3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1995, com complemento em 2008: Professor branco de história na África do Sul (Donald Sutherland) demora, mas vai aos poucos compreendendo como vivem os negros sob o apartheid. O processo de compreensão da realidade é demorado, e nisso ele faz lembrar muito o personagem de Jack Lemmon em Missing em relação ao golpe de Pinochet, que vai para o Chile para encontrar o filho desaparecido certo do que ele deve ter sido culpado de alguma coisa, e que os militares estão mais é certos em prender os subversivos.
O personagem de Donald Sutherland, aqui, tem o primeiro choque com a realidade de seu país quando o filho do seu jardineiro é violentamente espancado por ter participado de um protesto. Quando o rapaz, mais tarde, é morto pela polícia, o pacato professor vira um ativista ferrenho contra o sistema – e passa a enfrentar a ira de todos no seu meio, inclusive sua mulher e sua filha.
O filme foi feito na mesma época que outras grandes obras anti-apartheid – Um Grito de Liberdade, de Richard Attenborough, de 1987, Um Mundo à Parte, de Chris Menges, de 1988 -, e não é muito diferente deles na estrutura.
Para lembrar as datas: este filme é de 1989; o apartheid foi desmantelado num processo ocorrido entre 1990 e 1993.
Marlon Brando, já velho, gordo, imenso, teve neste filme um de seus últimos grandes papéis, como o advogado contratado pelo protagonista e que procura condenar os policiais responsáveis pela morte do garoto. É uma luta difícil, duríssima, quase impossível, a de tentar obter justiça num país de leis desumanas.
Essa diretora Euzhan Palcy nasceu em 1958, na Martinica; aparentemente, este é o seu filme mais importante. Vejo no iMDB que ela fez história: foi a primeira mulher negra a dirigir um filme de Hollywood. Roger Ebert, o crítico que ama os filmes que vê, disse sobre ela: “Euzhan Palcy para mim é a prova de que grandes diretores podem vir de qualquer lugar – mas eles devem saber que são grandes diretores e ter confiança em que são de fato grandes”.
E Alan Alda, o bom ator e diretor, disse: “Euzhan Palcy tem uma combinação de habilidades que não é comum. Ela pode fazer uma seqüência de ação extraordinária que faz subir a adrenalina no espectador e em seguida pode ir para uma cena íntima entre duas pessoas que vem direto da alma. As mulheres normalmente não são chamadas para fazer filmes de ação, mas Euzhan tem uma extensão de talento difícil de encontrar na maioria dos diretores, homens ou mulheres”.
Assassinato sob Custódia/A Dry White Season
De Euzhan Palcy, EUA, 1989
Com Donald Sutherland, Janet Suzman, Jurgen Prochnow, Zakes Mokae, Susan Sarandon, Marlon Brando
Baseado em novela de André Brink
Música Dave Grusin, apresentando o conjunto Lady Blacksmith Mambazo
Cor, 97 min
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