Querido Frankie / Dear Frankie


Nota: ★★★☆

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Bonito, sensível, triste. Os ingleses são mestres – como talvez apenas os italianos, além deles – em retratar as pequenas, tristes vidas de pessoas simples, comuns, gente do povo, da working class.

O Frankie do título, interpretado por Jack McElhone, é um garotinho surdo de uns 12 anos, que se corresponde freqüentemente com o pai, que seria um marinheiro sempre viajando bem longe de onde o garoto mora, na Escócia. E a cada momento Frankie mora num lugar, porque a mãe, que o cria junto com a avó, está sempre mudando de casa e de cidade. Num determinado momento – que é o ponto central da narrativa -, Frankie fica sabendo que o navio do pai está a caminho da Escócia; colegas de escola o provocam, dizem que o pai não existe, apostam que o pai não vai aparecer. A mãe do garoto, moça triste, profundamente triste, tenta contratar um desconhecido para se fazer passar pelo pai do garoto.

Bem mais tarde, no final, o espectador ficará sabendo a verdade sobre o pai de Frankie.

A mãe é interpretada por Emily Mortimer, uma jovem atriz nascida em Londres em 1971 que trabalhou com Woody Allen em Match Point (ela faz a mulher do personagem central, o jogador de tênis, que é traída por ele com a americana deslumbrante, a personagem de Scarlet Johansson). No filme de Woody Allen ela está correta, e não mais do que isso, até porque o papel não exige muito. Neste filme aqui ela está extraordinária nessa personagem triste e solitária, uma espécie de Eleanor Rigby – ah, look at all the lonely people.

O desconhecido que ela quer contrata, uma boa pessoa, sensível, honesto, sujeito de poucas palavras, é interpretado por Gerard Butler, um ator escocês nascido em 1969 que tem aparecido em muitos filmes interessantes.  (Na foto acima estão a mãe, Frankie e o desconhecido.)

Foi o primeiro longa-metragem dirigido por essa Shona Auerbach; antes, ela havia dirigido apenas um curta. Ela própria foi a diretora de fotografia do filme. Diretora mulher, roteirista mulher – isso explica a extrema sensibilidade que o filme demonstra a cada momento.

Querido Frankie teve oito prêmios e cinco outras indicações. Merece. É um belo filme.  

Querido Frankie/Dear Frankie

De Shona Auerbach, Inglaterra-Escócia, 2004.

Com Jack McElhone (Frankie), Emily Mortimer (Lizzie), Gerard Butler (o estranho sem nome), Mary Riggans (Nell), Sharon Small (Marie), Sophie Main (a menina séria), Katy Murphy (Miss MacKenzie), Sean Brown (Ricky Monroe)

Roteiro Andrea Gibb (a relação das canções que aparecem no filme está abaixo, nos comentários)

Música Alex Heffes

Produção Pathé

Cor, 105 min

***

8 Comentários para “Querido Frankie / Dear Frankie”

  1. Lindo e sensível mesmo. Concordo que tamanha sensibilidade só poderia vir das mãos e direção de uma mulher. Adorei esse filme. Em algumas partes tive que me segurar para não chorar (e suspirei muito depois que o Gerard Butler entrou na história, rs). A Emily Mortimer está ótima, e até mais bonita do que geralmente é. Mas eu teria deixado o *personagem do Gerard ficar mais uns dias, ou quem sabe, o resto dos dias nas vidas daquelas pessoas. A Lizzie merecia (detalhe que mesmo diante de todos os problemas e dilemas, ela, que há tanto tempo tinha parado de viver, e estava “morta”, como bem disse a mãe dela, até se deu ao luxo de se arrumar quando foi levar o filho ao encontro dele , no cais). Eu tb me arrumaria para ir ao encontro de Gerard Butler, hehehe
    [piadinha infame].

    A Sharon Small, que participou de “Um Grande Garoto”, tb está muito bem , com uma personagem super gente boa, simpática e prestativa.

    A trilha sonora tb é sensacional, com ótimas e tristes músicas, tão tristes quando os personagens (tb o produtor musical é de responsa); e vão de Arvo Pärt, compositor erudito da Estônia, ao irlandês pop Damien Rice. Aliás, vc que entende quase tudo de filme e música, será que descola pra mim o nome da música instrumental que toca no começo e no final do filme?

    *acho que foi a primeira vez que vi um personagem sem nome, no cinema.

  2. Ah, esqueci de dizer, mas tenho dificuldade pra entender o inglês estranho e às vezes engraçado dos escoceses.

  3. Ih, Jussara, sua frase sobre meus conhecimentos sobre música e cinema é um danado de um exagero e de uma mentira, que dou de barato porque você é minha amiga…
    Bem, não tenho o filme, não lembro da música a que você se refere. De qualquer forma, peguei no iMDB a relação das músicas que tocam no filme, com autores e depois os intérpretes. Lá vai:

    “Everyone Will Have Their Day”
    Por Michael Clarke & Martin Terefe
    Com Michael Clarke (

    “Lost in the Shuffle”
    Por Beth Nielsen Chapman & Harlan Howard

    “Groove Machine”
    Por Steve Duberry & John McLaughlin
    Com Marvin & Tamara

    “Spiegel im Spiegel”
    Por Arvo Pärt
    Com Josephine Knight (cello) e Christopher Ross (piano)

    “The Midges”
    Por Kenneth McKellar

    “Kill the Enemy”
    Por Dean Garcia & Ian Martin
    Com Vaccine

    “Leave These Shores”
    Por Damian Katkhuda, Dom Hazlehurst, Tom Worsley & Ben Kempton
    Com Obi

    “The Great White Horse”
    Por Buck Owens and Leanne Scott

    “The Secret Sun”
    Por Jesse Harris
    Com Jesse Harris and The Ferdinandos

    “Delicate”
    Por Damien Rice
    Com Damian Rice

    “Macarena (River Remix)”
    Por Antonio Romero & Rafael Ruiz
    Com Los del Río

    “La Conga”
    Por Steve Everitt

    “I’ll Be There for You”
    Por Max Martin & Kristian Lundin
    Com Solid Harmonie

  4. Ah, sim, e eu não conhecia a Sharon Small, que você cita. Acho que vou pegar o filme para ver de novo.

  5. vim aqui para saber o nome da musica qndo o menino e o “pai falso”, qndo ele da a pedra para o menino, alguem pode passa o nome da musica ? abraços, PazdeJAH’

  6. Felipe, não sei o nome da música que toca na cena a que você se refere. Mas a relação das canções que aparecem no filme estão pouco acima da sua mensagem, entre os comentários a respeito do post.

  7. Assisti ontém.
    Lindo, lindo filme . Exatamente como voce diz, extremamente sensível e muito triste.
    Um outro filme com essa imensa carga de sensibilidade que me vem logo na lembrança é o do mestre Clint Eastwood, ” As Pontes de Madison “.
    Do mesmo modo que a Jussara, houve momentos em que tive de engolir em sêco.
    O final poderia ter sido menos triste se o ” estranho “,( concordando de novo com a Jussara) ficasse com a Lizzie. Sim, ela e o Frankie mereciam.
    Acho o Gerard Butler um bom ator e concordo com voce, sôbre ele.
    Gosto demais da Emily Mortimer,para mim, uma excelente atriz e lindísima mulher.
    Este filme eu vi “online” e, não sei se por isto , as legendas estavam em portugues(portugal). Fica estranho pois entram gírias e palavras que aqui têm outro sentido e, se não conhecermos algumas,é dificil entender.
    Tipo: miudo = criança.
    doses = porção.
    bicha = fila.
    guarda fatos = guarda roupas.
    Estas eu sabia mas, outras que não… já era.
    Achei legal quando a Nell, numa conversa com a Lizzie, fala sôbre a Bette Davis e Barbara Stanwyck.Ela diz que gostava mais da Barbara pois com ela sabia-se o que esperar. Seria uma opinião da Shona ?
    A cena em que o falso( o estranho ) pai se despede do Frankie, caramba, foi uma das que tive de engolir em sêco.
    Também gostei muito da Marie(Sharon Samall).
    Uma coisa que reparei Sergio, é que nem voce nem a Jussara nem o felipedm comentaram.
    Terá sido só eu então, que achei a Sharon Small muito parecida com a Michelle Pfeiffer?
    Em algumas cenas e em muitas fotos que vi dela, lembra muito a Michelle.
    Um ótimo filme, lindo e triste também.

    ” Minha Irmã ” ( L’enfant D’en Haut) 2012 – Ursula Meuer.
    “Laço Mortal” (Möbius)2013- Eric Rochant.
    “O silencio do Mar” ( Le Silence de la mer )2004 – Pierre Boutron.
    “Amor sem Pecado”(Adore)- 2013-Anne Fontaine.
    Também vi estes e gostei.
    Um abraço !!

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