Uma Simples Formalidade / Una Pura Formalità / Une Pure Formalité


3.0 out of 5.0 stars

Complemento de anotação em 2011: “Na Itália, um diálogo a portas fechadas entre um comissário de polícia doido por literatura e um escritor suspeito de assassinato.”

Esta é a sinopse do Cinéguide francês sobre o filme de Giuseppe Tornatore de 1994. O guia é de uma capacidade de síntese incrível: dificilmente suas sinopses ultrapassam quatro linhas.

Eis agora a sinopse de Leonard Maltin, no Movie Guide, o guia de filmes mais vendido no mundo:

“O inspetor de polícia Polanski, investigando um assassinato que acaba de acontecer, interroga o mundialmente famoso escritor Depardieu, que não consegue se lembrar o que estivera fazendo naquela tarde. Em wildscreen, mas com boa parte confinada em uma sala escura, deprimente.”

Eis ainda uma terceira sinopse, de autoria de Tad Dibbern, que está no IMDB:

“Onoff é um famoso escritor que não publica livro novo faz algum tempo, e se transformou numa pessoa reclusa. Quando ele é pego pela polícia numa noite de tempestade, sem qualquer identificação, sem fôlego, depois de correr como um louco, sem lembrança dos eventos recentes, o inspetor fica cheio de suspeitas. Através do interrogatório, o chefe dessa solitária, isolada, mal tratada delegacia de polícia tentar estabelecer o que aconteceu, penetrando na mente do escritor que admira, para resolver uma morte misteriosa.”

***

Estou apresentando essas três sinopses antes de transcrever minha própria anotação, feita em 1997, assim que terminei de ver o filme pela primeira e única vez. Quando, em 2008, resolvi criar este site, coloquei no ar minha anotação – e passei a receber comentários, alguns bastante agressivos, dizendo que eu não havia entendido coisa alguma do filme.

Agressividade dos comentários à parte, de fato eu não tinha entendido o que o diretor Tornatore quis dizer em seu filme. Poderia ter simplesmente jogado fora o post; porém, por uma questão de honestidade para comigo mesmo, mantive minha anotação, acrescentando que de fato precisava rever o filme.

Novos comentários vieram, alguns bastante mais educados do que os primeiros, como os do professor Wilson Garcia, do Recife. Em respeito a quem enviou os comentários, e a mim mesmo, continuo mantendo o post no ar, mesmo não tendo ainda revisto o filme para refazer minha anotação.

Eis aí o que escrevi em 1997. Mais abaixo estão comentários esclarecedores.

***

Anotação em 1997: O filme parte de uma idéia bárbara, sensacional (na apresentação, não se diz argumento e roteiro de Giuseppe Tornatore, mas sim “idéia original e roteiro”). E conta com dois atores monstros, embora o francês Gérard Depardieu e o polonês-cidadão-do-mundo Roman Polanski estejam dublados para o italiano. Conta ainda com a música de Ennio Morricone, uma câmara excelente, uma cenografia muito bem cuidada (de Andrea Crisanti).

E, no entanto, o final é um tanto decepcionante; o filme perde o fôlego, fica confuso, não desata os nós – pelo menos foi a sensação que tive nesta primeira vez. Posso estar enganado. Mas a sensação que tive foi de que Tornatore ainda não tinha maturidade suficiente para tratar das muitas e complexas questões que aborda. (Ver complemento abaixo.)

A idéia central: a confrontação de dois homens dentro de uma delegacia de polícia, o representante do Estado, a autoridade, e o suspeito de um crime, e as disputas pelo poder que nascem daí, as inversões do mando de jogo quando se descobre que o suspeito não é um homem comum, e sim uma figura ilustre, importante, respeitada na sociedade. E mais: a discussão sobre arte, sobre a arte que o artista produz e o ser humano às vezes abjeto que é o artista; o endeusamento do artista; as vacilações de caráter do artista, a crise do bloqueio, a incapacidade de continuar criando. Tudo dentro de um tour-de-force no embate, durante uma noite de tempestade, entre duas personalidades num recinto fechado, que é em boa parte a essência das artes cênicas todas.

unapuraA abertura do filme é brilhantíssima. Um revólver dispara. A câmara vai correndo numa floresta em meio a uma chuva forte; percebemos imediatamente que a câmara são os olhos de um personagem que corre, resfolega; a câmara vira para a esquerda, para a direita, para correr entre as árvores. A seqüência dura toda a apresentação. Ao final da apresentação a pessoa que corre se depara com policiais. Só aí vemos que é Dépardieu. A polícia pede os documentos, ele não tem; é levado para a delegacia, uma delegacia pobre, de interior da Itália, lugar nada turístico, onde há diversas goteiras.

A primeira imagem que temos, assim, é do homem indefeso diante da máquina do Estado, um homem molhado até os ossos, a quem não dão o direito de tomar um banho, botar uma roupa seca, e que fica à espera da chegada, nunca se sabe quando, da autoridade, o comissário de Polícia, interpretado por Polanski, brilhantíssimo. E aqui talvez seja preciso lembrar que de fato Polanski é um grande ator – como já havia demonstrado à exaustão em A Dança dos Vampiros, Chinatown, O Inquilino.

Começa o interrogatório; o preso diz que se chama Onoff, e o comissário diz que então se chama Leonardo da Vinci. Porque, veremos em seguida, Onoff é um escritor famoso, de quem o próprio comissário é leitor ardoroso, a ponto de saber recitar frases inteiras. O comissário leva um tempo até se convencer de que o preso fala a verdade, é de fato Onoff.

unapura2E então temos a segunda imagem – a autoridade se curvando diante da pessoa importante. O comissário muda completamente o tratamento do preso, faz com que ele troque de roupa, bote roupa seca; passa a tratá-lo com a reverência do pequeno funcionário público diante de um homem famoso. E o preso então bota banca, se sente reconhecido, acha que passou a dominar a cena.

Acontece que, embora com reverência, o comissário continua a fazer perguntas – e o preso entra em contradições, não sabe responder a questões básicas. Houve um crime no lugar, naquela noite, informa o comissário ao preso, e ele precisa saber a verdade.

O espectador vê fragmentos de imagens que passam rapidamente pela cabeça do preso; ou ele de fato teve uma amnésia parcial, e não sabe o que aconteceu durante três horas daquela noite, ou está escondendo fatos da autoridade.

Tudo isso é muito bem contado; Tornatore cria com brilhantismo um clima caustrofóbico, de demência, de insanidade.

A partir daí é que Tornatore perde a mão, eu acho. A história começa a ficar confusa; ficamos sabendo que o escritor famoso está em profunda crise existencial por não conseguir escrever novas obras, e que a última que publicou foi na verdade roubada de um mendigo que ele conheceu e admira; não fica claro se ele matou alguém, ou se forjou um estranho suicídio montando um boneco em forma de gente com suas próprias roupas e colocando no interior velhas fotos e lembranças. Não fica claro o que aconteceu com a visita que recebeu, uma mulher misteriosa, que tanto pode ter sido sua ex-mulher quanto uma nova amante.

Complemento em novembro de 2009: Várias pessoas escreveram mensagens para o site (estão aí logo abaixo) dizendo que eu não entendi nada. Ou que o filme permite várias leituras – uma delas é a de que Onoff (on x off) já chegou à “delegacia” desligado da vida material, e a delegacia, naturalmente, é apenas uma metáfora. Estão certas essas pessoas, errei. Vou rever o filme e escrever de novo sobre ele. Mas deixo a anotação original aqui, em que, aliás, eu até admitia que podia mesmo estar enganado. Estava. A gente erra mesmo; errei.  

Uma Simples Formalidade/Une Pure Formalité/Una Pura Formalità

De Giuseppe Tornatore, Itália-França, 1994.

Com Gérard Depardieu, Roman Polanski, Sergio Rubini

Argumento e roteiro Giuseppe Tornatore

Música Ennio Morricone

Cor, 108 min

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35 Comentários para “Uma Simples Formalidade / Una Pura Formalità / Une Pure Formalité”

  1. Pessoal, não acho que no final tornatore perdeu a mão. O final fica para a imaginação de cada um. É isso. O filme é maravilhoso.

  2. Tornatore não perdeu a mão. Quem não tiver espiritualidade suficiente para entender que Onoff já se encontrava em espírito quando chegou à “delegacia”, assista de novo e entenda a “delegacia” post mortem.

  3. Quase ninguém entende a espiritualida do filme. Onoff (On – off) já estava off quando chegou à delegacia.

  4. COmo disse ocolega Carlos, On Off é uma puta sacada…e é muito bom saber que tem genet que não entende o filme de primeira…é sinal que é bom de mais e não segue os passos dos blockbusters…AO caro colega q não entendeu, digo,,,,veja novamente e leve em consideração dicas postadas aqui..verá q o filme é fantático….( não contamos o fim, apenas damos dicas para não estragar a surpresa)

  5. Conforme já foi comentado por outros aqui, o crime que Onoff cometeu foi o seu próprio suicídio e ele já estava desligado da vida material quando chegou à delegacia. O filme é sensacional, roteiro inteligentíssimo do início ao fim e com um final surpreendente =)

  6. Quem não teve maturidade suficiente foi você, tanto que não entendeu a mensagem que o filme quis passar, recomendo que assista novamente e reflita bem antes de escrever algo assim.

  7. Mas credo em cruz, Kathren, não precisava de tanta agressividade. Você não leu o complemento que escrevi e que está lá direitinho, dizendo que errei, que não entendi o filme?
    Nossa, moça, pra que tantas pedras na mão em cima do pobre coitado que não entendeu o filme mas que se penitenciou por isso?
    Está com algum problema na vida?
    Boa sorte pra você, moça, nesta vida e na outra. Mas menos ódio, por favor…

  8. Oi pessoal! Onde vcs encontraram esse filme p/ alugar ou vender? Estou interessada em assistir. Me ajudem. Bjs

  9. Sou Wilson Garcia e encontrei o seu site quando procurava pelo Google informações sobre o filme “Uma simples formalidade”. Estou copiando o que você escreveu para discutir com meus alunos de cinema digital numa faculdade aqui do Recife. Mas o que desejo mesmo é cumprimentá-lo e dizer que gostei muito do seu site e dos textos. Estou colocando-o entre os meus preferidos quando se trata do assunto cinema. Grande abraço.

  10. Olá, Wilson.
    Muito obrigado pela mensagem e pelo elogio extremamente gentil.
    Interessante é que você tenha conhecido o site exatamente através de um filme que não entendi – de fato, não percebi a coisa do On e Off, do já estar morto. Preciso rever o filme. Poderia até ter retirado o post, mas resolvi deixar assim mesmo…
    De qualquer forma, agradeço muito a sua mensagem.
    Um abraço.
    Sérgio

  11. Olá Sérgio.
    Percebi sua dúvida, bem como sua abertura para a outra visão, que os seus amigos colocaram. É muito curioso o que ocorre com os espectadores diante da proposta do filme. Ainda nesta semana, uma turma de cerca de 20 alunos o assistiu e como entre eles há as mais diversas ideologias religiosas/não-religiosas, logo na abertura do debate uma aluna, católica, em seu comentário demonstrou imensas dificuldades de compreender aquele final e fez algumas conjecturas desconexas. Imediatamente, um aluno, espírita, rebateu dizendo que o filme tratava claramente da vida após a morte, especialmente do que ocorreria/ocorre com os suicidas e citou como fonte de consulta um livro, segundo ele, psicografado por Chico Xavier e escrito pelo Camilo Castelo Branco-espírito, onde narra os fatos por ele, Camilo, vividos no pós-mortem. Como se sabe, Camilo suicidou-se. Ao final do debate, o raciocínio do aluno espírita prevaleceu sobre as opiniões dos demais. Um certo consenso natural.
    Intriga-me este filme desde a primeira vez que o vi. Tenho notícias de que o diretor Giuseppe Tornatore estará aqui por Recife no próximo mês de maio, por ocasião da realização do Cine-PE 2011. Penso em conversar com ele sobre a proposta do filme, se me for possível.
    Por outro lado, gostaria de sugerir a você, caso ainda não o tenha visto, assistir o filme “À primeira vista” e, quem sabe, escrever sobre ele. Trata-se da experiência de um cego que vive a experiência da visão por alguns meses e depois torna à cegueira. O filme é baseado em fatos reais e me é muito útil no estudo das imagens, especialmente do fenômeno da percepção visual. Caso lhe sirva, aí está.
    Grande abraço.

  12. pois é, parece que o “trabalho” do comissário era convencer o cara de que ele morreu/se suicidou. da pra perceber que o carro em que ele parte no final desce por um vale, o que me pareceu alusão ao vale dos suicidas..

  13. Antes de tudo, está de parabéns o blogueiro pela humildade. De fato errou, como todos nós erramos. Estúpido é o ser humano que xinga alguém por isso.

    Quanto ao filme, uma belíssima obra de arte (assisti ao original em francês, sem dublagem, Une Pure Formalité, com legendas, óbv, rs), fotografia bela, diálogos e texto riquíssimos, e atuações espetaculares do Polanski e Depardieu, especialmente deste último. De fato o final é espiritual, a “delegacia” é como que um “hospital psiquiátrico” onde o SUICIDA fica para recobrar a memória e tomar consciência do que fez, antes de “seguir viagem”. Isso fica bem claro nos diálogos finais (“ele sabe?”, “não, ninguém sabe quando chega”).

    Basta reassistir o filme com essa ótica que tudo fica MUITO claro, os diálogos, as expressões dos atores, etc.

    É um filme na linha Os Outros, Sexto Sentido, Ilha do Medo, etc, mas MUITO mais profundo e mais rico – embora menos tenso. Certamente foi uma das inspirações do Scorsese para fazer Ilha do Medo.

  14. ***
    Apenas mais uma observação: você comentou que o Depardieu e o Polanski estavam dublados para o italiano. Assisti a versão original (em francês). Se for assistir novamente, assista a original. Filme dublado não dá.

  15. Cara Vanda,
    Muito obrigado pelas suas duas mensagens.
    Quanto à coisa da dublagem, concordo em princípio com você: filme dublado não dá. Mas há algumas poucas exceções, quando as dublagens são feitas pelo próprio diretor, em geral porque o elenco tem atores de diferentes nacionalidades. Neste caso aqui, tenho quase certeza de que a versão dublada para o italiano foi feita pelo próprio Tornatore. Assim como, por exemplo, Visconti fez uma versão em italiano de “Violência e Paixão”, e uma em inglês, aproveitando a voz de Burt Lancaster.
    Um abraço, e obrigado.
    Sérgio

  16. assisto este filme repetidamente a vários anos, na época meu ex disse ser loucura de imaginar um filme sobrenatural, indagar acontecimentos pós morte, fiquei feliz, depois de tantos, ver pessoas q compartilham da minha análise. a folha lançou uma vez fita vejam se , já lançaram em dvd.

  17. Gostei muito mas fiquei sem entender. Após ler os comentários, concordei com a idéia de que ELE cometeu suicídio. Vida após a morte, espiritismo… É isso. verei de novo, já com essa informação.

  18. concordo com o sérgio que o filme tem passagens confusas.
    eu jamais tinha entendido que o filme trata de um morto
    que nao sabe que morreu.
    Para mim tinha ficado a impressao de que o escritor
    vivia uma crise de identidade. na verdade ele era um mendigo
    que achava que era o escritor. ele confundia suas lembrancas
    com de alguma outra pessoa e o delegado procurava ilumina-lo disso.
    estou aqui porque fui pesquisar na net pra ver se alguem me fornecia
    explicação pelo filme pois o filme é excelente sob muitos aspectos

  19. Adorei ter lido a crítica e todos os comentários feitos, DEPOIS de ter visto o filme, porque, assim como o crítico, eu também não tinha entendido o filme. Foi um prazer ter dito a mim mesma aquele
    ” ahhh…então era isso!”. Exceto pela forma meio agressiva em 1 ou 2 textos, toda a discussão e os comentários feitos aqui foram uma delícia, mas eu pergunto: O que mais esperar de um quarteto como este (Depardieu, Polanski, Tornatore e Morricone) além de puro brilhantismo??

  20. Maravilhoso. Na primeira vez que assisti, fiquei realmente preso ao jogo da retórica e nem questionei o final. Vendo novamente, seis anos após é que entendi da sua falta de convencimento que estava morto. Isso não quer dizer que seja um filme espírita, pelo contrário, o “réu” estava ali a ser condenado pelo suicídio, mas em momento algum assume outra vida. Quanto ao idioma, tanto no francês, quanto no italiano (leciono este), são maravilhosos. Como bem disse um colega acima, filmes de dupla nacionalidade ou com atores de países diferentes, se traduzidos pelo autor, continuam originais. O que não dá, é para assistir Germinal, por exemplo, em português. Parabéns pela humildade e inteligência, pois percebestes que a honestidade para consigo mesmo é a melhor forma de rever, reaprender e evoluir.

  21. entendo o filme como o purgatório pós suicídio, mas tem uma cena do Polanski tirando a arma do plastico e vendo a arma com seis balas no tambor, essa é uma dúvida q fica na minha cabeça qnto ao suicídio, onde estaria a bala, pq tornatore fez essa cena se qria justificar o suicídio no sentido da delegacia enquanto o purgatório, entendi o filme de prima como de fato o purgatório, mas a cena da arma com 6 balas no tambor me deixou encasquetado, mesmo com dialogo no final referente a nova alma q se encontra bebendo leite na delega.

  22. É um filme excelente, há muito tempo atrás ja havia assistido em VHS mais de uma vez, hj revi de novo pois consegui baixar, não se acha o filme em DVD. não havia tido essa interpretação espírita, talvez o filme tenha várias interpretações, essa do suícidio é uma outra visão e alguns fatos talvez levem a esse, analisando agora a partir desses comentários, mas não sei, tem esse comentário do Pablo Treuffar, o sonho que Onoff tem qdo acorda na delegacia ” Paola, tive um sonho sonhei que tinha matado meu editor…”
    Acho que esse final intrigante e discutivel que nos faz pensar sobre o filme por tanto tempo.

  23. Carissimo realmente o filme para quem não conhece a doutrina espirita é intrigante e sem nexo. Mas o filme foi brilhante, não era somente o Pardie que era morto, todos eram mortos e estavam em outra dimensão. Foi um resgate daquela alma que ja estava preparada, até porque seu suicidio ja havia aconticido a muito tempo antes……o o inspetor começou um trabalho de psicologia para faze-lo lembra de tudo….foi espetacular….se quiser conversar mais o meu email é mcbucci@bucciadvogados.com.br

  24. Interpretações magistrais de Polanski e Depardieu. No final ficou claro pra mim que Onoff não estava mais nesta vida. Procurei aqui na internet comentários sobre o filme para conferir outras opiniões. Constato que o mundo é feito de espíritos humildes e pretensiosos. Linda a sua postura, a sua coragem e a sua integridade, Wilson. Pessoas como você fazem toda a diferença. Parabéns!

  25. “Relações de poder” e “espiritismo”. Marxismo e relativismo. Fizeram com o filme o que os pastores fazem com a Bíblia: interpretam conforme lhes convém.
    A delegacia é o purgatório. Por isso muitos ainda permanecem lá. Onoff, ao contrário, conscientizou-se do suicídio. Os que não acreditam no conceito de céu e inferno é porque estudaram apenas as pinturas renascentistas e não tendo fôlego para o aprofundamento teológico, caíram em falsas doutrinas por acharem a explicação de tudo “mais fácil”.

  26. Luis, segundo o IMDb, o filme foi rodado nos estúdios Cinecittà, Roma, e em Santo Stefano di Sessanio, L’Aquila, Abruzzo.
    Sérgio

  27. Vejo e revejo o filme inumeras vezes desde 2011. Seja pelo argumento, pelo brilhantismos dos 4 gigantes (Tornatore, Depadieu, Polanski e Morricone). E nao tinha sacado o On Off!! Incrivel! Mas penso que a chave mestra do filme é a propria musica. A letra conta tudo o q esta acontecendo e num dado momento diz algo como “se vogliamo o no vogliamo… ricordade, ricordare…”
    Que grande achado o meu ver quanto esse filme tocou tanta gente!!!

  28. Obrigado, Sérgio, por este seu belo espaço!

    “Uma Simples Formalidade” será, para sempre, um filme a ser revisto, comentado e admirado como uma grande obra do cinema. Como cinéfilo e colecionador – inclusive da obra do Tornatore – vou sempre lamentar o absurdo de o filme nunca ter sido lançado em DVD ou em Blu Ray no Brasil.

    Vi nas salas daqui no quando foi lançado, nos anos 90. Eu já era fã do Giuseppe Tornatore, pelos gigantes “Cinema Paradiso” (ainda meu filme preferido dele) e “Estamos Todos Bem”, com atuação magistral do Marcello Mastroianni.

    Mas lembro que fiquei fascinado com este que considero o segundo maior filme do Tornatore, embora admita que só entendi pra valer o final dias depois, numa rodada de cerveja com amigos que tinham assistido também.

    E justamente por causa da insistência de um outro grande amigo atual, finalmente (mais de 25 anos depois) revi o filme, faz algumas semanas. Mas com o cansaço desses dias atuais, interrompi algumas vezes e achei um desrespeito com a obra. E então hoje, dia de finados, assisti mais uma vez suas quase duas horas, de forma ininterrupta.

    Não vou repetir aqui os ótimos comentários que todos já fizeram sobre a grandeza das atuações, direção, final espetacular, roteiro, música, fotografia e tudo mais. Mas quero que saibam que, lendo todos eles, vocês se tornaram um pouquinho aqueles meus amigos que, em 1995, teceram diversas teses sobre “Uma Simples Formalidade” – algumas malucas, pelo impacto do filme naquele momento.

    Isso tudo me fez recordar com carinho daqueles dias. Aliás, a poderosa e linda canção “Ricordare” (“Se Souvenir”, na versão francesa) cantada ao final de forma comovente pelo Gérard Depardieu, não sai agora da minha cabeça!

    Ao contrário do Onoff, essa eu espero não esquecer. Ao menos pelas próximas horas! rs

  29. Caro Francisco,

    que maravilha receber esta sua mensagem. Densa, séria, sincera, aberta – e extremamente gentil comigo, que, de fato, não compreendi o que o Tornatore disse.

    Diante das explicações que várias pessoas deram, algumas até de maneira um tanto grosseira, eu poderia ter tirado esse post do ar. Mas achei que seria interessante deixá-lo como estava – enriquecido pelos comentários, pela discussão que o meu texto acabou suscitando.

    Sua mensagem demonstra cabalmente que fiz bem ao não tirar o post do ar.

    Muitíssimo obrigado.

    Sérgio

  30. olá,
    bem, vi estas postagens allora, todas interessantes. Cumpre destacar, quanto as interpretações magistrais. Polanski, utiliza o método “contido”, já Depardieu, o latino,
    bem típico dos franceses. Aí está o grande duelo de interpretações. As referidas se inserem dramaticamente na obra. Deixando de lado, interpretações visionárias, de fundo religioso, do tipo, purgatório, céu e inferno, típica dos cristãos, que são louváveis, naturalmente, a obra tem caráter muito mais amplo e profundo. Nos remete à essência dos seres humanos, que passa por arrependimentos, de ajuda de outros, que pode ser mesmo a própria consciência. Talvez, o personagem do delegado, seja apenas uma metáfora. Talvez uma das cenas mais pungentes e memoráveis, seja o papel da máquina de datilografia, em branco, que pode simbolizar muita coisa mesmo. Seguramente, um dos grandes filmes da humanidade, obra-prima mesmo. Direção firme, música de mestre, roteiro magistral, e interpretações divinas. Abs do ariel

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