2.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1997: O filme de estréia do grande ator Anthony Hopkins na direção é todo meticulosamente bem feito. Interpretações corretíssimas de todo o elenco. Música, do próprio Hopkins, com dedo de George Fenton, muito boa (há interessantes trechos humorísticos, feitos para sublinhar a falta de sentido das discussões da família de posses e de pouco caráter). Fotografia belíssima – o filme foi todo rodado no Norte do País de Gales. Cenografia, reconstituição de época, tudo extraordinário.
A questão é que, terminado o filme, o espectador se pergunta (Mary e eu nos perguntamos a nós mesmos e ao outro): e daí?
Posso imaginar que o texto de Tchekhov, no final do século XIX, tenha tido o sentido de denunciar a falta de vida lúcida, de vida espiritual, de caráter, da baixa aristocracia da Rússia czarista. O apego aos bens materiais como valor supremo, não permitindo que haja laços sentimentais entre os membros de uma família. Legal. Mas esse pano de fundo transportado para a Grã-Bretanha em algum lugar do final do XIX ou do começo do XX significa o que, exatamente? E daí?
Depois de escrever os três parágrafos acima, dei uma olhada rápida no começo do texto de Tio Vânia. Não houve, aparentemente, qualquer adaptação do texto original. É a transcrição pura e simples, em diálogos inteiros, apenas com nomes trocados. O personagem de Tio Vânia virou Ieuan; Sônia, a sobrinha de Vânia, filha do professor em seu primeiro casamento com a irmã de Vânia, no filme virou Sian; Helena, a mulher do professor, manteve-se Helen; o professor Serebryakov virou professor Blathwaithe. O médico, Astrov, virou Lloyd. Só isso.
August – Outono de Paixões/August
De Anthony Hopkins, Inglaterra-EUA, 1995.
Com Anthony Hopkins, Leslie Phillips, Kate Burton, Gawn Grainger
Basseado em uma adaptação feita na Inglaterra da peça Tio Vânia, de Anton Tchekhov
Música de Anthony Hopkins, orquestrada e conduzida por George Fenton
Cor, 94 min.