Elsa e Fred / Elsa y Fred


Nota: ★★★½

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um dos mais gostosos filmes sobre o amor na terceira idade que eu já vi ou de que ouvi falar.

 O cinema espanhol e o argentino, tantas vezes em co-produções, têm se especializado em fazer belos filmes sobre pessoas comuns, a vida o amor a morte, e este aqui é mais um deles.

Fred (Manuel Alexandre) é um viúvo septuagenário, meticuloso, organizado, amante de rotina, avesso a novidades e aventuras, que se dá bem vivendo sozinho. Pouco depois que ele se muda para um apartamento, em Madri, sua filha Cuca se desentende como uma outra moradora do prédio, Elsa, uma argentina (interpretada pela atriz uruguaia China Zorrilla) em tudo o oposto de Fred, falante, comunicativa, irreverente, explosiva, cheia de vida. Os dois vizinhos ficam se conhecendo – e a princípio, é claro, Fred fica na dele, quieto, retraído. Mas Elsa passa feito um trator por cima da timidez dele. Acabam ficando amigos – e, é claro, se apaixonam.  

O filme tem um alto astral delicioso; é alegre, bem humorado, pra cima, de bem com a vida – no mesmo tom de dois outros filmes espanhóis desta década, Anita Não Perde a Chance/Anita no Perd el Tren, de 2001, e Minha Mãe Gosta de Mulher/A Mi Madre le Gustan las Mujeres, de 2002.

 O ator Manuel Alexandre ganhou o Goya, o principal prêmio do cinema espanhol; o filme outros três prêmios e sete indicações em vários festivais.

Elsa e Fred/Elsa y Fred

De Marcos Carnevale, Espanha-Argentina, 2005.

Com Manuel Alexandre, China Zorrilla, Blanca Portillo

Roteiro Marcos Carnevale, Marcela Guerty e Lilly Ann Martin

Música Lito Vitale

Produção Shazam

Cor, 108 min.

***1/2  

8 Comentários para “Elsa e Fred / Elsa y Fred”

  1. Não ter gostado de “O segredo de teus olhos” não é preconceito contra os filmes argentinos. Prova disso é que adorei “Elsa e Fred”. Da mesma maneira um outro (não me lembro o nome) que relatava a amizade de uma idosa com um homem que apanhava a comida que ela deixava sob a árvore pensando que era para os gatos, ou cachorros, não sei bem.

  2. Mais uma indicação sua que me encantou, Sergio.

    Filme delicioso. Como você disse, bem alto astral.

    O carisma da China Zorrilla é irresistível. Impossível não achar que ela é o máximo! Pela personagem interpretada pela magistral atriz.

    Aliás, Sergio, vejo você falando pouco do cinema nacional. Já vi algum comentário seu sobre a qualidade de nossos atores e a insistência em temas sociais — e concordo com sua análise nesses pontos (respeitadas as exceções que você mesmo faz questão de dizer que existem). Mas foi indicado um filme, por uma professora nossa lá da USP, tratando a questão do envelhecimento, que gostei bastante. Chama-se “Em família”. Sim, ele tem crítica social. Mas tem boas atuações, como as memoráveis de Rodolfo Arena e Iracema de Alencar, além de Fernanda Montenegro. Achei um bom filme. Muito, muito triste — bem diferente do nosso Elsa y Fred –, mas humano e tocante, mesmo para alguém como eu que não viveu a década de 1970. Se quiser espiá-lo pra ver se gosta, tem uma cópia disponível aqui: http://acervonacional.blogspot.com/2010/02/em-familia.html

    Grande abraço,
    Giovanni

  3. Caro Giovanni,
    Antes de mais nada, muitíssimo obrigado pela mensagem.
    Mas gostaria de botar uns pontos nos is. Não reclamo da insistência de filmes brasileiros em abordar temas sociais. Não é bem isso. Reclamo da insistência na coisa repetitiva, óbvia, maniqueista, em mostrar demais, em mostrar quase só favela e violência. Como se fosse novidade dizer que há injustiça social, que nossa sociedade é uma das mais injustas do mundo. Isso – mostrar a injustiça social – é mais velho que andar pra frente; o cinema brasileiro fez isso, com extrema competência, ao longo da década de 50, 60.
    Ficar repetindo isso agora me parece derrapagem, não avançar nada, carro de passeio na Transamazônica.
    Reclamo do excesso de filme de uma nota só, sabe?
    Acho que há muitos outros temas a serem discutidos e mostrados – e felizmente o cinema brasileiro tem voltado a fazer isso, nos últimos anos.
    Agradeço a indicação do “Em Família”, Giovanni, e prometo que vou atrás dele.
    Grande abraço!
    Sérgio

  4. Que filme lindo !!! Mais uma prova de que não
    é preciso gastar muito para fazer CINEMA DE QUALIDADE. Vou me alongar um pouquinho, Sergio, e, acredite ou não,assim que terminei
    de ver, vi novamente. Este filme me tocou, uma história muito linda. Vi hoje. Rapaz, essa Elza é um desbunde de mulher,uma verda-
    deira Porra Louca,tôda vibrante, intensa. Guardei uma frase dela quando estavam no restaurante e saíram sem pagar;o Fred todo preocupado com a carne e ela disse, este ácido úrico está delicioso.E, outras tantas passagens lindas. Ela foi tudo que ele precisava. Se o Manuel ganhou o Goia, não foi a toa, linda atuação,só acho que a China tbm merecia um prêmio.
    Como são as coisas. Sabe Sergio, este filme
    me lembrou e muito, um outro que assisti no começo dos anos 70. 1971 ou 1972. Um filme lindíssimo, “HAROLD AND MAUDE, ensina-me a viver”. Aqui, uma senhora espivetada, (como a Elza) ,cheia de vida, mudou o comportamento de um rapaz que só pensava na morte. Ruth Gordon, só vi esse filme com ela. A cena do beijo deles, para mim, foi antológica. Tem até um cara, não lembro se era médico, que faz uma cara de asco, quando imagina o rapaz na cama fazendo amor com a idosa. Para mim se parecem por isso, duas idosas mudaram dois homens.
    Não sei se tu viste este filme.
    A Elza, Sergio, também fez bem a mim. Há muito tempo, que eu não sorria com tanta sinceridade, tanta naturalidade. Este filme
    já está na minha coleção.
    GRANDE ELZA , GRANDE CHINA ZORRILLA.

  5. Espero ansiosa por um comentário a respeito de Harold and Maude! Acabei de assistir e estou positivamente impressionada!

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