Os Ladrões / Les Voleurs


3.0 out of 5.0 stars

Anotação em 1996: Ótimo, ótimo filme. Depois de Minha Estação Preferida/Ma Saison Preferé, Téchiné reúne novamente Catherine Deneuve e Daniel Auteil, de novo falando de família. No filme anterior os dois grandes atores eram irmãos; aqui, são rivais, disputando o amor de uma jovem ladra (Laurence Cote, impressionante). Ele é policial, ela é professora de filosofia.

A ação se passa em Lyon, e um dos temas do filme é uma celebração da beleza da cidade.

O filme fala de irmãos, de família, de amor, de solidão, de relação homossexual, encontro e desencontro. Mas o tema básico é como o outro lado da lei é tão mais atraente para uma criança do que o lado “certo”, em uma sociedade baseada na acumulação de dinheiro.

Um garoto de dez anos, sobrinho de Alex, o tira interpretado por Auteil, é o personagem do prólogo e do epílogo do filme. No prólogo, ele vê o pai chegar morto à sua casa nas montanhas, com um tiro no rosto. O pai é ladrão, chefe de uma quadrilha que rouba carros de luxo; o avô – saberemos no decorrer da história – é igualmente ladrão, certamente iniciou o filho na carreira; e tem ódio do outro filho mais novo, Alex, que optou pela profissão contrária. O garoto odeia o tio, despreza seu salário de merda; fascinante é a grana que o pai ganha com sua profissão do outro lado da lei.

A moral é apavorante, e destilada com crueza por Téchiné.

O filme tem uma estrutura à la Quarteto de Alexandria, do Lawrence Durrell, ou Um Homem Casado-Uma Mulher Casada, do André Cayatte, ou seja, conta os fatos de acordo com o ponto de vista dos diversos personagens: de Alex, o tira; depois de Marie, a professora; depois de Juliette, a garota ladra; e, no prólogo e no epílogo, do ponto de vista do garoto. Depois do prólogo, pega-se o ponto de vista de Alex, voltando um ano no tempo; e assim sucessivamente. Téchiné faz isso com maestria.

Os Ladrões/Les Voleurs

De André Téchiné, França, 1996.

Com Daniel Auteil, Catherine Deneuve, Laurence Cote

Roteiro Michel Alexandre, André Téchiné e Gilles Taurand

Música Philippe Sarde

Cor, 117 min.

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