Os Goonies / The Goonies

Nota: ★★★☆

Os Goonies é uma daquelas pérolas de aventura para jovens de 8 a 80 anos que Hollywood produziu na década de 80. Um filme delicioso de se ver, engraçado, cheio de boas sequências, com um ritmo frenético, surpresa após surpresa, piada após piada.

Ao rever o filme agora, 35 anos depois do lançamento, me ocorreu que ele tem uma característica muito interessante: os atores que a gente vê na tela não eram nada famosos, de forma alguma; ao longo destas três décadas e meia, só um deles se tornou internacionalmente conhecido, e mesmo assim não é superastro.

Já os nomes dos realizadores que a gente vê nos créditos iniciais são um Quem é Quem na Hollywood da década em que uma geração de jovens se firmou e mudou para sempre o sistema de estúdios que vigorava até então.

Imagine-se um daqueles grandes cinemas de rua, com igualmente grandes letreiros luminosos, que ainda existiam no mundo todo em 1985, o ano em que Os Goonies foi lançado, exibindo estes nomes de atores: Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen, Corey Feldman, Kerri Green, Martha Plimpton, Ke Huy Quan.

Tá: Josh Brolin viria a ter uma carreira de sucesso, com bons papéis em filmes como Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), Bravura Indômita (2010), Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos (2010), Refém da Paixão (2013), Ave, César! (2016), Vingadores (2019).

Em 1985, ninguém tinha ouvido falar em Josh Brolin; este aqui foi seu primeiro filme.

Se fosse contar só com o apelo dos nomes dos atores nos letreiros do cinema, Os Goonies teria sido um absoluto fracasso de bilheteria. Não foi, de forma alguma. Bem ao contrário. Custou cerca de US$ 19 milhões, e rendeu uns US$ 63 milhões.

Um sucesso bastante razoável – merecidíssimo, já que é uma delícia de diversão. Mas em boa parte porque, além daqueles nomes desconhecidos, os cartazes do filme e os letreiros luminosos traziam a frase que era o toque de Midas: “Steven Spielberg presents”.

Um roteirista e um diretor afiados, ótimo elenco

É de Steven Toque de Midas Spielberg a história – o argumento, a trama – do filme. Além disso, ele é um dos produtores executivos, ao lado de seus amigos e companheiros Kathleen Kennedy e Frank Marshall. E sua empresa, a Amblin Entertainment, é uma das produtoras do filme, junto com a gigante Warner. Bros.

A história propriamente dita, vamos e venhamos, não tem nada de muito especial, como bem mostra a sinopse do filme publicada no IMDb: “Grupo de jovens desajustados que se chamam de Os Goonies descobre um velho mapa e se lança numa aventura para descobrir o tesouro há séculos perdido de um lendário pirata.”

Essa historinha nada especial, “old-fashioned”, e além de tudo parecida com a de “Mama’s Little Pirate”, segundo Leonard Maltin, no entanto, é imensa, intensa e brilhantemente enriquecida por centenas e centenas de sacadas gostosas, engraçadas, inteligentes – criadas pelo roteirista Chris Columbus, um expert nesse tipo de aventura para jovens –, pelos garotos escolhidos para os papéis principais, e pela direção segura, competente, de outro expert, Richard Donner.

Eis o que diz de Chris Columbus o Dicionário de Cinema – Os Diretores de Jean Tulard: “Com apenas 21 anos, Chris Columbus conseguiu vender seu primeiro roteiro, Jovem Sem Rumo (Reckless), rodado em 1983 por James Foley. Em seguida ganhou a amizade de Steven Spielberg, escrevendo para a Amblin as histórias de Gremlims, Goonies e O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes), Trabalhou também no roteiro de Indiana Jones e a Última Cruzada, antes de se tornar realizador. O sucesso veio logo; Esqueceram de Mim, produzido por John Hughes, tornou-se uma das maiores bilheterias do cinema americano.”

Bem, deve ter havido aí um erro de tradução – ou o próprio autor trocou “histórias” por roteiros.

Já o diretor Richard Donner, 90 anos de idade neste ano de 2020, foi o cara que fez Superman: O Filme (1978), aquele com Christopher Reeve, Margot Kidder, Gene Hackman e participação especial de Marlon Brando e Susannah York como os pais do herói. O cara que fez Feitiço de Áquila/Ladyhawke, do mesmo ano deste Goonies, 1985, um dos mais belos de todos os filmes de aventura-fantasia dos anos 80 – e mais a delícia que é Maverick (1994), com Mel Gibson. Jodie Foster e o Maverick da série da TV, James Garner.

Os talentos do roteirista Chris Columbus, do diretor Richard Donner e do autor da história e produtor executivo Steve Spielberg fizeram da historinha nada especial, “old fashioned”, um filme eletrizante.

Foi uma das características que mais me impressionaram ao rever o filme agora: o ritmo alucinante. É fantástico: é uma sequência interessante atrás da outra, sem parar, sem parar, sem parar.

Famílias de classe média ameaçadas de despejo

Muitos dos filmes de Spielberg ou que têm pitacos dele se passam nos subúrbios da classe média alta americana – basta lembrar de E.T.: O Extraterrestre (1982), Poltergeist (1982), 1941: Uma Guerra Muito Louca (1979), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977).

Diferentemente deles, os pequenos heróis de Goonies são garotos de classe média média, filhos de pais que estão sendo ameaçados de perder suas casas, numa pequena cidade litorânea do Oregon, por não terem dinheiro para pagar as hipotecas dos imóveis. Os quatro Goonies, os quatro garotos da turma, têm em comum, além de tudo, essa ameaça pendendo sobre suas cabeças – a de que vão perder suas casas, vão ter que sair do lugar em que sempre viveram, e não sabem para onde terão que ir, para onde os pais vão levá-los quando os caras do banco finalmente demolirem suas casas para construir ali no lugar um novo e rico empreendimento imobiliário.

Esse toquezinho de os ricaços e as grandes corporações estarem ameaçando as vidas de pessoas de bem – um tema tão caro ao cinema americano, dos westerns a Frank Capra – está sempre presente no filme. O espectador pode até não prestar muita atenção a esse tema, devido a tanta surpresa, tanta ação, tantos loucos tipos de artefatos anti-caçadores de tesouros perdidos, mas ele está lá, subjacente, o tempo todo.

Não lembrava de como era cada um dos garotos que formam o grupo dos Goonies, e confesso que demorei um tiquinho para entender quem é quem na história. Em parte porque o começo do filme tem mesmo um ritmo especialmente alucinante, com a história paralela da sensacional fuga do bandido Fratelli da prisão se misturando com a apresentação dos quatro garotos. Em parte porque bem depressa os quatro estão juntos na casa de um deles.

Mas a verdade é que rapidamente o filme nos apresenta muito bem quem é quem entre eles.

Não se diz expressamente a idade dos garotos, mas creio que os quatro Goonies têm aí uns 12 anos, ou pouco mais.

O sensível, o comilão, o falastrão, o inventor

* Mikey (Sean Astin) é o garoto mais inteligente e mais sensível da turma. É asmático, está sempre usando aquela bombinha que crianças com asma usam, e isso dá a ele um ar de um tanto desamparado. É o que mais presta atenção ao mapa do tesouro, que procura saber os detalhes da história do pirata One-Eyed Willy, que as legendas chamam (corretamente) de Willy Caolho. Mikey é também o que afinal se revela o mais corajoso, o mais persistente dos quatro.

* Chunk (Jeff Cohen), que ganhou nas legendas brasileiras o apelido de Bolão, é talvez o mais esquemático dos quatro amigos. É gorduchinho, come sem parar – e tem um olfato fantástico, o que será importante na caçada ao tesouro. Morre de medo de tudo e é um tanto bobinho, o único meio bobinho entre os quatro.

A seqüência em que os Fratelli, a família de bandidos, ameaçam torturar o Bolão e exigem que ele conte tudo é uma delícia: depois de perguntar se é para contar tudo mesmo, o Bolão começa a contar todos os seus pequenos pecadilhos, em ação, palavras ou omissões, como se estivesse no confessionário.

* Mouth (Corey Feldman) nas legendas brasileiras é chamado de Bocão – e é um apelido bastante apropriado, embora deixe a gente um pouco confuso entre Bocão e Bolão. Chunk tem a boca grande no sentido de falar muito. É inteligente, esperto, bem informado – e fala muito.

Bocão é um grande gozador. Não se sabe como ou por que, mas ele sabe espanhol – e sabe bastante bem. Isso será muito útil para o grupo, pois ele será capaz de traduzir o que diz o mapa do tesouro, todo escrito em espanhol.

É hilariante a sequência, bem no início do filme, em que a mãe de Mikey, Mrs. Walsh (Mary Ellen Trainor), chega em casa trazendo com ela a nova empregada, Rosalita (Lupe Ontiveros), uma mexicana que não fala nada de inglês. Todos os quatro Goonies estão reunidos na sala da casa, onde está também o irmão mais velho de Mikey, Brand, que tem uns 17 anos, por aí (o papel de Josh Brolin).

Mrs. Walsh mostra rapidamente para Rosalita a casa, vai dando instruções mínimas sobre o que ela tem que fazer – e pede para o Bocão traduzir. O Bocão traduz tudo errado, de forma a deixar a mexicana apavorada, chocada. Um exemplo:

Mrs. Walsh: – “Calças e camisas vão no… Ah, esqueça. Jogue tudo nas caixas de papelão. (Para o Bocâo: ) Clark, você consegue mesmo traduzir tudo isso?”

Bocão: – “Claro, Mrs. Walsh. (E, para Rosalita: ) A maconha vai na gaveta de cima. A cocaína e o speed vão na segunda gaveta. E a heroína vai na gaveta de baixo. Sempre separe bem as drogas.”

* Data, no Brasil Dado, dado no sentido de informação (o papel de Ke Huy Quan), é outra figuraça. É uma versão garoto de um inventor-cientista maluco, assim uma espécie de Professor Pardal das historinhas do Disney, um Doc da trilogia De Volta Para o Futuro. Criou um grande número de engenhocas, gadgets, que carrega sempre com ele – e serão muito úteis quando os Goonies entram na caverna que fica abaixo de um restaurante abandonado, situado no alto de um belo promontório, diante do mar.

Todos os quatro garotos escolhidos para interpretar os Goonies são ótimos, excelentes. Falo sobre eles mais adiante.

Três adolescentes se juntam aos quatro garotos

Aos quatro garotos Goonies, na louca, incrível série de aventuras em que eles se envolvem à procura do tesouro do pirata One-Eyed Willie, vão se juntar três adolescentes aí de uns 16 a 18 anos. Um deles é o irmão mais velho de Mikey, Brand, que vai atrás do grupo para tentar levar de volta para casa o irmão asmático. A mãe dos dois está sempre pedindo que Brand-Josh Brolin cuide do irmão, e então lá vai ele.

Mais tarde, um tanto por acaso, juntam-se ao grupo duas garotas da turma de adolescentes da cidadezinha. Andy (Kerri Green), de cabelos escuros, é bonitinha, atraente, tipo a garota bonita da escola, e vários adolescentes estão a fim de namorá-la – Brand inclusive, é claro.

A amiga dela, Stef (Martha Plimpton), não é, à primeira vista, tão atraente – usa óculos, parece menos charmosa, mas é bem simpática.

A busca pelo tesouro, em cavernas intermináveis, se torna especialmente complicada porque atrás dos meninos vai a família bandida, os Fratelli. Algumas das aventuras dentro das cavernas fazem lembrar, e muito, algumas sequências de Caçadores da Arca Perdida.

Mamma Fratelli (o papel de Anne Ramsey, uma senhora grande e de cara assustadora) é absolutamente hilariante. Mas a família, além de ser bandida, tem um segredo apavorante, chocante: Mamma Fratelli e seus filhos Jake e Francis escondem do mundo um outro filho da mulher – um garoto que ela não soube criar, maltratou, deixou cair quando criança várias vezes, e se transformou num ser de aparência monstruosa. Chama-se Sloth (o papel de John Matuszak), e primeiro vai deixar Mouth, o Bolão, se borrando de medo, para depois se transformar em amigo do garoto – e virar herói.

O filme de aventura para adolescentes que tem uma pegada de Frank Capra apresenta também um lado soturno tipo aqueles contos infantis com personagens terríveis. Mamma Fratelli se revela uma bruxa má, enquanto Sloth, qual o Patinho Feio de Hans Christian Andersen, demonstra que as aparências enganam demais da conta.

Ke Huy Quan havia brilhado em Templo da Perdição

Um pouco sobre os atores.

De Josh Brolin, que faz Brand, o irmão mais velho de Mikey, já se falou mais acima. Os Goonies, repito, foi seu primeiro filme.

Sean Astin, que faz Mikey, já havia aparecido em dois filmes feitos para a TV antes de Goonies. Sua filmografia tem, em 2020, 161 títulos – um bom número deles como a voz de personagem de animações.

Corey Feldman tinha 14 anos em 1985, mas já era um veterano experiente quando fez o papel do Bocão. Havia começado ainda em 1978, quando estava com apenas 7 anos, e aparecido em várias séries de TV. Um ano antes de Os Goonies, já havia participado de outro dos filmes com a grife “Steven Spielberg presentes”, Os Gremlims, e, no ano seguinte, seria um dos garotos do excelente Conta Comigo/Stand By Me, de Rob Reiner, ao lado de River Phoenix. Em 2020, a filmografia de Corey Feldman como ator tem 133 títulos

Jeff Cohen, que faz Chunk, o Bolão, ao contrário dos demais, não teve ampla carreira: fez 16 trabalhos, entre filmes e séries, até 1991 – e não voltou a aparecer.

O garoto Ke Huy Quan, que faz o Data/Dado, vinha de uma oportunidade única, dessas tipo sorte grande: em 1984, havia feito o papel do garotinho chinês que Indiana Jones adota como seu pequeno parceiro na sua segunda aventura, Indiana Jones e o Templo da Perdição. Indiana dá a ele o apelido de Short Round – e Short Round aparece tanto tempo na tela quanto o próprio Indiana e Willie Scott, a cantora de boate interpretada por Kate Capshaw, que viria a ser a sra. Steven Spielberg. (Casaram-se em 1991, tiveram cinco filhos e estão juntos até hoje, 2020.)

Ke Huy Quan, que nasceu em Saigon, em 1971 – portanto ainda durante a guerra do Vietnã –, tem 14 títulos na filmografia como ator, e teve trabalhos também como montador e diretor de fotografia, entre outros.

Um tanto como Ke Huy Quan, Kerri Green, que faz a bonitinha Andy, exerceu várias funções na indústria de cinema: foi atriz (em 16 títulos) e também diretora, roteirista e produtora.

Martha Plimpton, que faz Stef, a lourinha de óculos, tem 80 títulos como atriz em sua filmografia e continua na carreira: no segundo semestre de 2020, estava em um filme e uma série em preparação para o lançamento.

Spíelberg estava em muitos dos filmes de aventura/fantasia

É impressionante como nos anos 1980 Hollywood produziu filmes desse tipo – aventuras, fantasias, diversões para a família toda, para adolescentes dos 8 aos 80 anos. Tenho falado muito desse fenômeno, porque tenho revisto vários desses filmes que vi com minha filha quando ela era criança.

E é impressionante como Steven Spielberg estava em um grande número desses filmes.

Spielberg dirigiu Caçadores da Arca Perdida em 1981, E.T.: O Extraterrestre em 1982 e Indiana Jones e o Templo da Perdição em 1984. Paralelamente a seus próprios filmes como realizador, entre 1982 e 1985 o sujeito foi produtor ou produtor executivo de Poltergeist (1982), No Limite da Realidade (1983), Gremlims (1984), De Volta Para o Futuro (1985), este Os Goonies aqui e mais O Enigma da Pirâmide (1985).

Entre uma aventura-fantasia e outra, o camarada encontrou tempo para dirigir A Cor Púrpura (1985), aquele drama sério, pesado, denso, duro, sobre racismo e machismo no Sul Profundo, baseado em obra da escritora e ativista Alice Walker.

Como pode?

Spielberg descobriu o nicho de filmes para adolescentes

Quero registrar que Leonard Maltin deu 2.5 estrelas em 4 ao filme: “Um bando de crianças vai em busca de um tesouro escondido nessa aventura antiquada (a partir de uma história de Steven Spielberg, que deve ter se lembrado de Mama’s Little Pirate da Our Gang). Grande, animado, dirigido diretamente às crianças, com um bando de crianças gostáveis na tela. Faz também uso apropriado do tema de Adventures of Don Juan de Max Steiner.”

O grande Roger Ebert deu 3 estrelas em 4. Ebert era um sujeito que amava tanto os filmes que via que seus textos, muito mais que críticas, eram pérolas, poemas em prosa. Diz ele, no início de seu longo texto:

The Goonies é uma mistura dos ingredientes usuais dos filmes de ação de Steven Spielberg, transformada em algo especial por causa das interpretações de alta energia das crianças que vivem essas aventuras. É uma história fantástica de tesouro pirada escondido, contada com um jeito que permite que essas crianças usem palavras que Bogart não conhecia em Casablanca. Antes havia filmes para crianças e filmes para adultos. Agora Spielberg descobriu um nicho entre os dois, para jovens adolescentes que têm gostos razoavelmente sofisticados sobre o terror. Ele supervisiona a fórmula e a produção, deixando a direção para veteranos de estilosos filmes de ação (desta vez, é Richard Donner, de Superman e Ladyhawke).”

Citações e mais citações de outros filmes

Como em geral todo bom filme feito por gente apaixonada por cinema e pela cultura pop, produzido por Spielberg, autor da história, com roteiro de Chris Columbus e direção de Richard Donner, Os Goonies é um filme absolutamente repleto de referências a outros filmes, outras obras. Muitas dessas referências os espectadores – mesmo os mais atentos – podem perfeitamente nem perceber.

Mas é fascinante a quantidade de citações, referências. Algumas delas, só algumas:

* Em um aparelho de TV, passa Capitão Blood, de 1935, de Michael Curtiz, com Errol Flynn e Olivia de Havilland, um dos grandes capas-e-espada dos anos dourados de Hollywood.

* O navio do pirata One Eyed Willie foi desenhado tendo como base a nave do Capitão Blood do clássico.

* Como notou o crítico Leonard Maltin, um tema da trilha sonora composta por Dave Grusin, “The Swordfish”, se parece bastante com o tema principal da trilha de As Aventuras de Don Juan, outro capa-e-espada com Errol Flynn, de 1948.

* Quando Chunck/Bolão ouve pela primeira vez a voz de Sloth, ele exclama que ”parece com o Kong” – uma referência, é claro, a King Kong, o clássico de 1933.

* Há uma seqüência em que os Goonies acidentalmente descobrem o início do túnel no subsolo do restaurante abandonado em que os Fratellis se escondem. O que provoca a descoberta é que cai água no chão – o sempre desajeitado Bolão provoca um pequeno acidente com uma grande garrafa de água, e, em vez de ela se espalhar pelo chão, ela é imediatamente absorvida pelo solo. É uma citação de Fugindo do Inferno/The Great Escape (1963), de John Sturges; nele, os nazistas descobrem a existência do túnel que os prisioneiros aliados cavam por causa do derramamento acidental de café no chão.

Não é apenas a situação que se repete. Naquela sequência, ouvimos um trecho da trilha sonora de Fugindo do Inferno (1963).

* Ao ver uma foto de John F. Kennedy, um dos Goonies diz que Martin Sheen “uma vez interpretou Kennedy”. Referência ao filme de TV The Missiles of October (1974), sobre a crise dos mísseis soviéticos em Cuba.

* O compositor Dave Grusin incrustou no filme diversas referências sonoras. Além das duas citadas logo acima, há um momento – quando Sloth abre a camisa e mostra que embaixo dela há um uniforme do Super-homem – em que ouvimos alguns acordes da trilha sonora de Superman: O Filme (1978).

E por aí vai. Há referências que não acabam mais – como as óbvias citações de Caçadores da Arca-Perdida.

Maior que a quantidade de citações a outros filmes, só o número de itens na página de Trivia sobre Goonies no IMDb. São 134 itens de informações sobre a produção do filme – fatos, eventos, coincidências, opiniões. O número de itens na página de Trivia de um filme no IMDb é hoje um indicador importantíssimo sobre a popularidade dos filmes. Acho isso já há algum tempo, e cada vez tenho mais certeza. Os 134 itens de informações sobre Os Goonies comprovam que o filme virou um novo clássico, um cult.

Sou um dos cultuadores. Não vejo a hora de rever o filme mais uma vez tendo ao meu lado, no lugar em que já esteve minha filha, a minha neta.

Anotação em setembro de 2020

Os Goonies/The Goonies

De Richard Donner, EUA, 1985.

Com Sean Astin (Mikey), Jeff Cohen (Chunk, no Brasil o Bolão), Corey Feldman (Mouth, no Brasil o Bocão)m Ke Huy Quan (Data, no Brasil Dado),

e Josh Brolin (Brand, o irmão mais falei de Mikey), Kerri Green (Andy, a garotinha de cabelos escuros), Martha Plimpton (Stef, a garotinha de cabelos claros), John Matuszak (Sloth, o monstrão), Robert Davi (Jake Fratelli), Joe Pantoliano (Francis Fratelli), Anne Ramsey (Mamma Fratelli),

Lupe Ontiveros (Rosalita, a empregada mexicana), Mary Ellen Trainor (Mrs. Walsh, a mãe de Mike e Brand), Keith Walker (Mr. Walsh, o pai de Mike e Brand), Curtis Hanson (Mr. Perkins), Steve Antin (Troy), Paul Tuerpe (o xerife), George Robotham (o guarda da prisão), Charles McDaniel (o pai de Chunk), Elaine Cohen McMahon (a mãe de Chunk), Michael Paul Chan (o pai de Data), George Nicholas McLean (o pai de Mouth), Bill Bradley (Bill) 

Roteiro Chris Columbus

Baseado em uma história de Steven Spielberg

Fotografia Nick McLean

Música Dave Grusin

Montagem Michael Kahn

Figurinos Richard LaMotte

Produção Warner. Bros., Amblin Entertainment.

Cor, 114 min

Disponível no Now em setembro de 2020

R, ***

7 Comentários para “Os Goonies / The Goonies”

  1. Os Goonies é um filme de memória afetiva muito forte. Marcou minha infância/adolescência.
    Gostaria de registrar que Sean Astin tornou-se famoso já neste século interpretando o hobbit Sam, parceiro inseparável de Frodo Bolseiro na trilogia “O Senhor dos Anéis”!

  2. Olá, Hamilcar.
    Muito obrigado pelo comentário – e pela informação sobre o Sean Astin, que eu não tinha.
    Um abraço!
    Sérgio

  3. “Eu daria um prêmio ao eventual leitor que dissesse que já viu mais de um filme com dois desses atores.”

    Já quero meu prêmio. haha Vi até mais que dois com cada um desses atores.

  4. Vixe Maria! Então eu é que sou mal informado…
    Vou mexer lá no texto.
    Obrigado pelo toque, Celle! Um abraço.
    Sérgio

  5. Desculpe andar na contramão das opiniões: Os Goonies é um filme preconceituoso, reforçando esteriótipos:
    Quem é o mais sabido do meninos? O nipônico; quem é o mais dolorosamente engraçado por ser atrapalhado? o gordo; quem é o mais “faísca lenta” deles? o hispânico; quem é o certinho da turma? o típico norte-americano.

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