Truman

Nota: ★★★★

Truman, do diretor catalão Cesc Gay, co-produção Espanha-Argentina de 2015, tem sido elogiado por onde passa. Ganhou 28 prêmios, fora outras 29 indicações. Foi o grande vencedor do Goya, o troféu da Academia Espanhola, e do Gaudí, o corresponde catalão. Merece todos os elogios, todos os prêmios. É uma obra-prima. Um filmaço.

Trata de um dos temas mais duros, mais pesados, mais terríveis que há com um tom bem-humorado, gostoso, suave. É inteligente sem ser pernóstico. Sensibilíssimo sem ser sentimentalóide. Tem uma trama simples mas bem encadeada, bem montada, bem arquitetada, com coisas previsíveis e outras um tanto surpreendentes.

Fala de gente como a gente, como a imensa maioria das pessoas, e não de super-homens, modelos, milionários, bandidos.

E os atores – que atores! – nos brindam com interpretações excelentes, maravilhosas, brilhantes.

É cinema para gente grande, graças ao bom Deus, porque filme para adolescente tem demais da conta, saindo pelo ladrão.

Para mim, Truman foi uma gratíssima satisfação. Poucos dias antes, tínhamos visto o filme anterior de Cesc Gay, O Que os Homens Falam/Una Pistola em Cada Mano (2012), uma beleza, uma maravilha.

Truman confirma que esse sujeito é um diretor talentosíssimo, de mão cheia, dos melhores que há em ação hoje. Dá para garantir: Cesc Gay ainda vai brindar o mundo com outros filmes belíssimos como estes dois.

Só aos 18 minutos o filme escancara qual é seu tema principal

O site oficial do filme traz a seguinte sinopse, felizmente reproduzida pelo IMDb – uma beleza de sinopse escrita com sensibilidade, com cuidado de não antecipar o que não precisa ser antecipado, de não dar spoiler:

“Julián recebe (em Madri) a visita inesperada de seu amigo Tomás, que vive no Canadá. Os dois amigos, junto com Truman, o cachorro fiel de Julián, compartilharão, ao longo de quatro intensos dias, momentos emocionantes e surpreendentes provocados pela difícil situação que Julián está atravessando.”

Comentar um filme sem estragar o prazer do espectador que ainda não o viu é quase uma arte. Há dezenas e mais dezenas de exemplos de sinopses – nos jornais, revistas, nos guias de filmes, no próprio IMDb e outros bons sites – que revelam o que não deveria ser revelado.

Truman leva 18 de seus parcos 108 minutos para escancarar para o espectador o seu tema. Ora, se o roteiro original escrito pelo realizador e seu colaborador Tomàs Aragay (também co-autor do argumento e do roteiro do filme anterior, O Que os Homens Falam) foi costurado dessa maneira, não tem sentido adiantar de cara, sem aviso prévio ao pobre coitado do eventual leitor, o que vai acontecer.

Assim, vou relatar o que acontece no início da narrativa – e será necessário falar do tema que só é escancarado aos 18 minutos, mas aí o leitor será devidamente avisado de que virá spoiler.

Trumam, o personagem que dá o nome do filme, é bastante silencioso

As primeiras imagens são de um bairro residencial em cidade coberta de neve. Epa, não é Espanha – o espectador seguramente pensará, como Mary e eu pensamos e comentamos.

É manhãzinha. Chega um táxi e pára diante de uma das casas. Um homem de meia idade, aí de uns 40 e muitos ou 50 e poucos anos, careca, barba grisalha, se prepara para uma viagem – chama-se Tomás, veremos, e é interpretado por Javier Cámara. Olha o quarto em que dormem os dois filhos pequenos. Despede-se com um beijo da mulher que ainda está na cama.

Começam os créditos iniciais, que vão rolando sem muita pressa, enquanto Tomás empreende sua longa viagem – o táxi, o aeroporto, o avião, o vôo longo em que ele adormece, a chegada a outro aeroporto, mais um táxi, a entrada em um hotel.

Os créditos terminam quando Tomás chega ao prédio em que mora Julián, o papel de Ricardo Darín.

Julián não esperava, de forma alguma, a visita do maior amigo que mora do outro lado do oceano, no Canadá gelado. Mostra-se surpreso, mas contente, é claro, com a surpresa.

O começo da conversa entre os dois amigos que não se viam fazia certamente muito tempo é um tanto desajeitado, troncho: muito diferentemente do que acontece entre mulheres, os homens não ficam inteiramente à vontade quando conversam com os amigos homens. E aqui, nestes primeiros diálogos do filme, a direção segura, madura de Cesc Gay, e o talento dos dois atores, o espanhol e o argentino, proporcionam um absoluto show.

Essa coisa do comportamento dos homens, como os homens se relacionam com seus amigos mais íntimos, este é o tema do filme anterior do realizador catalão. Ele demonstra que entende profundamente do assunto.

Julián pergunta por que Tomás não avisou que viria. Tomás diz que Paula achou que seria melhor se ele viesse de surpresa, e então Julián diz que sabia que Tomás andava tramando coisas com a prima.

Paula, a prima de Julián, vai aparecer bastante, ao longo do filme. É a terceira personagem mais importante da história, e é interpretada pela bela Dolores Fonzi, nascida em Buenos Aires em 1978, a atriz de Paulina/La Patota, também de 2015, o mesmo ano de Truman.

A rigor, são quatro personagens fundamentais: primeiro Julián, depois Tomás, depois Paula, e logo em seguida Truman, o personagem título. Truman, interpretado por Troilo, é um bullmastiff, um cão, desses enormes, e, embora Julián converse bastante com ele, conte tudo de sua vida para ele, não é um personagem que fala muito.

Na verdade, Truman é um personagem bem silencioso. Não posso garantir, mas creio que ele não dá um latido alto sequer, ao longo de todo o filme que leva seu nome.

Julián fica bravo com o amigo que atravessou o oceano para vê-lo

Tomás diz que trouxe umas coisinhas para Julián, compradas no aeroporto: um uísque muito bom, uns chocolates, e tal.

Julián pergunta quantos dias ele vai ficar em Madri, ele diz que só quatro dias – precisará voltar ao trabalho logo. Pelo jeito, juntou um fim de semana com algum feriado. Aí rola o seguinte diálogo:

Julián: – “Você não veio para tentar me convencer de nada, não é?”

Tomás: – “Não fique na defensiva, Julián.”

Julián: – “A Paula te pediu para vir me ver e tentar me convencer. É isso?”

Tomás: – “Não. Eu vim porque queria ver você. Além disso… É verdade que quando você me disse o que tinha decidido eu pensei que talvez pudéssemos conversar um pouco, você e eu.”

Está na cara que ele quis dizer conversar pessoalmente, depois de uma conversa por telefone, um DDI, mas é que os homens não sabem mesmo direito se expressar, quando estão conversando sobre assuntos importantes com outros homens.

Julián, até então sorridente, feliz por rever o maior amigo, fecha a cara: – “Volte agora mesmo para o Canadá. Se veio com essa idéia, volte já. Pegue o chocolate, o uísque… Não, deixe o uísque!”

Julián, o espectador vai vendo isso o tempo todo, tem um humor excelente, extraordinário. Brinca com tudo, zomba de tudo, faz piada por qualquer motivo, ou sem motivo.

Tomás reage de forma firme, diz que veio para ficar quatro dias, e o amigo vai ter que aguentá-lo. Julián pergunta se ele tem dinheiro, porque ele mesmo está falido, e o visitante diz que eles podem fazer o que resolverem fazer.

Julián comenta com Truman, que assiste ao diálogo dos dois sem interferir: – “Viu, Truman? Vamos poder aproveitar, nos divertir!.”

Aos 18 minutos, repito, revela-se o tema da história, e, embora muitas sinopses possam ter antecipado tudo, eu tomo aqui o cuidado de avisar: se o eventual leitor ainda não viu o filme, e felizmente ainda não sabe o que vai acontecer em seguida, deveria parar de ler por aqui e ver o filme.

Uma beleza de filme.

Atenção: a partir daqui, spoiler. Quem não viu o filme deve parar por aqui

Não que seja um grande segredo. O espectador muito provavelmente já sabe do que se trata, quando chega nesse momento da narrativa – mesmo o que tenha o cuidado de evitar ler spoilers antes de se sentar para ver um filme.

Quando Truman está com 18 minutos, Julián e Tomás estão sentados num consultório, e o médico que vem cuidando de Julián (interpretado por Pedro Casablanc, o ator que faz o bispo Alfonso Carrillo de Acuña na excelente série Isabel, sobre a vida da Rainha Isabel de Castilla), diz a ele que é preciso recomeçar a quimioterapia.

E então Julián diz para o médico o que sua prima Paula já sabia, o que seu amigo Tomás já sabia, o que a sua ex-mulher Gloria (Elvira Mínguez) já sabia: ele tomou a decisão de parar o tratamento. Não vai tentar mais. Tinha feito o que era possível, mas o câncer tinha resolvido fazer turismo pelo seu corpo, e então ele tinha se decidido a não prosseguir.

Explica isso para o médico de forma tranquila. Está muito seguro do que está dizendo. Ao falar, usa aquela expressão brincalhona para se referir à metástase que havia sido diagnosticada – a doença tinha resolvido fazer turismo pelo seu corpo.

É o primeiro momento em que ele fala abertamente do assunto, e Tomás, sentado a seu lado, diante do médico, tenta contra-argumentar. Mas Julián está absolutamente firme em sua decisão.

Truman é mais um de uma augusta linhagem de filmes que defendem esse ponto

Outros belos filmes já fizeram antes a defesa da morte digna, da decisão de encurtar a fase terminal do sofrimento – e que maravilha que eles existam.

Recentemente, revi O Último Pistoleiro/The Shootist (1976), e fiquei impressionado como é forte, explícita, a defesa da eutanásia. O médico interpretado por James Stewart faz todo um discurso para o pistoleiro JB Books (o papel de John Wayne, que já havia, ele mesmo, tratado de um câncer, e viria a morrer da doença poucos anos depois), que termina assim:

– “Eu não morreria desse jeito que descrevi para você. Não se eu tivesse a sua coragem”.

Em seu belíssimo filme de 2004, Garota de Ouro/Million Dollar Baby, Clint Eastwood também fez uma corajosa defesa da morte digna, da eutanásia.

Em 1981, o diretor inglês John Badham fez um filme que é um panfleto em favor da eutanásia, a começar do título: De Quem é a Vida Afinal?/Whose Life is it Anyway?

A reconstituição de alguns episódios da vida do médico Jack Kervokian no filme Você Não Conhece Jack (2010), em que Al Pacino interpreta o defensor do suicídio assistido, é também uma bela peça em defesa do direito à morte digna.

O canadense As Invasões Bárbaras (2003), do diretor Denys Arcand, é outra importante obra sobre o tema.

Ainda bem que todos esses filmes existem.

É um completo absurdo que na maioria dos países ainda haja leis que restrinjam terrivelmente o direito de as pessoas decidirem, junto com seus médicos e suas famílias, quando pôr fim à vida que está sendo de extremo sofrimento, extrema dor.

O filme faz uma defesa clara, firme, de sua tese. Mas não é um panfleto

É impressionante, fascinante ver como Truman faz a defesa do direito à morte digna de uma maneira de fato bem-humorada, gostosa, suave.

Não é um panfleto. É um belíssimo filme, um drama com um bando de momentos bem humorados, até mesmo cômicos. Uma comédia dramática, uma dramédia – o nome do gênero pode ser qualquer um. Whatever.

A defesa do direito à opção é firme, forte, clara.

Mas não é um panfleto.

O filme defende a morte digna da mesma maneira com que Julián defende sua decisão: de forma tranquila, até bem humorada.

E ele age de forma tranquila, bem humorada, exatamente porque está muito firme em sua decisão.

Um sujeito chamado Andrew Parker escreveu no site Toronto Film Scene que o personagem principal de Truman é “a former jerk trying to make amends before he passes away” – um sujeito que já foi bobão, estúpido, tentando corrigir seus erros antes de morrer. Todo mundo tem o direito de dizer o que bem entender sobre absolutamente qualquer coisa, mas eu diria que esse Andrew Parker foi um perfeito jerk ao fazer essa afirmação.

Não poderia haver definição mais errada de Julián do que esta.

Julián, o personagem de Ricardo Darín, é uma boa pessoa, um sujeito benquisto

Muito ao contrário. Julián é uma boa pessoa, um sujeito bom caráter. Tanto que é uma pessoa benquista pelos outros. Dá-se bem com Gloria, a ex-mulher – eles se encontram por acaso, na rua, quando a narrativa já se aproxima do fim; é a única vez que ela aparece em cena, mas vemos que a relação dos dois é absolutamente amigável, cordial. Falam-se com alguma frequência, um sabe o que acontece na vida do outro. Dividem informações sobre o único filho que tiveram, Nico, garotão que agora está com 21 anos e estuda em Amsterdã.

(Parêntese: como tive a sorte grande de ser amigo das minhas ex-mulheres, adoro ver filmes em que as pessoas têm bom relacionamento com os ex. É o certo, é como deveria ser com todos.)

Tem o respeito e a amizade do dono do teatro em que está se apresentando – Julián é ator –, em uma versão cômica de Ligações Perigosas, de Chardelos de Laclos. O empresário (interpretado por José Luis Gómez) vai visitá-lo no camarim, depois da segunda apresentação a que o amigo Tomás assiste, para dizer que tinha acabado de saber da doença; queixa-se do fato de Julián não ter contado antes para ele. Afinal, considera-se um amigo do ator – faz questão de lembrar que foi ele que deu a Julián a primeira oportunidade, muitos anos antes, uma época em que ninguém dava papéis para atores vindos da Argentina para Madri.

O veterinário que cuida de Truman – a quem Julián enche de perguntas a respeito do comportamento dos animais, se eles sofrem com o luto, com a perda do dono – parece gostar dele, trata-o muito bem.

Gosta do filho, o Nico que está agora longe, na Holanda – e, o que é mais importante, Nico gosta muito do pai.

Claro, o cara não é um santo. Fez besteiras na vida, das quais se arrepende

Não é, de forma alguma, um jerk, um estúpido, um imbecil.

Não é também, evidentemente, um santo. Fez algumas besteiras na vida, das quais se arrepende, é claro. Por exemplo (e deve ter sido esse exemplo que ficou na cabeça do tal Andrew Park para defini-lo como um former jerk), comeu a mulher de um colega, um outro ator. O espectador fica sabendo disso quando, pela segunda vez, vê Julián e Tomás num restaurante, e também está presente ali alguém que o ator conhece.

Na primeira vez, os dois amigos estão almoçando, e Julián vê um casal de conhecidos que também o viu, mas fingiu que não viu (Francesc Orella e Ana Gracia). Isso o deixa puto dentro das calças. Sim, ele não é um santo, e não é perfeito. Fica com raiva do fato de o conhecido ter virado o rosto, fingindo não tê-lo visto, para não ter que falar com ele.

E então vai lá na mesa do casal para tirar satisfação, dar uma dura. Tipo: pô, cara, pra que fingir que não me viu? Poderia ter falado um oi, poderia até ter vindo até a minha mesa perguntar como eu estou.

No dia seguinte, estão de novo os dois amigos no restaurante, e Julián vê Luís (Eduard Fernández), o colega cuja mulher ele havia comido algum tempo atrás. Por causa daquele episódio de infidelidade da mulher, o casamento deles havia acabado. Então ele conta o caso para Tomás; teme que o outro o veja, e venha tirar satisfação, dar um esporro.

Na hora de ir embora, no entanto, argentino, latino, sangue quente, Julián não consegue se conter. Aproxima-se da mesa do sujeito em que havia botado chifre (para usar uma expressão que o personagem do próprio Ricardo Darín usa várias vezes em Una Pistola em Cada Mano, o primeiro filme em que o argentino trabalhou sob a direção do catalão), e pede desculpas pelo que fez.

Leva um baita tapa – com elegantíssima luva de pelica.

Luis, o colega que ele havia corneado, não se mostra em nada incomodado com o que passou – o que passou, passou. Pergunta como Julián está, demonstra genuíno interesse em saber da situação dele. Julián fica inteiramente desarmado diante da atitude civilizada, educada, gentil do colega. Pede desculpas mais uma vez – e Luis, que está acompanhado por uma bela mulher, Mónica (Silvia Abascal), até brinca, tipo “não foi nada; ainda bem que aquilo aconteceu, porque aí tive a oportunidade de conhecer Monica”.

É uma seqüência maravilhosa – belos atores, belo diálogo, numa bela situação que poderia acontecer na vida de qualquer um. Um episódio simples, um detalhinho – coisa que indica imensa sensibilidade do realizador, uma capacidade de observação do comportamento humano que não é toda hora que a gente vê.

Julián está num momento em que leva vida quase normal. Até bebe e fuma

Tudo bem: é preciso reconhecer, por mais que eu tenha me apaixonado pelo filme, que Cesc Gay e seu co-autor e roteirista Tomàs Aragay, puderam fazer um filme tão leve, bem humorado, porque desenharam um Julián que, apesar de ter feito tratamento razoavelmente bem sucedido para o câncer no pulmão, e de ter sofrido o revés da metástase, tem, naquele momento retratado no filme, uma vida quase normal. Praticamente normal. Sim, ele vai se assegurar de ter todos os remédios possíveis contra as dores que virão em breve; mais ainda, vai se assegurar de poder interromper o sofrimento quando ele vier com tudo – mas o fato é que, naqueles dias em que recebe a visita do grande amigo, está levando uma vida normal. Podendo beber (e bebe vinho, cerveja, uísque) e até mesmo fumar.

Aliás, como se fuma, em Truman! Os personagens fumam nos ambientes externos e internos. Fumam dentro dos bares de Madri e de Amsterdã.

Fuma-se em Truman como na primeira temporada de Mad Men, quando a ação se passa no final dos anos 50, inicinho dos 60, e todo mundo fumava. Fuma-se em Truman como se fumava nos filmes dos anos 40 com Bette Davis e Joan Crawford, ou nos filmes franceses do início dos anos 60. Fuma-se tanto em Truman que, na noite passada, depois de ver o filme, tive vários sonhos com cigarro – coisa que não tem sido comum, desde que fiquei limpo desse vício delicioso, há pouco menos do que o tempo que minha neta tem de vida.

Darín compareceu a exibições do filme em festivais com irmãs do cachorrão!      

Consta que Ricardo Darín leu o roteiro de Una Pistola en Cada Mano e rapidamente pediu ao realizador Cesc Gay para interpretar um dos oito papéis masculinos do filme.

É bem provável – dá até para dizer “certamente” – que o argentino e o catalão se deram muito bem, admiraram cada um o trabalho do outro. Porque a verdade é que o personagem de Julián poderia perfeitamente ser um espanhol, e ser representado por um espanhol – a Espanha tem dezenas de grandes atores.

Mas de fato Ricardo Darín e Cesc Gay devem ter gostado da experiência de trabalhar juntos, e isso explica por que Gay e Tomàs Aragay criaram um Julián argentino. De quebra, criaram a prima Paula, também argentina, um papel perfeito para a bela e talentosa Dolores Fonzi. Em Paulina/La Pelota, o outro filme que fez em 2015, tem uma atuação extraordinária; ELA é muito melhor do que o filme, na minha opinião, e também na de Mary.

A página do IMDb de Trivia sobre Truman (fatos, coincidências, anedotas, fofocas, detalhes sobre os bastidores) é pobre, tem apenas dois itens – mas são duas informações interessantes. Troilo, o cachorrão que interpreta o personagem título, já era bem idoso – como a gente pode ver no filme –, e então passou desta para melhor pouco depois do final das filmagens. Como resultado disso, Ricardo Darín andou frequentando alguns tapetes vermelhos mundo afora, nos festivais em que o filme foi apresentado, carregando na coleira… uma das irmãs de Troilo!

There’s no business like show business.

Mas – voltando a falar sério, depois dessa brincadeirinha – o que importa é que este aqui é um filmaço, uma obra-prima.

Já fiz previsões que se provaram erradas, mas também já acertei algumas vezes. E nesta previsão aqui eu aposto minhas fichas todas: esse rapaz Cesc Gay é grande, e vai fazer muitos outros grandes filmes.

Anotação em novembro de 2016

Truman

De Cesc Gay, Espanha-Argentina, 2015

Com Ricardo Darín (Julián), Javier Cámara (Tomás)

e Dolores Fonzi (Paula), Troilo (Truman), Alex Brendemühl (o veterinário), Pedro Casablanc (o médico de Julián), José Luis Gómez (o produtor, dono do teatro), Javier Gutiérrez (funcionário da funerária), Elvira Mínguez (Gloria, a ex-mulher de Julián), Oriol Pla (Nico, o filho),

Lucie Desclozeaux (Sophie), Eduard Fernández (Luis), Silvia Abascal (Mónica), Francesc Orella (o ator no restaurante), Ana Gracia (a atriz no restaurante), Nathalie Poza (mulher candidata à adoção), Àgata Roca (mulher candidata à adoção), Susi Sánchez (a outra mulher candidata à adoção)

Argumento e roteiro Cesc Gay e Tomàs Aragay

Fotografia Andreu Rebés

Música Nico Cota e Toti Soler

Montagem Pablo Barbieri Carrera

Casting Mireia Juárez

Produção Audiovisual Aval SGR, BD Cine, Canal+ España, Fox +, Generalitat de Catalunya, Impossible Films, Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA).

Cor, 108 min

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8 Comentários para “Truman”

  1. Um filmaço, sim senhor, emotivo e belissimo. Ainda se fabricam pérolas destas nestes tempos de imbecibilidade cinéfila.

Comentário

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