Anotação em 1998: Tem méritos este filme dirigido pelo fotógrafo inglês Jack Cardiff, passado na África com atores ingleses e americanos. Feito em 1962, trata de forma adulta, inteligente, muito avançada para a época, dessa coisa da criação de filhos de pais separados, a necessidade de haver cumplicidade dos pais na criação dos filhos.
Os personagens de William Holden e Capucine foram casados no passado, tiveram uma filha. A mulher se apaixona por um inglês (Trevor Howard), caçador, expert em animais selvagens, que dirige um parque no Quênia.
O filme começa com o pai chegando ao Quênia, atendendo a um chamado da ex-mulher. Ela está preocupada com a educação da filha, uma garota de sete anos que criou um leão como animal de estimação, e vive a maior parte do tempo com ele na floresta; tem adoração pelo pai adotivo e mágoa do pai natural que não a vê.
O filme tem tropeços, é claro, na coisa do colonialismo. Mas é interessante sobretudo pela relação adulta e avançada do ex-marido com a ex-mulher e o embate com o marido atual.
O veterano inglês Jack Cardiff não fez muitos filmes como diretor, mas tem uma imensa carreira como diretor de fotografia, que inclui belos filmes – Sob o Signo de Capricórnio, de Hitchcock (1949), Uma Aventura na África, de John Huston (1951), A Condessa
Descalça, de Joseph L. Mankiewicz (1954), Guerra e Paz, de King Vidor (1956), até Morte Sobre o Nilo, de John Guillermin (1978). Não confundir com outro inglês veterano de nome parecido, Jack Clayton, que dirigiu Os Inocentes, o elogiado terror psicológico e sobrenatural com Deborah Kerr de 1961.
O Leão/The Lion
De Jack Cardiff, EUA, 1962.
Com William Holden, Capucine, Trevor Howard, Pamela Franklin, Samuel Romboh, Christopher Agunda
Roteiro Irene Kamp, Louis Kamp e Joseph Kessel
Cor, 96 min.
O Leão, um grande filme com ilustrativa história e belas interpetações.