Pollock


Nota: ★★☆☆

Anotação em 2002 e 2008: O filme, estréia na direção do ótimo ator Ed Harris, é muito bem feito. Tudo é muito correto – os atores, todos, estão muito bem, todos os aspectos técnicos são caprichados. O problema é o mesmo que acontece em muitas, muitas, mas muitas cinebiografias: a vida do biografado é chata, não tem brilho, não tem pegada, não dá uma boa história.

         É o tal negócio: não é porque o cara é importante que sua vida necessariamente dá um bom livro, ou um bom filme.

         Daria para citar exemplos às dezenas. Fizeram uma peça e um filme sobre a vida de Buddy Holly, mas peça e filme não têm brilho, porque a vida de Buddy Holly é desinteressante: ele estourou, fez um sucesso danado, morreu jovem, e pronto. Ray Charles viveu muito mais tempo do que Buddy Holly, teve tragédias na vida – mas mesmo sua cinebiografia, tão correta, tão bem feita, tão incensada, resultou num filme morninho, assim-assim, e só. A cinebiografia de Bobby Darin, feita com carinho e paixão por Kevin Spacey, também resultou num filme correto, bem feito, mas morninho, assim-assim. Até mesmo a vida de Johnny Cash, muito rica em acontecimentos, não chegou a dar propriamente um grande filme. Os fãs do artista (ou cientista, ou político, ou seja lá o que for) cinebiografado poderão adorar – mas não significa que o filme seja de fato bom.

         É exatamente o caso desta cinebiografia do pintor abstracionista americano Jackson Pollock (1912-1956). O filme é todo correto como filme, mas não tem brilho. Até porque o sujeito retratado é um horror de pessoa, figura desagradável, com imenso talento para a infelicidade, assim como outros artistas biografados em filmes bem feitos, como Sylvia, a cinebiografia da poeta Sylvia Plath, bem interpretada por Gwyneth Paltrow. Ed Harris também tem uma bela interpretação aqui – mas eta personagenzinho chato, siô. 

Pollock/Pollock

De Ed Harris, EUA, 2000.

Com Ed Harris, Marcia Gay Harden, Amy Madigan, Val Kilmer, Jennifer Connelly

Produção Brent-Allen, distribuição Columbia. Estreou em São Paulo 11/5/2001

122 min, cor.

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