3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1995, com complemento em 2008: Uma delícia de comédia-musical-road movie. O filme é um panfleto – alegre, debochado, descarado, prazeroso – contra todos os preconceitos e os reacionarismos comportamentais.
Para participar de uma apresentação-concurso, duas drag-queens e um transexual atravessam a Austrália de ônibus, a Priscilla do título, um ônibus que serve de dormitório e, sobretudo, camarim para que os seus três ocupantes se maquilem e troquem de roupa – e as roupas são sempre espalhatosas, com mais cores que a bandeira brasileira, sapatões plataformas e calças boca de sino ao extremo.
O inglês Terence Stamp, ícone de filmes-chave dos anos 60 e 70, O Colecionador e o Teorema de Pasolini inclusive, está genial, aos 55 gloriosos anos, como a transexual – e, é preciso admitir, foi uma puta coragem dele aceitar o papel. O australiano Guy Pearce ainda não era muito conhecido na época em que o filme foi feito, mas depois participaria de vários bons filmes, inclusive Los Angeles Cidade Proibida, como um policial inteligente formado em escolas que enfrenta o policial durão das ruas interpretado pelo também australiano Russell Crowe – não poderia haver um papel mais diferente do que o da drag-queen deste filme aqui.
A trilha sonora é cheia de músicas bregas da época da discotheque, tipo I Will Survive, com Gloria Gaynor, e um monte de babas do grupo sueco Abba, pelo qual os personagens têm devoção.
A fotografia é esplêndida, cheia de belíssimas tomadas do interiorzão da Austrália. A seqüência em que as três dançam à noite, à luz de fogueiras, diante de um grupo espantado de aborígenes, é de grande beleza. Choque cultural é isso aí.
Priscilla, a Rainha do Deserto/The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert
De Stephan Elliott, Austrália, 1994
Com Terence Stamp, Hugo Weaving, Guy Pearce, Bill Hunter
Argumento e roteiro Stephan Elliott
Música Guy Gross
Cor, 104 min
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