Caçadores da Arca Perdida/Raiders of the Lost Ark

Nota: ★★★★

Rever mais uma vez Caçadores da Arca Perdida é um prazer, uma delícia, uma maravilha. Dá vontade de daqui a um tempinho rever ainda uma outra vez…

Fazia muitos, muitos anos que não revia. O filme, de 1981, foi lançado no Brasil no dia de Natal; anotei que vi duas vezes no comecinho de 1982. Mas logo depois ele chegou em VHS, e aí não me lembro de quantas vezes vi com as meninas, Fernanda e Inês, na salona do apartamento da Ministro Godoy. Lembro é que as duas ficavam indo e voltando a fita na sequência em que os nazistas se derretiam diante da arca, numa ilha não identificada do Mediterrâneo. Divertiam-se, morriam de rir, e iam e voltavam a fita mil vezes.

Fariam depois a mesma coisa com o segundo filme da série, Indiana Jones e o Templo da Perdição, de 1984 – em especial na sequência do grande jantar no templo, em que são servidos aqueles manjares maravilhosos – cobras, escaravelhos, sopa de olhos e cérebro de macaquinho. Crianças adoram essas ecas…

Meus textos sobre filmes são sempre em primeira pessoa, muito pessoais, e me orgulho disso, mas a menção às minhas meninas não é à toa. Caçadores da Arca Perdida, assim como os outros de Indiana Jones, foi um dos filmes que marcaram a década de ouro de Hollywood das aventuras para toda a família.

Os anos 80 foram os anos dourados das aventuras para crianças e adolescentes dos 8 aos 80 anos. Steven Spielberg e George Lucas estavam na ponta de lança do movimento, sim, é claro. Como escreveu uma vez Geraldo Mayrink na revista Afinal (ela mesma um puro fenômeno dos anos 80, rápido, que durou só de 1984 a 1988), a cada ano Spielberg fazia um blockbuster que quebrava recordes de bilheteria – até que no ano seguinte um blockbuster de Lucas quebrava o recorde anterior, e assim por diante, ano após ano.

O mais perfeito exemplo dos divertissiments dos 80

Spielberg e Lucas estavam, sim, em muitos, muitos dos grandes filmes de aventura, os deliciosos divertissements dos anos 80. Mas não eram só eles. Vale a pena lembrar de alguns desses gostosos filmes, ano a ano:

1980: Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca, maior bilheteria do ano;

1981: este Caçadores da Arca Perdida, maior bilheteria do ano; Superman II, segundo lugar na bilheteria;

1982: E.T.: O Extraterrestre, maior bilheteria do ano;

1983: Guerra nas Estrelas: O Retorno de Jedi, maior bilheteria do ano; Jogos de Guerra, quarto lugar na bilheteria; Superman III, quinto lugar.

1984: Os Caça-Fantasmas, maior bilheteria do ano; Indiana Jones e o Templo da Perdição, segundo lugar; Gremlims, quarto lugar; Tudo por uma Esmeralda;

1985: De Volta para o Futuro, maior bilheteria do ano; O Enigma da Pirâmide; Os Goonies; A Jóia do Nilo;

1988: Uma Cilada para Roger Rabbit, segundo lugar na bilheteria do ano;

1989: Indiana Jones e a Última Cruzada; De Volta para o Futuro II.

É isso. Se a gente fosse dar uma olhada geral, de maneira rápida, seria possível dizer que nos anos 30 Hollywood fez grandes filmes de terror, de gângster, westerns, comédias de escapismo puro.

Nos anos 40, fez grandes filmes noir, de guerra, westerns, dramas sociais, melodramas, musicais, comédias.

Nos anos 50, fez grandes épicos, de guerra, westerns, dramas sociais, melodramas, musicais, comédias.

Nos anos 60, fez grandes filmes de todos os gêneros acima – e mais filmes que refletiam a contracultura, as revoluções comportamentais todas.

Nos anos 70, fez grandes filmes de todos os gêneros – e o talento e a força de uma nova geração de realizadores sacudiram profundamente as estruturas do sistema dos grandes estúdios vigente até então. Entre esses realizadores estavam, entre outros, Steven Spielberg, George Lucas, Martin Scorsese, Woody Allen, Francis Ford Coppola, Brian De Palma.

E então, nos anos 80, fez grandes filmes de todos os gêneros, mas, sobretudo, fez aventuras, divertissements – deliciosos filmes bem-humorados, de bem com a vida, cheios de vitalidade, energia, e talento, talento saindo pelo ladrão, filmes para fazer a alegria de toda a família.

Foi uma sorte minha, da Fernanda, da Inês e todos os pais da minha geração e dos nossos filhos eles estarem crescendo naquela década. Diacho, como nos divertimos! Tivemos a maravilhosa oportunidade de ver – juntos – a grande maioria desses filmes citados aí acima

De todos esses belos filmes de aventura, dos divertissements de Hollywood dos anos 80, Caçadores da Arca Perdida é, muito possivelmente, o exemplo mais bem acabado, mais perfeito.

Três realizadores soberbos assinam argumento e roteiro

Caçadores é a junção de vários talentos de uma geração especialmente talentosa.

Assina a história uma dupla de grandes cineastas, George Lucas e Philip Kaufman – embora danado de difícil imaginar os dois trabalhando juntos para bolar uma história. Lucas é esse gênio superdotado de criatividade, inventividade, capaz de criar toda a trama das trilogias Star Wars e ao mesmo tempo dirigir o estúdio de ponta na criação de efeitos especiais visuais (na era pré-computação) e de gravação e reprodução de som. O som THX, uma das muitas criações das empresas de Lucas, não apenas serve para o filme em si, mas também para a instalação dos equipamentos de reprodução nas salas de cinema.

(Temos em casa um belo equipamento de som, instalado pelo meu amigo Fabio de Domenico, o sujeito, para se ter uma idéia, responsável pelo som das lojas da 2001 Vídeo e do apartamento de Fernando Henrique Cardoso. O som do DVD de Caçadores num bom equipamento surround é uma coisa do outro mundo. É fantástico, fenomenal.)

Philip Kaufman parece tão distante de George Lucas quanto a Lua do Sol, quanto os populistas da democracia e da imprensa livre, quanto o diabo da cruz. Philip Kaufman é o autor de dramas sérios, de adaptações para o cinema de obras literárias respeitadas, profundas, seriíssimas. É o cara que dirigiu A Insustentável Leveza do Ser (1988), baseado no romance do checo Milan Kundera, Henry & June (1990), baseado no livro da francesa Anaïs Lin, Contos Proibidos do Marquês de Sade (2000), baseado na peça do americano Doug Wright.

Temos que imaginar que se juntaram, então, George Lucas e Philip Kaufman, essas figuras tão absolutamente díspares, e, entre um papinho e outro, um uísque, uma cerveja, um vinho, quem sabe um baseadão, uma pedra, bolaram a história de Indiana Jones – essa espécie assim de Clark Kent e Super-Homem, um sujeito de duas faces, num momento professor de Arqueologia numa universidade, noutro momento quase um super-homem, um aventureiro de fantástica força, inteligência, rapidez.

Indiana Jones é um dos personagens mais fascinantes, mais fantásticos, mais incríveis que já povoaram as telas de cinema nestes primeiros – a quantas estamos mesmo? – cerca de 120 anos da arte.

Resultado de uma dupla inacreditável, Indiana Jones teve sua primeira aventura roteirizada por um cineasta que não tem absolutamente nada a ver com aventuras, fantasias, escapismos de qualquer tipo. Eis aí mais um ponto inacreditável: o sujeito que escreveu o roteiro da primeira aventura de Indiana Jones, que transformou em linguagem cinematografia a história bolada pela inacreditável dupla Lucas-Kaufman… é Lawrence Kasdan!

Lawrence Kasdan é o cara de O Reencontro (1893), Grand Canyon (1991), Querido Companheiro (2012), sensibilíssimos filmes sobre gente comum, gente como a gente, ordinary people, filmes que definem gerações e discutem os temas fundamentais, o amor a vida a morte.

Que esse autor e realizador de dramas sérios, pesados, densos, tenha feito o roteiro de Caçadores da Arca Perdida é um milagre de São Steven Spielberg, esse sujeito absurdamente fora de série.

Diversas sequências admiráveis, inesquecíveis

Algumas sensações/impressões ao ver Caçadores da Arca Perdida pela primeira vez desde os anos 1980:

  • O ritmo é de tirar o fôlego. É muita ação sem parar, o tempo todo, são sequências absolutamente sensacionais uma atrás da outra, desde o iniciozinho até o final;
  • Eu me lembrava muitíssimo bem de diversas sequências, diversas situações, diversos diálogos. Me lembrava perfeitamente de algumas frases. “My medallion”, grita Marion (o papel de Karen Allen), depois que seu bar em Katmandu pega fogo;
  • Uma das sequências mais fantasticamente engraçadas é a do árabe que, no meio das ruas do Cairo, trança a espada, mostra sua fantástica destreza com a espada, e aí Indiana Jones-Harrison Ford, com uma ótima cara de enfastiado, saca o revólver e báh – resolve a coisa em um segundo só;
  • Como é delicioso o tema de Indiana Jones criado por John Williams, o autor da trilha sonora de 10 de cada 10 filmes de Spielberg. Delicioso e contagiante, daquelas que grudam na cabeça da gente que nem chiclete no sapato.
  • Como é sensacional a participação, bem pequena, de Alfred Molina! Grande ator, Alfred Molina – inglês de Londres, filho de espanhol e italiana – faz um papel pequeno, como o ajudante de Indiana Jones na primeira sequência do filme, passada no Peru. Indiana está procurando um tesouro de valor incomensurável, uma estátua protegida pelos mais loucos tipos de artefatos anti-caçadores de tesouros perdidos. O peruano ajudante do gringo morre de medo de tudo, e faz as caras mais absolutamente divertidas. Num determinado momento, Indiana ordena: – “Fique aqui!” Com imenso alívio, o medroso responde: – “Bem, já que o senhor insiste…”
  • Que personagem deliciosa essa Marion, a heroína da história – e como é bonita e interessante essa moça Karen Allen que a interpreta. Marion é filha de um professor de Indiana, e o então estudante de Arqueologia namorou a moça, mas a abandonou. Quando se reencontram, muitos e muitos anos depois, ela é dona de um bar no Nepal. O espectador a vê numa mesa com um grandalhão disputando o título de quem consegue beber mais copinhos de um destilado bravo; o grandalhão toma mais uma dose e simplesmente cai duro para trás. E Marion está lépida, fagueira, como se tivesse tomado apenas um golinho de cerveja.

Logo depois, há uma gigantesca briga no bar entre Indiana e um grupo de brutamontes que acompanha o nazista torturador. O bar é inteiramente destroçado – é nessa cena que ela grita o “My medallion!”. Ao final de tudo, Marion, que havia recebido o ex-namorado com uma imensa raiva acumulada, vira-se para ele e diz a frase encantadora: – “Bem, Jones, pelo menos você não se esqueceu como fazer uma moça se divertir”.

Karen Allen aparece de novo como Marion no quarto dos filmes da série, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de 2008.

  • Este é mais um dos tantos filmes que mostram a paixão de Spielberg pelos anos 1930, 1940. O homem tem um absoluto fascínio por tudo daquelas décadas, em especial, é claro, o cinema de Hollywood naqueles anos de ouro. Caçadores é uma homenagem aos filmes de aventura daquelas décadas, aos seriados daqueles tempos.
  • Ah, e o final, as sequências finais, Indiana e Marion de volta aos Estados Unidos, em Washington, D.C.! Que absoluta maravilha! Que sensacional fecho para um filme de aventura, um divertissement: uma pensata, uma filosofada, uma consideração sociológica, um olhar sério, grave, sobre o gigantismo do Estado americano – um Leviatã tão formidável, tão poderoso, que se torna incompetente, viciado, burocrático, inoperante.

Diante daquela imagem final, do depósito de dezenas, centenas, milhares de artefatos importantes trancafiados nos porões subterrâneos de uma repartição federal americana, não sei bem por que, mas me lembrei de Cidadão Kane, o filme que 9 entre 10 críticos de cinema têm como o melhor de todos os tempos. Acho que tem a ver com os tesouros que Charles Foster Kane-William Randolph Hearst acumulava em seu castelo.

Garantia de boa diversão e cinemas cheios

Caçadores da Arca Perdida foi indicado a oito Oscars, inclusive aos dois mais importantes, filme e direção. Levou quatro, os de montagem, direção de arte, som e efeitos visuais.

Vejo na página de Trivia do filme no IMDb que a famosa cena citada por mim logo acima, do árabe que faz proezas com a espada e acaba morto por um único e rápido tiro de Indiana, não estava desse jeito no roteiro. O roteiro previa que Indy usaria seu sensacional chicote para agarrar a espada do sujeito. Foi Harrison Ford que, na hora da filmagem da cena, fez a sugestão de “shoot the sucker”, atirar no otário. Spielberg adorou a idéia.

Essa informação é um dos 223 itens de curiosidades, fatos, coincidências sobre as filmagens de Raiders of the Lost Ark. Duzentos e vinte e três! Não me lembro de outro filme que tenha tantos itens nas páginas de Trívia do IMDb. São tantas que me deu preguiça. Se o eventual leitor quiser ir lá, boa diversão!

Mas é necessário registrar uma informação: depois do sucesso dos três outros filmes da série, todos com os títulos começando com Indiana Jones e, os distribuidores brasileiros resolveram lançar o filme em DVD como Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida. Bobagem danada.

Diz o livro Box Office Hits, de Susan Sackett: “Steven Spielberg e George Lucas: seus nomes acima do título garantiam a) uma boa diversão na sala de cinema; e b) uma grande tacada nas bilheterias. Isso separadamente. Juntos, o pacote deveria vir com um aviso de cuidado, pois a combinação era explosiva demais. Sortudo era o estúdio que tivesse esse par. Sortuda também era a audiência.”

Esse livro foi editado em 1990, aqueles bons tempos em que havia locadoras de filmes – em fitas de VHS. É preciso dar essa explicação, porque o texto de Susan Sackett sobre Raiders of the Lost Ark termina assim: ”Sua simpática locadora de vídeo ficará muito feliz se você alugar uma fita. Se você não tiver visto o filme ultimamente, alugue lá e se prepare para experimentar a diversão toda de novo.”

Minha edição do livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer tem na capa uma foto de Harrison Ford como Indiana Jones. Eis parte do texto: “Caçadores funciona em vários níveis, não só graças à atuação soberba de Ford e ao talento de Spielberg, mas também porque Lawrence Kasdan (trabalhando sobre um rascunho de Lucas) escreveu um roteiro que é mais do que uma simples aventura à moda antiga. Seu herói é um cara complicado e longe de ser prefeito, que transita na tênue fronteira entre roubar objetos valiosos e protegê-los. Os vilões – em particular o rival arqueológico de Indy, Belloq (Paul Freeman) – não são muito diferentes do herói, exceto por sua motivação (ganância ao invés da preservação histórica). A heroína, Marion (Karen Allen), também não é a típica donzela em perigo, mas uma mulher forte que (quase sempre) sabe se virar sozinha e não precisa de herói algum.”

Bem legal essa avaliação do 1001 Filmes.

E acho que chega. Não vou transcrever outras avaliações. Não é necessário. Tenho que escrever sobre o segundo filme, Indiana Jones e o Templo da Perdição. E rever os outros dois, Indiana Jones e a Última Cruzada e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, para depois escrever sobre eles também…

Anotação em abril de 2020

Caçadores da Arca Perdida/Raiders of the Lost Ark

De Steven Spielberg, EUA, 1981

Com Harrison Ford (Indiana Jones)

e Karen Allen (Marion), Paul Freeman (Belloq, o arqueólogo dos nazistas), Ronald Lacey (Toht), John Rhys-Davies (Sallah, o amigo no Cairo), Denholm Elliott (Brody, o diretor da faculdade), Alfred Molina (Satipo, o ajudante no Peru), Wolf Kahler (Dietrich), Anthony Higgins (Gobler), Vic Tablian (Barranca, o homem do macaquinho), Don Fellows (coronel Musgrove), William Hootkins (major Eaton), Bill Reimbold (burocrata),  Fred Sorenson (Jock)

Roteiro Lawrence Kasdan

História de George Lucas e Philip Kaufman

Fotografia Douglas Slocombe

Música John Williams   

Montagem Michael Kahn (e George Lucas, que não aparece nos créditos), Casting Jane Feinberg, Mike Fenton, Mary Selway

Produção Frank Marshall,  LucasFilm, Paramount. DVD Paramount

Cor, 115 min (1h55)

R, ****

9 Comentários para “Caçadores da Arca Perdida/Raiders of the Lost Ark”

  1. Escreve o Sérgio:
    Uma das sequências mais fantasticamente engraçadas é a do árabe que, no meio das ruas do Cairo, trança a espada, mostra sua fantástica destreza com a espada, e aí Indiana Jones-Harrison Ford, com uma ótima cara de enfastiado, saca o revólver e báh – resolve a coisa em um segundo só;

    Na verdade o que se passou foi isto (wikipedia):

    Harrison Ford ficou impossibilitado de representar por longos períodos porque tinha disenteria, e foi decidido encurtar significativamente a cena de luta.

    Também no DVD com extras o próprio Spielberg refere que praticamente toda a equipa ficou doente devido à comida e ele regressou a casa mais cedo.

    O remendo resultou excelente. Quando vi o filme a primeira vez o público rebentou num aplauso extraordinário, parecia que estávamos a ver um jogo de futebol.

    Grande filme!

  2. Esse filme é uma pura delícia!
    Eu o vi pela primeira vez na época da faculdade, e depois revi sempre que pude.
    Para ver e rever com um sorriso no rosto. ^^

  3. Cinema de Spielberg é um enigma para mim. Certamente quanto mais longe da infância e adolescência, sinto que grande parte dos filmes deste cineasta são demasiado acessíveis e fáceis de agradar. Entretenimento é uma palavra bastante complexa para ser apenas definida por isso.

    Interessante como na vida adulta com a minha mulher, o cinema de aventura começou a estar de parte. Apesar de nunca ter sido grande fã do género, a minha mulher se recusa a ver todo o tipo de filme que não tenha plausibilidade com a nossa experiência na vida real. E tal como Roger Ebert referiu, este Raiders of the Lost Ark é do mais juvenil e infantil que há, mas no bom sentido.
    Gostei muito de ver seus textos acerca de Romancing the Stone e The Jewel of the Nile, que aprecio bastante mais que Indiana Jones e tal como Ebert concordo que os filmes com Douglas e Turner têm poucos clichés em relação aos de Indiana Jones, tal como a rapariga sempre a berrar, que está muito gasto na linguagem cinematográfica. Harrison Ford precisou também caminhar muito para tentar fugir ao estigma do herói aventureiro de Star Wars, Indiana Jones e se quisermos, Blade Runner.

    Sempre me faz rir quando minha mulher apanha um filme com Harrison Ford e já diz de antemão que não vai gostar porque vai ser mais uma fantasia e aventurazinha fácil 😀 😀

    Apesar de Ebert ter adorado e dado 4/4, mesmo o Indiana Jones and the Temple of the Doom, que já tem um cariz mais negro, penso que foi arruinado pelas cenas infantis:

    http://www.larsenonfilm.com/indiana-jones-and-the-temple-of-doom

    1,5/4 : “Um daqueles completos desastres ocasionais da carreira de Spielberg”

    O cinema de Spielberg tem como foco principal agradar à família toda e sair do cinema de estômago cheio.

    Até hoje não entendo o que este tipo de filme pode dar a um adulto.
    A máxima de haver sempre uma criança dentro de nós não quer dizer que tenha que haver com o aventureiro.
    Talvez seja um filme muito gasto, que já se tornou parte integrante da cultura popular e seja difícil vê-lo isolado do sucesso.
    Se tem que haver respeito pelas obras originais de estreia de Star Wars e Raiders of the Lost Ark, também temos que ver o lado puramente lucrativo do capitalismo destas obras terem sido responsáveis pelas intermináveis sequelas (pensar que Harrison Ford vai fazer o 5º filme de Indiana Jones com 80 anos é um absurdo.)

    Há muitas décadas que Michael Douglas se recusa a fazer filmes sexuais que o tornaram marca pela sua idade avançada não ser convincente nesse tipo de papéis e usar duplos é um insulto para o espectador. Já em Romancing the Stone e The Jewel of the Nile, Douglas afirmou em entrevistas que se orgulha de os ter feito numa determinada fase da vida ainda com certa juventude, porque a partir de uma certa idade, torna-se ridículo ser um herói de acção.

    Um abraço,

    Afonso

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *