Nossas Noites / Our Souls at Night

Nota: ★★★☆

Ao trabalharem juntos pela quarta vez, em 2017, 51 anos depois da primeira, 38 anos depois da mais recente, Robert Redford e Jane Fonda, gloriosamente belos na velhice, fizeram o que deveríamos mesmo esperar deles: uma beleza de filme.

Quando eram gloriosamente belos na juventude, Redford e Jane foram dirigidos por profissionais experientes, testados, respeitados  – Arthur Penn em Caçada Humana/The Chase (1966), Gene Saks em Descalços no Parque (1967) e Sydney Pollack em O Cavaleiro Elétrico (1979).

Agora, quando se reuniram novamente, velhos profissionais mais que consagrados, experientíssimos – ela já foi dona de produtora, ele é também produtor, diretor, criador e mentor do mais importante festival de cinema independente do mundo –, Redford e Jane escolheram ser dirigidos por um jovem. Ritesh Batra nasceu em Bombaim, Índia, em 1979, quando minha filha, aos 4 anos, começava a ver seus primeiros filmes comigo.

No ano em que Ritesh Batra nasceu, e Fernanda tinha deliciosos caracóis alourados, Redford, aos 43 anos, e Jane, aos 42, estavam justamente filmando O Cavaleiro Elétrico. Ele tinha uma indicação ao Oscar de melhor ator por Golpe de Mestre/The Sting (1974), e ela, três indicações ao Oscar de melhor atriz, com uma vitória, por Klute (1971).

(Quando se reuniram em 2017 para fazer este Our Souls at Night, no Brasil Nossas Noites, ele tinha quatro indicações e duas vitórias – melhor diretor por Gente Como a Gente/Ordinary People, 1980, e um honorário, em 2002, pelo conjunto da obra. Ela tinha sete indicações, com duas vitórias, a segunda por Amargo Regresso/Coming Home, daquele mesmo de 1979.)

Um drama suave, que vê os problemas de uma forma tranquila

Interessante: os dois monstros sagrados foram dirigidos por um jovem, mas os personagens que eles interpretam foram criados por um homem experiente, velho. Our Souls at Night foi o último livro de Kent Haruf, e foi escrito quando o autor já estava no final da dura convivência com o câncer. O livro foi publicado em 2015, meses após a morte do autor, no final de 2014, aos 71 anos de idade.

O espectador do filme não tem a obrigação de saber isso, e Mary e eu não sabíamos de nada quando vimos – mas, agora, depois de ler um pouco e saber disso, que a história foi escrita quando o autor já estava condenado à morte com data mais ou menos certa para a execução da sentença, não dá para evitar o espanto, a fascinação. A poucos meses do fim, Kent Haruf foi capaz de escrever uma história sobre dois velhos que não é desesperada, desesperançada, pessimista, negra.

Muito ao contrário.

Our Souls at Night é um drama suave, plácido, que vê as adversidades, os problemas, as agruras, mesmo as grandes tragédias que acontecem na vida de uma forma tranquila, sensata. Que não transforma revés em catástrofe absoluta, terrível.

Não, não é, de forma alguma, uma história cor-de-rosa, idílica, poliânica.

É um jeito de ver a vida de uma forma de fato suave, plácida – nem com otimismo desenfreado, nem com pessimismo absoluto.

Talvez porque as pessoas mais velhas, mais vividas, mais experientes, como o escritor Kent Haruf, como esses maravilhosos Robert Redford e Jane Fonda, saibam que a verdade, na imensa maior parte das vezes, está não nos extremos, mas no meio.

Mas inverti as coisas, passei o carro na frente dos bois: apresentei conclusões antes de falar de como começa.

Eram vizinhos há uns 40 anos, mas nunca haviam propriamente se conhecido

Começa mostrando logo a que veio.

Vemos que o personagem de Robert Redford vive sozinho. Louis Waters, esse é o nome dele, é homem de hábitos rotineiros: toma o café da manhã numa cafeteria da cidade pequena em que vive, junto com um grupo grande de outros velhinhos. Boa parte do tempo passa em casa – e é um sujeito ordeiro, cuidadoso, a casa está sempre limpa, arrumada. Lê o jornal, faz palavras cruzadas, deixa a TV ligada no noticiário, embora não fique prestando muita atenção a ela.

Não se passaram sequer 5 minutos de filme, e toca a campainha na casa de Louis. É Addie Moore – o papel de uma Jane Fonda cuidadosamente preparada para aparentar todos os 80 anos que a atriz tinha em 2017, o ano de lançamento do filme. Ela usa o cabelo bem comprido, bastante grisalho – bem diferentemente de sua aparência nos filmes feitos na mesma época, quando está bem maquiada para esconder rugas, e o cabelo é curto e colorido, sem a presença dos fios brancos. E usa roupas simples, comuns, como as de uma senhora de 80 anos, e não roupas bonitas, caras, elegantes, que a fazem parecer 20 ou no mínimo 15 anos mais jovem, que é como ela normalmente atua em seus filmes recentes – Paz, Amor e Muito Mais, Sete Dias Sem Fim, Pais e Filhas.

Cada gesto, cada palavra, cada silêncio, cada pequeno detalhe diz muito, nesta sequência, uma das primeiras do filme, em que Addie Moore toca a campainha da casa de Louis Waters.

Ele demonstra que está surpreso com a presença dela ali – ou seja, aquilo não era algo comum, de forma alguma, muito antes ao contrário.

Ele diz: – “Mrs. Moore!”

Ela diz: – “Addie.”

Ela diz que gostaria de conversar um pouquinho. Ele permanece estatelado diante da porta, imóvel. Ela se sente então obrigada a fazer um gesto, algo que quer dizer “não vai me convidar para entrar?” E só então cai a ficha na cabeça dele.

Sentam-se na sala dele, cada um em um sofá.

Do aparelho de TV sai a voz de locutores apresentando a previsão de tempo.

Ele não percebe isso, não se coça – está tão absolutamente surpreso com a visita que não percebe nada. Bem, é um velhinho um tanto lento, talvez.

Ela olha para a TV, de tal forma que fica impossível ele deixar de notar a grosseria que está cometendo. Desliga o aparelho.

Aí então…

Não chegamos ainda sequer a 10 minutos de filme, mas o que acontece em seguida é tão absolutamente surpreendente que a rigor, a rigor, relatar o fato é um spoiler.

Fica o aviso: o eventual leitor que não tiver visto o filme deveria parar de ler aqui.

Atenção: o filme está apenas começando, mas há uma imensa surpresa aqui

Addie diz para Louis que gostaria que ele fosse dormir na casa dela, na cama dela.

Jane Fonda foi muita coisa na vida. Bem no começo, foi a garotinha filha de um dos maiores atores-astros-mitos do cinema mundial, Henry, um sujeito que não dava grande atenção aos filhos – e de repente, muito jovenzinha de tudo, começou a trabalhar na mesma indústria em que o pai era um dos nomes mais importantes. Morria de insegurança – desenvolveu uma bulimia que escondeu de tudo e todos, para só revelar já depois de velha, ao escrever uma autobiografia que é escândalo de beleza.

Absolutamente sem querer, virou sex symbol, em grande parte devido ao talento esperto de seu então marido, Roger Vadim, o homem que viveu com Brigitte Bardot e Catherine Deneuve, além de com Jane Fonda. Depois virou a heroína da contracultura, da contestação ao Sistema, a Hanói Jane, que visitava e apoiava o Vietnã do Norte em guerra contra seu próprio país. Depois virou instrutora de fitness, embora naquele tempo creio que não se usasse ainda essa expressão. Teve até fase de mulher dondoca de biliardário, casada com o megaempresário Ted Turner, o sujeito que cometeu o crime de sair colorizando clássicos filmados em preto-e-branco.

Bonita e gostosa, isso foi sempre, desde que apareceu ao lado de Anthony Perkins em Até os Fortes Vacilam/Tall Story (1960).

E então, quando o filme não chegou sequer aos 7 minutos, a personagem de Jane Fonda diz para Louis-Robert Redford que gostaria que ele dormisse na cama dela.

Mas logo acrescenta: não tem nada a ver com sexo, que isso deixou de ser importante para ela faz muito tempo. Não, não tem nada a ver com sexo. É que ela se sente solitária, e ele deve se sentir também; e de noite a coisa fica pior, e ela acha que se eles ficassem juntos, na mesma cama, poderiam os dois dormir melhor.

Diante da proposta absolutamente surpreendente, ele diz que vai pensar.

Os dois são viúvos. Nunca conversavam, mas um sabe algumas coisas do outro

É muito interessante a forma com que o diretor Ritesh Batra e os roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber decidiram iniciar o filme. Quando Addie bate a campainha na casa de Louis, e senta-se na sala dele, e aí faz a proposta de que deitem juntos e durmam juntos, não sabemos absolutamente nada sobre a relação entre os dois. Vamos aprendendo pouco a pouco, enquanto vai rolando a história.

Vamos percebendo que se conhecem, mas não são amigos, não são próximos, de forma alguma – tanto que ele a trata, de cara, como sra. Moore.

Quando a sra. Moore, quer dizer, Addie está para sair da casa de Lois, após a rápida visita, ele diz, bastante desajeitadamente, que vai ligar para ela – e acrescenta que certamente Diane tinha anotado o número dela.

As sinopses avisam: os dois são vizinhos, nunca foram muito próximos, são viúvos.

O espectador vai percebendo isso aos poucos. As coisas vão sendo postas através dos diálogos, e, portanto, não de uma vez só.

Sim, os dois são viúvos. Ela se refere a Carl, o marido, e os dois se referem a Diane, a mulher dele. Já nos primeiros diálogos, há referências ao filho dela, Gene; mais adiante, haverá referência à filha dele, Holly.

Gene e Holly irão eventualmente aparecer – ele, interpretado pelo belga Matthias Schoenaerts, ela, pela americaníssima Judy Greer.

O estranho – embora compreensível – é o fato de que Louis e Addie são vizinhos há uns 40 anos, e se conheciam praticamente só de vista, de um ouvir falar do outro. Muito provavelmente Addie tinha tido conversas com Diane – mas pelo jeito não chegaram a ser amigas.

À medida que o tempo vai passando, e aqueles dois seres solitários, viúvos, filhos criados, vão se encontrando, o espectador vai percebendo que alguma coisa um sabia da vida do outro. De longe, sem intimidade, mas sabia – cidade pequena é assim.

Ela sabia que, durante um tempo, ele tinha tido uma amante, e passado um tempo longe de casa.

Ele seguramente sabia que na vida dela tinha havido uma grande tragédia, uma horrível perda.

Não demora nada, e toda a cidade está comentando o caso dos dois

Vão se aproximando, aos poucos, os dois viúvos. Vão se conhecendo, se descobrindo.

Nos primeiros dias, Louis toma extremos cuidados para não ser visto pelos vizinhos. Dá voltas, evita ir direto de uma casa à outra – as duas são bem próximas, de uma dá para ver a outra. Bate na porta dos fundos.

Addie acha aquilo estranho, e Louis explica que quer evitar falação dos vizinhos. Ela replica que não dá a menor atenção ao que os outros dizem.

E então, lá pelo terceiro dia, ele bate na porta da frente. Na casa ao lado, o casal de vizinhos está sentado na varanda.

Não demora nada, e, quando Louis chega à mesma cafeteria de sempre, todos os amigos estão com sorrisinhos e frases gozativas sobre o fato de ele estar comendo a viúva Addie. O que mais se diverte é Dorlan, um velhinho feio que nem a fome, que usa sempre um bonezinho. É o papel de Bruce Dern.

Esse personagem Dorlan aparece só em três sequências, as três vezes em que vemos Louis na cafeteria para tomar o café da manhã com os amigos. Não li nada sobre isso, mas posso apostar que chamar Bruce Dern para aquele papel foi idéia de Redford e/ou de Jane Fonda. Muito provavelmente são amigos. Bruce Dern já havia trabalhado duas vezes com Jane Fonda, em dois filmaços, A Noite dos Desesperados (1969) e Amargo Regresso (1978).

A ação se passa em Holt, uma cidade fictícia, criada pelo autor Kent Haruf

Fofocalhada, coisas de cidade pequena.

O espectador percebe, é claro, que se trata de uma cidade pequena.

Quando o filme está ali pela metade, mais ou menos, Louis e Addie fazem um passeio com Jamie (Iain Armitage), o único neto dela, que o pai deixa com ela durante as férias escolares. A paisagem que vemos enquanto o carro em que estão os três avança pela estrada é magnífica, belíssima – gigantescas montanhas, a natureza verdejante, esplêndida. Me ocorreu que poderia ser Montana, ou talvez Utah, onde Redford realiza o seu Sundance, o grande festival do cinema independente.

Mas não é Montana nem Utah. Mais adiante, há referência a Denver, e então o espectador fica sabendo que a pequena cidade em que vivem Addie e Louis é no Colorado. O nome da cidade é falado depois da metade do filme – é Holt. Mas não adianta procurar Holt no mapa: é uma cidade fictícia, inventada pelo escritor Kent Haruf, e ela aparece em vários de seus livros. É, segundo se informa, um compósito de três pequenas cidades do interior de Montana em que o escritor viveu. Meu primeiro palpite não foi à toa, portanto.

Nos créditos finais, em letra pequena, lemos que o filme é dedicado a Kent Haruf. (Na foto abaixo, os dois atores no Festival de Veneza para a apresentação do filme.)

Uma bela trilha sonora para um belo filme. As músicas incidentais são perfeitas

É necessário fazer um registro sobre a trilha sonora do filme. Belíssima trilha sonora.

Foi composta por Elliot Goldenthal, o mesmo que fez a também bela trilha sonora de Frida (2002). Ele criou temas que são exatamente como o filme – suaves, plácidos. Nada de grande orquestra, nada de muitas cordas, violinos. Só violão e piano, alternadamente – simples e básico como a vida em cidade pequena.

As músicas incidentais foram escolhidas a dedo, cuidadosamente – e também são preciosas. Há uma Emmylou Harris (“Home sweet home”), uma Gillian Welch (“Orphan girl”), uma Etta James (“A Sunday kind of loving”). As canções em geral aparecem bem baixinhas, ao fundo, com exceção de “What a difference a day makes”, que está sendo cantada por um duo na boate do hotel de Denver em que Louis e Addie se hospedam. A sequência em que os dois dançam ao som de “What a difference a day makes” é belíssima.

Mas a música que mais nos chamou a atenção foi uma canção country forte, poderosa, que eu não conhecia, e que toca – bem alto, sozinha, sem qualquer ruído ou diálogo atrapalhando – na sequência estradeira, em que o casal e o garoto Jamie viajam entre as montanhas do Colorado. Começa sendo cantada por Willie Nelson, mais adiante vem Johnny Cash. Diacho, que música é essa?, fiquei pensando – eu, que acho que conheço bem Willie Nelson e Johnny Cash.

A gente acha que conhece as coisas, mas sempre há muito mais a descobrir.

A canção forte, poderosa – que depois reaparece nos créditos finais – se chama “Highwayman”, é do grande Jimmy Webb, e foi gravada por The Highwaymen, um supergrupo formado por Willie Nelson, Johnny Cash, Kris Kristofferson e Waylon Jennings. Os quatro grandes cantores e compositores formaram esse grupo e gravaram e se apresentaram juntos durante dez anos, de 1985 a 1995.

E eu nunca soube disso, até agora.

Wimwenders e aprendenders.

É de fato uma bela trilha sonora para um belo filme.

Anotação em outubro de 2017

Nossas Noites/Our Souls at Night

De Ritesh Batra, EUA, 2017

Com Robert Redford (Louis Waters), Jane Fonda (Addie Moore)

e Iain Armitage (Jamie, o neto dela), Matthias Schoenaerts (Gene, o filho dela), Judy Greer (Holly, a filha dele), Bruce Dern (Dorlan, amigo dele), Phyllis Somerville (Ruth, amiga dela)

Roteiro Scott Neustadter e Michael H. Weber

Baseado no romance de Kent Haruf

Fotografia Stephen Goldblatt

Música Elliot Goldenthal

Montagem John F. Lyons

Casting Avy Kaufman

Produção Netflix.

Cor, 103 min (1h43)

***

7 Comentários para “Nossas Noites / Our Souls at Night”

  1. Magnífica crítica, como sempre.
    Fiquei curiosíssima para ver o filme! E depois de vê-lo, volto pra reler seu belo texto…

  2. Eita, comi mosca e não tinha visto que o texto já havia sido publicado (mesmo tendo lido os que vieram antes e depois. Mistério!), porém me lembrei que eu já o havia lido em primeira mão. Sorry, plebe!

    Gostei bastante, assisti sem esperar muito. Li o livro também, que é curtinho, e tem uma linguagem seca e direta. Prefiro o filme, que na minha opinião ficou melhor (até o final, decepcionante, foi atenuado), e de quebra, para minha alegria, ainda aumentaram o papel de Matthias Schoenaerts, que no livro é bem pequeno.

    A amizade que o personagem de Redford cria com o neto de Fonda, também é maior no filme, mais aprofundada e delicada. O fato de ele sugerir a adoção da cachorra é muito bacana, e mesmo que não tenha sido a intenção, o animal acabou trazendo bem-estar e fazendo companhia ao menino, que tinha um pai ausente e distante.

    Gostei de todas as atuações, o garoto também está ótimo (fiquei tentando me lembrar onde já o tinha visto, e foi na maravilhosa série “Big Little Lies”, em que ele faz um papel difícil para a pouca idade).

    Da série “os astros também envelhecem”: os movimentos vão ficando limitados com o passar do tempo, isso é fato, assim como as expressões faciais e corporais, o que acaba comprometendo a atuação, mas ao mesmo tempo deixa tudo mais real. A dificuldade de RR para ajustar o travesseiro em uma cena me marcou. Já tinha reparado nessa diminuição dos gestos em alguns de seus filmes anteriores. Fonda está um pouco mais sacudida, como diz minha mãe, e foi bom vê-la em roupas normais, num papel condizente com a idade (só o cabelão achei desnecessário). A amizade entre sua personagem e a vizinha ainda mais idosa é interessante.

    Apesar dos vários assuntos que aborda, incluindo erros, tragédias e paixões do passado, acho que o tema principal acaba sendo a solidão, “prima-irmão do tempo”, e por isso mesmo, apesar de ter um tom suave, como você disse, a história não deixa de ser triste.

    Espero que esse diretor faça mais filmes: até agora vi três deles, e gostei de todos. Vou tentar encontrar os outros.

    P.S.: Redford nunca foi meu galã preferido desses mais antigos (não curto muito loiros, embora ele esteja mais para ruivo), mas olhando as fotos que você postou, o homem era bonito! E tinha uma cabeleira de fazer inveja, mantida até hoje.

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