Amateur


Nota: ½☆☆☆

Anotação em 1997: Um horror. Este filme é uma coisa extremamente especial. Ele foi elogiadíssimo pela crítica; ainda hoje, leio na Vejinha da semana, que noticia o lançamento em vídeo de Flerte, o filme seguinte desse Hal Hartley: “O diretor Hal Hartley é um nome badalado pela crítica e sempre comparado a Jean-Luc Godard e Michelangelo Antonioni”. E a questão é que o filme é ruim demais; é infinitamente ruim; é seriíssimo candidato a pior filme do mundo; é mais ridículo do que qualquer produção classe Z.

Com cinco minutos de filme, eu já estava plenamente convencido de que era merda pura. Fui em frente só para tentar entender esse fenômeno de a crítica aplaudir tanto esse cara. Ao fim de penosos 105 minutos, não dava para entender o fenômeno.

A sensação que se tem é de que o diretor disse pros atores: atuem mal. Façam tudo ao contrário do que fariam se estivessem interpretando um papel. E disse pra si mesmo, que é o autor da história: faça uma história desconexa, sem sentido, sem graça. E escreva diálogos imbecis, burros, cretinos. Construa personagens impossíveis, ridículos, desagradáveis, sem nexo. Os críticos vão adorar, vão dizer que é genial, e vai virar cult.

Vamos tentar descrever um pouco da história:

Um homem está jogado no chão de uma viela do que depois saberemos que é Nova York. Uma mulher, vestida como uma puta ou atriz pornô, entra na viela, observa o homem, verifica se ele está morto, e sai da cena. Corta. Um bar; Isabelle Huppert está diante de um laptop escrevendo, com péssimo texto, o que julga ser um conto erótico. A garçonete reclama que ela não pode ficar no bar sem consumir; ela responde que tomou café e pediu um muflin. Passa-se um tempo. O homem que estava jogado no chão chega ao bar, pede um café. Exibe moedas, que alguém identifica como dinheiro holandês. Está com amnésia. A garçonete não aceita o dinheiro estrangeiro e manda ele ir embora. Isabelle Huppert exibe uma nota, pede um sanduíche para o homem. Ele está levemente ferido no pescoço; ela limpa a ferida. Em seguida o leva pra casa dela. Diz que é uma ex-freira, ninfomaníaca, embora virgem, e pede para ele comê-la. Ele diz que está cansado.

Em seqüência paralela, a moça da primeira cena se encontra com um sujeito de paletó e gravata e cabelo comprido eriçado. A moça se chama Sofia, é atriz de filmes pornôs; diz que matou o marido, empurrando-o da janela; conta histórias escabrosas de que ele a violentou quando ela tinha 12 anos, e a fez tomar drogas. O homem esquisito fala de um misterioso Jack, chefão internacional de uma máfia poderosa que tem contatos com governos de vários países do mundo. Sofia resolve chantagear Jack, dizendo por telefone que estão em poder dela disquetes de computador que revelam as ligações corruptas entre o chefão e os governos.

Blearh… E por assim vai, com cada situação ridícula e improvável e sem nexo se sucedendo a outra.

Um fenômeno.

Mas tudo bem. Quando eu tinha 16 anos, babava com Godard e Gláuber.

Amateur

De Hal Hartley, EUA-Inglaterra-França, 1994.

Com Isabelle Huppert, Martin Donovan, Elina Lowensohn, Damien Young, Chuck Montgomery, David Simonds

Fotografia Richard Ludwig

Música Jeffe Taylor e Ned Rifle

Cor, 105 min.

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