[Rating:2.5]
Anotação em 1997: Foi feito para a TV, leva a marca Turner e é uma produção da Amblin Television (é bom lembrar que o Bruno Barreto é casado com a Amy Irving, ex-sra. Spielberg). Leonard Maltin diz no seu guia que é acima da média das produções para a TV. Foi o último filme de Vincent Price, e esse ator Keith Reddin, de quem nunca tinha ouvido falar, é o autor do roteiro para uma série da televisão americana chamada Screenworks.
É um meio thriller, meio drama psicológico, com toque de noir à la Corpos Ardentes/Body Heat, em que uma femme fatale (Jennifer Connelly, quem diria, que fez a personagem de Elizabeth McGovern quando garotinha em Era Uma Vez na América; está extraordinariamente linda e gostosa) engana a todos, inclusive o personagem central, um jovem repórter (Stoltz) ambicioso, cheio de si, prepotente, que trata a todos, inclusive a mulher e os colegas, como se fossem seus subalternos.
O lead do filme é forte (o Bruno é bom de lead; basta lembrar o lead de Atos de Amor/Carried Away, com Amy Irving e também com Dennis Hopper, coisa mais brilhante; também com o mesmo fotógrafo Declan Quinn), e me fez crer – erradamente – que seria seguido de um flashback. Um escritor de sucesso (Hopper) almoça em um clube de ricos (em Nova York; mas acho que o filme não garante ser Nova York a cidade, dando a entender que poderia ser qualquer cidade grande), com um amigo (Vincent Price, magnífico, interpretando a si próprio).
Durante o almoço, vemos pessoas de mesa próxima comentando que ele teria assassinado sua segunda mulher. Termina o almoço, ele se despede do amigo, recebe o casaco e o cachecol dos funcionários de atitude servil, ouve um “Have a nice day, sir”, e sai à rua para pegar um táxi. Um rapaz se aproxima, pergunta se ele é Austin Blair; ele olha o rapaz com um certo tédio, tipo Você também vai querer um autógrafo? – e leva um tiro no coração. Em seguida, o rapaz (Dermot Mulroney, que anda aparecendo cada vez mais) bota o revólver na boca e atira.
O normal seria esperar o flashback – que explicaria quem é esse escritor Austin Blair e por que ele mereceu ser assassinado. É surpreendente e muito bom que vamos ver quem é esse escritor Austin Blair e por que ele foi assassinado, mas não em flashback. A ação prossegue em frente. Centra-se no repórter de um tablóide (de nome fictício), que é encarregado pelo chefe de descobrir a história que há por trás do assassinato.
O jovem repórter vai em frente – com preguiça e desdém pelo mundo e em especial por aquele escritor de má qualidade, tipo os Sidney Sheldon da vida. Mas tem tenacidade e algum talento. Descobre logo a família do rapaz assassino – família muito rica, pai advogado conceituadíssimo, uma filha deslumbrantemente linda (Jennifer) e com uma tendência a dar para todo o mundo, um filho neurótico, apaixonado pela irmã, e com a certeza doentia de que, no seu último livro, Austin Blair tinha retratado a sua própria família.
Eis a resenha do Maltin: “Intrepid reporter Stoltz tries to find out why a rich young man shot wealthy hack writer Hopper, and then took his own life. Vincent Price relishes his gourmet role in the opening scene. Written by costar Reddin for the “Screenworks” series, and beautifully shot by Declan Quinn. Made for cable.”
O Coração da Justiça/The Heart of Justice
De Bruno Barreto, EUA, 1993. Feito para a TV.
Com Eric Stoltz, Jennifer Connelly, Bradford Dillman, Dennis Hopper, William H. Macy, Joanna Miles, Dermot Mulroney, Keith Reddin, Harris Yulin, Vincent Price
Roteiro Keith Reddin
Fotografia Declan Quinn
Cor, 88 min.
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