2.5 out of 5.0 stars
Resenha para a Agência Estado, em 1997: A crítica costuma sempre meter o pau em Franco Zeffirelli, em seu estilo suntuoso, pesadão, acadêmico. O público costuma sempre gostar dos filmes de Zeffirelli.
Jane Eyre – Encontro com o Amor é mais um que desagrada os críticos e tem os elementos certinhos para agradar o grande público. Está tudo lá: a história comovente (escrita há exatos 150 anos, em 1847, por Charlotte, a mais velha das três irmãs Brontë) de uma órfã que come o pão que o diabo amassou na hipócrita sociedade inglesa da primeira metade do século XIX; a técnica toda perfeita, impecável – cenografia, fotografia, nos menores detalhes; música competente, corretíssima; roteiro simples, sem nenhum rebuscamento, nenhuma frescura.
E um elenco todo perfeito. William Hurt está bem como sempre, fazendo o papel do homem rico e amargurado do campo que esconde um trágico segredo de família. A garota Anna Paquin, revelada em O Piano, está brilhante no papel de Jane Eyre na infância. E a surpresa é Charlotte Gainsbourg, a francesa filha do cantor (e diretor bissexto) Serge Gainsbourg e da atriz (e cantora bissexta) Jane Birkin. Ela faz uma Jane Eyre convincente, com a dose certa das características da personagem – amargura, firmeza, determinação.
Não é um grande filme. Mas só não agrada a crítico. Os espectadores certamente não terão do que reclamar.
***
Complemento em 2009: Acrescento outras opiniões. Leonard Maltin torceu o nariz para o filme de Zeffirelli: “Refilmagem não marcante do romance clássico de Brontë apresenta Gainsbourg como uma Jane bem crível. Infelizmente, há uma falta de química entre os atores principais, e um final apressado completamente fora de sincronia com o resto do filme. A versão de 1944 permanece a melhor.”
Essa versão a que ele se refere é a dirigida por Robert Stevenson, com um belo elenco: Orson Welles (apenas quatro anos depois de Cidadão Kane), Joan Fontaine, Agnes Moorehead e uma participação rapidíssima, não creditada, da garota Elizabeth Taylor.
Roger Ebert tem sempre mais espaço e vai mais fundo. Lembra que Zeffirelli, diretor de filmes e de ópera, sempre foi atraído pela literatura inglesa; fez três filmes baseados em Shakespeare – A Megera Domada, com a dupla Elizabeth Taylor-Richard Burton, em 1967, Romeu e Julieta, em 1968, e Hamlet, em 1990. “Os dois primeiros desses filmes eram cheios de vida e cor, mas Hamlet tinha um textura mais sombria, e com Jane Eyre Zeffirelli baniu o brilho e criou um mundo frio e cinzento onde, como diz o diálogo, “as sombras são tão importantes quanto a luz”. E depois:
“O que eu gostei nessa versão é que Zeffirelli é verdadeiro com os personagens. Este é um romance entre duas pessoas problemáticas, feridas, e mostrando-os assim Zeffirelli os torna tocantes.”
Jane Eyre – Encontro com o Amor/Jane Eyre
De Franco Zeffirelli, Inglaterra-França-Itália-EUA, 1996.
Com Charlotte Gainsbourg, William Hurt, Joan Plowright, Anna Paquin, Geraldine Chaplin, Billie Whitelaw, Maria Schneider
Roteiro Hugh Whitemore e Franco Zeffirelli
Baseado na novela de Charlotte Brontë
Música Claudio Capponi e Alessio Vlad
Produção Cineritino, Miramax
Cor, 112 min
**1/2
Não vi a versão de 1944 tampouco a de 1996 (esta que tu viste, Sergio). Acabei de assistir a versão de 2011, direção de Cary Fukunaga e com Mia Wasikowska (Jane Eyre),
Jamie Bell (St.John Rivers),Michael Fasbender
(Rochester)e a grande Judy Dench(Sra.Fairfax)
Nunca foi preciso ser uma mulher bonita, para
ser uma grande atriz. Para mim, é o caso da Mia Wasikowska, gostei muito de sua interpre-
tação. Digo isto porque ela não tem o padrão
convencional de “beleza”.
Acho que aqui,houve a química que faltou(como disseste),nessa versão de 1996.
E o final, me lembrou muito o final de “orgulho e preconceito” ; quando era para
vermos um pouco da felicidade deles, o filme acaba.
É um filme muito bom. Gostei muito.