente.
E a própria tese de todo o filme é um brilho – afinal e ao final a estrela assume publicamente a idade que na prática ela já assume em dois meses de férias por ano, dentro da casa de campo, quando come à vontade, não pinta o cabelo, não se maquia. Essa tese defendida hoje é ótima; dita nos anos 1950, é ouro puro.
No Entardecer da Vida/Forever Female
De Irving Rapper, EUA, 1953.
Com William Holden, Ginger Rogers, Patricia Crownley
Roteiro Julius J. & Philip G. Epstein
Baseado na peça Rosalind, de J.M.Barrie
Música Victor Young
Figurinos Edith Head
Produção Paramount
P&B, 93 min.
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